Hermenêutica Reconstrutiva de Habermas na Educação: perspectivas atuais
perspectivas atuais
Resumo
O trabalho problematiza a hermenêutica habermasiana como forma de produzir um olhar autocrítico no campo da educação. Para o desvelamento das contradições presentes no progresso técnico-científico, realizamos uma reflexão de origem hermenêutica e contra-hegemônica, no sentido de questionar as práticas homogêneas vigentes. As transformações na relação entre humanos e máquinas levantam questões sobre os efeitos do uso excessivo de tecnologia na vida moderna e na capacidade das pessoas de interpretar e encontrar significado em um mundo complexo. Essas ambiguidades e contradições da era digital estão enraizadas na interseção entre linguagem oral, tecnologia simbólica e ciências humanas. A super estimulação e a interconexão híbrida proporcionadas pelo uso das tecnologias digitais entram em conflito com a necessidade de calma e desaceleração para cultivar novas formas de existência, que promovam experiências hermenêuticas densas e sensíveis, como a criação de ambientes propícios à escuta atenta, à concentração e ao raciocínio conjunto, reconhecendo a complexidade inerente aos seres humanos. A necessidade de desacelerar e promover experiências de escuta e reflexão se choca com a super estimulação digital. A abordagem hermenêutica reconstrutiva na educação destaca a importância de uma interpretação crítica e profunda para lidar com esses desafios. Só pressupondo que existe uma circularidade dialógica no processo compreensivo, poderemos pensar em outras práticas abertas aos múltiplos discursos, que elucidam as contradições dos conhecimentos e a complexidade dos processos educacionais. A hermenêutica reconstrutiva permite discutir os contrapontos e as problemáticas ocultas das tradições culturais, expandindo os horizontes que ganham sentido no diálogo com o outro.
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