O funcionamento do equívoco no discurso literário: literal e(é) metafórico no conto ‘O homem podre’ de Natália Borges Polesso
Resumo
Neste artigo, filiadas à Análise do Discurso fundada por Michel Pêcheux, propomo-nos a analisar o conto ‘O homem podre’, de Natália Borges Polesso (2018), escritora brasileira contemporânea, pensando o discurso literário como o lugar em que a lógica binária que rege o ‘mundo semanticamente normal’ é suspensa e dá espaço para o equívoco, o absurdo e o non-sens. Para tanto, articulamos aos pressupostos teóricos da AD o conceito de revolução estética, tal como pensado por Jacques Rancière, a fim de configurar o que chamamos de Formação Discursiva Estética (FDE), região do interdiscurso cujos saberes prototípicos giram em torno do desmonte da ilusão de transparência e unidade. O processo pendular entre teoria e corpus próprio aos procedimentos analíticos da teoria do discurso mostrou que, no conto em análise, o efeito de questionamento das evidências está relacionado ao jogo equívoco entre a ilusão de literalidade, o metafórico e o metonímico. No texto, o literal insurge-se no lugar em que comumente o metafórico é esperado, de forma a implodir as barreiras entre o que seria o sentido ‘legítimo’ de uma dada palavra ou enunciado e o sentido tomado no senso comum como marginal. Esse procedimento estético flagra o real da língua, sempre dissimulado em outras formações discursivas, o que se desdobra em uma potência transgressora própria do artístico e do literário.
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