Linguagem e gênero: estereótipos, formas e variação linguística
Résumé
O dossiê temático “A emergência de gênero não-binário na América Latina” reúne 10 artigos sobre o surgimento de formas de gênero não binário em português, espanhol e italiano, além de 5 resenhas de livros recentes sobre o tema. Estudos empíricos sobre o fenômeno do gênero não binário ainda são escassos e dispersos, tanto em termos de motivação quanto de método. Esta lacuna dificulta a construção de um panorama sistemático e rigoroso, necessário para fundamentar debates públicos e políticas sobre o tema. Na ausência de pesquisas especializadas, as discussões públicas tendem a ser dominadas por ideologias baseadas em crenças de purismo linguístico e hegemonia de gênero. Os artigos e resenhas publicados neste dossiê evidenciam a necessidade de uma abordagem complexa e transdisciplinar para tratar adequadamente desta temática. O dossiê reúne resultados de pesquisas e análises que ajudam a compreender melhor este fenômeno linguístico e social emergente.
Téléchargements
Metrics
Références
Referências
Albuquerque, K. (2024). Linguagem neutra e gramática: a sociedade e as regras em movimento. Inventário, (33), 315-319.
Ambadiang, T. (1999). La flexión nominal: género y número. In I. Bosque & V. Demonte (Dir.), Gramática descriptiva de la lengua española (p. 4843-4914). Madrid, ES: Espasa-Calpe.
Baldez, D. S. (2024). Todes elus: uma análise sociolinguística sobre o emprego do gênero neutro no Twitter. Travessias Interativas, 14(31), 39-55. DOI: https://doi.org/10.51951/ti.v14i31.p39-55
Barbosa Filho, F. R. (2022). Projetos de Lei contrários à ‘linguagem neutra’ no Brasil. In F. R. Barbosa Filho & G. D. Á. Othero (Eds.), Linguagem “neutra”: língua e gênero em debate (p. 141-160). São Paulo, SP: Parábola.
Bezerra Júnior, A. S., Conceição, N. S., Gois, T. S., & Sousa, M. D. A. F. (2023). O processo de lexicalização de “fanfic”: uma análise no Twitter. Travessias Interativas, 13(28), 45-61. DOI: https://doi.org/10.51951/ti.v13i28.p45-61
Bohmann, A. (2016). Language change because Twitter? Factors motivating innovative uses of because across the English-speaking Twittersphere. In L. Squires (Ed.), English in computer-mediated communication: Variation, representation, and change (p. 149-178). Berlin, DE: De Gruyter Mouton.
Bonnin, J. E., & Coronel, A. A. (2021). Attitudes toward gender-neutral spanish: acceptability and adoptability. Frontiers in Sociology, 6, 629616. DOI: https://doi.org/10.3389/fsoc.2021.629616
Bradley, E. D., Salkind, J., Moore, A., & Teitsort, S. (2019). Singular 'they' and novel pronouns: gender-neutral, nonbinary, or both? Proceedings of the Linguistic Society of America, 4(1), 36-1. DOI: https://doi.org/10.3765/plsa.v4i1.4542
Brescancini, C. R., Gonçalves, C. S., Fernandes, D., Campos, J., Biasibetti, A. P. C. S., Bilharva, F., & Pinto, M. O. (2017). Sobre o potencial discriminante das propriedades de voz/fala na tarefa de comparação de locutores: um estudo de caso. Revista da Anpoll, 1(1), 12-27.
Brevilheri, U. B. L., Lanza, F., & Sartorelli, M. R. (2022). Neolinguagem e “linguagem neutra”: potencialidades inclusivas e/ou reações conservadoras. Research, Society and Development, 11(11), e523111133741. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33741
The Pronouns of Power and Solidarity. In T. A. Sebeoki (Ed.), Style in Language (p. 253-276). Cambridge, MA: MIT Press..
Cameron, D. (1998). Gender, Language and Discourse: A Review Essay. Signs, 23(4), 945-973.
Camilliere, S., Izes, A., Leventhal, O., & Grodner, D. (2021). They is changing: Pragmatic and grammatical factors that license singular they. Proceedings of the Annual Meeting of the Cognitive Science Society, 43. https://escholarship.org/uc/item/3tc9s9b0
Carvalho, D. S. (2021). A domesticação da gramática de gênero. São Paulo, SP: Pontes.
Corbett, G. G. (1991). Gender. Cambridge, GB: Cambridge University Press.
Dixon, J. (1987). The question of genres. In I. Reid (Ed.), The place of genre in learning: Current debates (p. 9-21). Geelong, AU: Typereader Publications.
Eberspächer, G. J. (2024). “Suplicantes”, de Elfriede Jelinek: a tradução do gênero em uma perspectiva feminista. Caligrama: Revista de Estudos Românicos, 29(2), 45-57. DOI: https://doi.org/10.17851/2238-3824.29.2.45-57
Fábregas, A. (2022). El género inclusivo: una mirada gramatical. Cuadernos de Investigación Filológica, 51, 25-46. DOI: https://doi.org/10.18172/cif.5292
Faria, C. B., & Tesch, L. M. (2023). A percepção sobre as formas de imperativo a partir dos quadrinhos da Turma da Mônica Jovem e Chico Bento Moço. Revista de Estudos da Linguagem, 31(2), 764-808. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.2.764-808
Freitag, R. M. K. (2015). (Re)Discutindo sexo/gênero na sociolinguística. In R. M. K. Freitag & C. G. Severo (Orgs.), Mulheres, linguagem e poder - estudos de gênero na sociolinguística brasileira (p. 17-74). São Paulo, SP: Blucher Open Access.
Freitag, R. M. K. (2016). Uso, crença e atitudes na variação na primeira pessoa do plural no Português Brasileiro. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, 32(4), 889-917. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-44506992907750337
Freitag, R. M. K. (2022). Conflito de regras e dominância de gênero. In F. R. Barbosa Filho & G. D. Á. Othero (Eds.), Linguagem “neutra”: língua e gênero em debate (p. 53-72). São Paulo, SP: Parábola.
Freitag, R. M. K. (2024). Não existe linguagem neutra! Gênero na sociedade e na gramática do português brasileiro. São Paulo, SP: Contexto.
Freitag, R. M. K., & Mendonça, J. J. (2020). Inclusão, cooperação e gênero. In D. Carvalho & D. Brito (Eds.), Gênero e lingua(gem): formas e usos (p. 123-144). Salvador, BA: EdUFBA.
Friedrich, M. C., Drößler, V., Oberlehberg, N., & Heise, E. (2021). The influence of the gender asterisk (“Gendersternchen”) on comprehensibility and interest. Frontiers in Psychology, 12, 760062. DOI: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.760062
Gil, A. S., & Morales, P. (2020). Tensiones y posiciones respecto de los usos del lenguaje: una batalla no solo cultural. Estudios: Filosofía Práctica e Historia de la Ideas, 22, 1-15.
Giró, J. L. M. (2020). El masculino inclusivo en español. Revista Española de Lingüística, 50(1), 35-64. DOI: http://dx.doi.org/10.31810/RSEL.50.1.2
Gomes, A. P. Q., Gomes, A. C. N., & Medeiros, B. S. (2021). Estrutura escalar em classes acionais - as propriedades aspectuais visíveis para a gramática. Diacrítica, 35(1), 78-103. DOI: https://doi.org/10.21814/diacritica.635
Gonçalves, D. T., & Gomes, C. A. (2021). Indexação social de gênero e sexualidade: contribuições aos estudos brasileiros. Diadorim, 23(1), 133-150. DOI: http://dx.doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n1a39666
Grieve, J., Montgomery, C., Nini, A., Murakami, A., & Guo, D. (2019). Mapping lexical dialect variation in British English using Twitter. Frontiers in Artificial Intelligence, 12(2), 11. DOI: https://doi.org/10.3389/frai.2019.00011
Guimarães, V. S. (2020). Inclusão na língua: as tentativas de neutralidade de gênero no português brasileiro. ABRALIN, 19(2), 1-5. DOI: https://doi.org/10.25189/rabralin.v19i2.1627
Gygax, P. M., Elmiger, D., Zufferey, S., Garnham, A., Sczesny, S., von Stockhausen, L., … Oakhill, J. (2019). A language index of grammatical gender dimensions to study the impact of grammatical gender on the way we perceive women and men. Frontiers in Psychology, 10, 1604. DOI: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2019.01604
Hellinger, M., & Bußmann, H. (2001). Gender across languages: the linguistic representation of women and men.Amsterdam: John Benjamins Publishing Company.
Kinsey, A. C., Pomeroy, W. R., & Martin, C. E. (2003). Sexual behavior in the human male. American Journal of Public Health, 93(6), 894-898. DOI: https://doi.org/10.2105/AJPH.93.6.894
Koeser, S., & Sczesny, S. (2014). Promoting gender-fair language: The impact of arguments on language use, attitudes, and cognitions. Journal of Language and Social Psychology, 33(5), 548-560. DOI: https://doi.org/10.1177/0261927X14541280
Körner, A., Abraham, B., Rummer, R., & Strack, F. (2022). Gender representations elicited by the gender star form. Journal of Language and Social Psychology, 41(5), 553-571. DOI: https://doi.org/10.1177/0261927X221080181
Leaper, C. (2014). Gender similarities and differences in language. In T. M. Holtgraves (Ed.), The Oxford handbook of language and social psychology (p. 62-82). New York: Oxford University Press.
Linares, L. B. (2019). Relación género/sexo y masculino inclusivo plural en español. Literatura y Lingüística, (40), 327-354. DOI: http://dx.doi.org/10.29344/0717621x.40.2070
López, Á. (2020). Cuando el lenguaje excluye: consideraciones sobre el lenguaje no binario indirecto. Cuarenta Naipes. Revista de Cultura y Literatura, 3, 295-312.
Maybaum, R. (2013). Language change as a social process: Diffusion patterns of lexical innovations in Twitter. Linguistic Society of America, 152-166. DOI: http://dx.doi.org/10.3765/bls.v39i1.3877
Mendonça, J. J., & Araujo, A. S. (2019). Evaluation of the pronouns ‘a gente’ and ‘tu’ and of the grammatical patterns of agreement. Revista de Estudos da Linguagem, 27(4), 1613-1648. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.27.4.1613-1648
Menegotto, A. (2020). Español 2G y español 3G: propiedades morfosintácticas y semánticas del lenguaje inclusivo. Cuarenta Naipes. Revista de Cultura y Literatura, 3, 207-232.
Miranda, M. J. R. (2020). Português para todes? Um diálogo entre a análise de discurso crítica e a sociolingüística sobre linguagem não binária [Bachelor’s tesis, Universidade de Brasília].
Moura, J. R. F. (2021). Língua (gem) e gênero neutro: uma perspectiva discursiva no português brasileiro. Línguas e Instrumentos Linguísticos, 24(47), 146-163. https://doi.org/10.20396/lil.v24i47.8660785
Nascimento, T. F., & Silva, M. G. T. (2024). Linguagem inclusiva e mudança linguística em tempo aparente: uma análise sociolinguística na cidade de Imperatriz/MA. Acta Scientiarum. Language and Culture, 46(1), e69738. DOI: https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v46i1.69738
Palma, A. G., Arellano, N., Celi, M. A., Chimenti, M. de los Á., De los Ríos, M., & Stetie, N. A. (2024). Lenguaje inclusivo: vademécum lingüístico. CUHSO, 34(1), 709-750. DOI: http://dx.doi.org/10.7770/cuhso-v34n1-art713
Pereira, D. K. F., & Silva, C. R. T. (2023). A realização de artigo feminino diante de antropônimo masculino: uma análise sociolinguística sobre o sentimento de inclusão de universitários recifenses. Revista de Estudos da Linguagem, 31(2), 616-635. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.2.616-635
Pereiro, M. C. C., & Barcia, S. R. (2013). Aspectos ideológicos, gramaticales y léxicos del sexismo lingüístico. Estudios Filológicos, (52), 7-27. DOI: http://dx.doi.org/10.4067/S0071-17132013000200001
Pesce, A., & Etchezahar, E. (2019). Actitudes y uso del lenguaje inclusivo según el género y la edad. Búsqueda, 6(23), e742. DOI: https://doi.org/10.21892/01239813.472
Pinheiro, A. F. C., & Pinheiro, B. F. M. (2021). Estratégias de neutralização de gênero no Português Brasileiro: questões estruturais e sociais. Cadernos de Linguística, 2(1), e326. DOI: https://doi.org/10.25189/2675-4916.2021.v2.n1.id326
Pinheiro, B. F. M., & Freitag, R. M. K. (2020). Estereótipos na concordância de gênero em profissões: efeitos de frequência e saliência. Linguística, 16(1), 85-107. DOI: https://doi.org/10.31513/linguistica.2020.v16n1a31637
Renström, E. A., Lindqvist, A., & Gustafsson Sendén, M. (2022). The multiple meanings of the gender‐inclusive pronoun hen: Predicting attitudes and use. European Journal of Social Psychology, 52(1), 71-90. DOI: https://doi.org/10.1002/ejsp.2816
Roca, I. M. (2006). La gramática y la biología en el género del español (2º parte). Revista Española de Lingüística, 35(2), 397-432.
Santos, A. L. P. (2019). Língua para todes: um olhar formal sobre a expressão do gênero gramatical no Português e a demanda pela língua(gem) inclusiva. Revista Ártemis, 28(1), 160-178. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2019v28n1.41827
Schwindt, L. C. (2020). Sobre gênero neutro em português brasileiro e os limites do sistema linguístico. ABRALIN, 19(1), 1-23. DOI: https://doi.org/10.25189/rabralin.v19i1.1709
Sczesny, S., Formanowicz, M., & Moser, F. (2016). Can gender-fair language reduce gender stereotyping and discrimination? Frontiers in Psychology, 7, 25. DOI: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2016.00025
Silva, G. V., & Soares, C. (2024). Inclusiveness beyond the (non)binary in romance languages: research and classroom implementation. New York, NY: Routledge.
Siqueira, M. (2023). Falantes (não) têm consciência da variação morfossintática. Revista de Estudos da Linguagem, 31(2), 578-615. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.2.578-615
Souza Junior, A. S. (2022). A linguagem neutra no português brasileiro: entre o debate linguístico e jurídico. Revista de Letras - Juçara, 6(1), 571-585. DOI: https://doi.org/10.18817/rlj.v6i1.2736
Stetie, N. A., & Zunino, G. M. (2022). Non-binary language in Spanish? Comprehension of non-binary morphological forms: a psycholinguistic study. Glossa: A Journal of General Linguistics, 7(1). DOI: https://doi.org/10.16995/glossa.6144
Tibblin, J., van de Weijer, J., Granfeldt, J., & Gygax, P. (2022). There are more women in joggeur·euses than in joggeurs: On the effects of gender-fair forms on perceived gender ratios in French role nouns. Journal of French Language Studies, 33(1), 28-51. DOI: https://doi.org/10.1017/S0959269522000217
Vellasco, B. A. (2024). Pânico moral e higienismo verbal: a rede metadiscursiva sobre “linguagem neutra” no Brasil (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Goiás, Goiânia.
Vergoossen H. P., Pärnamets P., Renström, E. A., & Gustafsson Sendén, M. (2020). Are new gender-neutral pronouns difficult to process in reading? The case of hen in Swedish. Frontiers in Psychology, 11, 574356. DOI: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.574356
Xiao, H., Strickland, B., & Peperkamp, S. (2022). How fair is gender-fair language? Insights from gender ratio estimations in French. Journal of Language and Social Psychology, 42(1), 82-106. DOI: https://doi.org/10.1177/0261927X221084643
Zunino, G. M., & Stetie, N. A. (2022). Binary or non-binary? Gender morphology in Spanish: Differences dependent on the task. ALFA, 66, e14546. DOI: https://doi.org/10.1590/1981-5794-e14546
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.