Identificação perceptivo-auditiva das sonorantes por crianças com e sem transtorno fonológico: efeito da subclasse e nível de gravidade

Résumé

Considerando que a literatura apresenta resultados divergentes sobre o desempenho perceptual de crianças com e sem transtorno fonológico (TF); o objetivo do estudo foi comparar o desempenho perceptivo-auditivo na identificação das sonorantes destas crianças, e analisar se haveria um efeito das subclasses (nasais, líquidas laterais e não laterais) e do nível de gravidade para as crianças com TF. Participaram 64 crianças, sendo 42 com e 22 sem TF, de quatro a oito anos, que realizaram o teste de identificação PERCEFAL envolvendo a classe das sonorantes. Os resultados mostraram que não houve diferenças perceptuais entre o grupo de crianças. Contudo, entre as crianças com TF, houve efeito do nível de gravidade e das subclasses. Crianças com nível severo apresentaram menor porcentagem de acertos e maior tempo de reação (TR) comparadas às demais. Além disso, para ambos os grupos, o TR dos acertos foi menor para as líquidas laterais do que para as nasais e líquidas não laterais. Conclui-se que o déficit perceptivo-auditivo observado está associado à gravidade do transtorno fonológico (TF), e não ao simples fato de pertencer ou não ao grupo clínico.  O efeito das subclasses  reforça que a dificuldade perceptiva não é homogênea, sugerindo a existência de distintas similaridades perceptuais na classe das sonorantes. A classe fonológica e o nível de gravidade deve ser levado em conta no processo de avaliação e reabilitação de crianças com TF.

Téléchargements

Les données sur le téléchargement ne sont pas encore disponible.

Références

American Psychiatric Association. (1995). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (4th ed.).

Assis, M.F., Cremasco, E. B.M.P., Silva, L.M., & Berti, L.C. (2021). Desempenho perceptivo-auditivo em crianças com e sem transtorno fonológico na classe das oclusivas. CoDAS, 33(2), 1-6. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20202019248

André, C., Ghio, A., Cavé, C., & Teston, B. (2009). PERCEVAL: Perception Evaluation Auditive & Visuelle (Version 5.0.30) [Computer software]. Aix-en-Provence.

Barton, D. (1980). Phonemic perception in children. In G. H. Yeni-Komshian, J. F. Kavanagh, & C. A. Ferguson (Eds.), Child phonology: Vol. 2. Perception (pp. 97–116). Academic Press.

Berti, L. C. (2017). Desempenho perceptivo-auditivo de crianças na identificação de contrastes fônicos. Alfa: Revista de Linguística, 61(1), 81–103. https://doi.org/10.1590/1981-5794-1704-4

Berti, L. C. (2017). PERCEFAL: Instrumento de avaliação da identificação de contrastes fonológicos. Audiology – Communication Research, 22, 1–9. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1727

Berti, L.C., Guilherme, J., Esperandino, C., & de Oliveira, A. (2020). Relationship between speech production and perception in children with Speech Sound Disorders. Journal of Portuguese Linguistics, 19(1), 1-13. https://doi.org/10.5334/jpl.244

Berti, L. C., Assis, M. F., Cremasco, E., & Cardoso, A. C. V. (2022). Speech production and speech perception in children with speech sound disorder. Clinical Linguistics & Phonetics, 36(4), 183–202. https://doi.org/10.1080/02699206.2021.1948609

Bird, J., & Bishop, D. (1992). Perception and awareness of phonemes in phonologically impaired children. European Journal of Disorders of Communication, 27(4), 289–311. https://doi.org/10.3109/13682829209012042

Brancalioni, A. R., Bertagnolli, A. P. C., Bonini, J. B., Gubiani, M. B., & Keske-Soares, M. (2012). A relação entre a discriminação auditiva e o desvio fonológico. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 24(2), 157–163. https://doi.org/10.1590/S2179-64912012000200012

Brosseau-Lapré, F., & Schumaker, J. (2020). Perception of correctly and incorrectly produced words in children with and without phonological speech sound disorders. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 63(12), 3961–3973. https://doi.org/10.1044/2020_JSLHR-20-00119

Carvalho, B. dos S. (2024). Avaliação perceptual da fala. In H. F. Wertzner, H. B. Mota, & M. Keske-Soares (Orgs.), Transtorno dos sons da fala (pp. 143–157). Pró-Fono.

Ceron, M. I., Gubiani, M. B., Oliveira, C. R., & Keske-Soares, M. (2017). Ocorrência do desvio fonológico e de processos fonológicos em aquisição fonológica típica e atípica. CoDAS, 29(3), 1–9. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20172015306

Ceron, M. I., Gubiani, M. B., Oliveira, C. R., & Keske-Soares, M. (2020). Instrumento de Avaliação Fonológica (INFONO): Estudo piloto. CoDAS, 32(4), 1–13. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20202019105

Cremasco, E. B. M. P., Assis, M. F., & Berti, L. C. (2021). Identificação de contrastes fricativos do português brasileiro em crianças com e sem distúrbios dos sons da fala. Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras, 24(4), 686–700. https://doi.org/10.15210/rle.v24i4.21985

Hazan, V., & Barrett, S. (2000). The development of phonemic categorization in children aged 6–12. Journal of Phonetics, 28(4), 377–396. https://doi.org/10.1006/jpho.2000.0121

Hearnshaw, S., Baker, E., & Munro, N. (2018). The speech perception skills of children with and without speech sound disorder. Journal of Communication Disorders, 71, 61–71. https://doi.org/10.1016/j.jcomdis.2017.12.004

Keske-Soares, M., Mota, H. B., Pagliarin, K. C., & Ceron, M. I. (2007). Estudo sobre os ambientes favoráveis à produção da líquida não-lateral /r/ no tratamento do desvio fonológico. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 12(1), 48–54. https://doi.org/10.1590/S1516-80342007000100010

McReynolds, L. V., Kohn, J., & Williams, G. C. (1975). Articulatory-defective children’s discrimination of their production errors. Journal of Speech and Hearing Disorders, 40(3), 327–338. https://doi.org/10.1044/jshd.4003.327

Mota, H. B. (2001). Os desvios fonológicos. In H. B. Mota (Org.), Terapia fonoaudiológica para os desvios fonológicos. RevinteR.

Munson, B., Edwards, J., & Beckman, M. E. (2005). Phonological knowledge in typical and atypical speech-sound development. Topics in Language Disorders, 25(3), 190–206. https://doi.org/10.1097/00011363-200507000-00003

Patah, L. K., & Takiuchi, N. (2008). Prevalência das alterações fonológicas e uso dos processos fonológicos em escolares aos sete anos. Revista CEFAC, 10(2), 158–166. https://doi.org/10.1590/S1516-18462008000200004

Penido, F. A., & Rothe-Neves, R. (2013). Percepção da fala em desenvolvimento: uma retrospectiva. Verba Volant, 4(1), 117–140.

Ribas, L. P., Faleiro, A., Bernardi, A. C. S., & Lemmertz, M. L. C. (2022). Aquisição fonológica do português brasileiro: Revisão sistemática sobre o desenvolvimento das consoantes. Distúrbios da Comunicação, 34(1), 1–13. https://doi.org/10.23925/2176-2724.2022v34i1e53900

Rvachew, S., & Jamieson, D. G. (1989). Perception of voiceless fricatives by children with a functional articulation disorder. Journal of Speech and Hearing Disorders, 54(2), 193–203. https://doi.org/10.1044/jshd.5402.193

Santos-Carvalho, B., Mota, H. B., Keske-Soares, M., & Attoni, T. M. (2010). Habilidades de discriminação auditiva em crianças com desvios fonológicos evolutivos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, 22(3), 311–316. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000300026

Shriberg, L. D., & Kwiatkowski, J. (1982). Phonological disorders III: A procedure for assessing severity of involvement. Journal of Speech and Hearing Disorders, 47(3), 256–270. https://doi.org/10.1044/jshd.4703.256

Shriberg, L. D., Austin, D., Lewis, B. A., McSweeny, J. L., & Wilson, D. L. (1997). The percentage of consonants correct (PCC) metric: Extensions and reliability data. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 40(4), 708–722. https://doi.org/10.1044/jslhr.4004.708

Silva, T. C., Seara, I., Silva, A., Rauber, A. S., & Cantoni, M. M. (2019). Fonética acústica: Os sons do português brasileiro. Universidade Federal de Minas Gerais.

Viaro, M. E., & Guimarães-Filho, Z. O. (2007). Análise quantitativa da frequência dos fonemas e estruturas silábicas portuguesas. Estudos Linguísticos, 36, 27–36.

Soares, A. K. A., & Giacchini, V. (2024). Caracterização dos transtornos fonológicos. In H. F. Wertzner, H. B. Mota, & M. Keske-Soares (Orgs.), Transtorno dos sons da fala. Pró-Fono.

Wertzner, H. F., Amaro, L., & Teramoto, S. S. (2005). Gravidade do distúrbio fonológico: Julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, 17(2), 185–194. https://doi.org/10.1590/S0104-56872005000200007

Wertzner, H. F., Francisco, D. T., & Pagan-Neves, L. O. (2012). Fatores causais e aplicação de provas complementares relacionadas à gravidade no transtorno fonológico. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 17(3), 299–303. https://doi.org/10.1590/S1516-80342012000300011

Wertzner, H. F., Pulga, M. J., & Pagan-Neves, L. O. (2014). Habilidades metafonológicas em crianças com transtorno fonológico: A interferência da idade e da gravidade. Audiology – Communication Research, 19(3), 243–251. https://doi.org/10.1590/S2317-64312014000300007

Publiée
2025-12-03
Comment citer
Domingues, I. R., Assis , M. F. de, & Berti, L. C. (2025). Identificação perceptivo-auditiva das sonorantes por crianças com e sem transtorno fonológico: efeito da subclasse e nível de gravidade. Acta Scientiarum. Language and Culture, 47(2), e76551. https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v47i2.76551
Rubrique
Dossiê Linguística - "Instabilidades da linguagem"

 

0.1
2019CiteScore
 
 
45th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.1
2019CiteScore
 
 
45th percentile
Powered by  Scopus