PERCEPÇÃO DOS LIMITES DE CIVILIDADE E INVASÃO DE ESPAÇO PESSOAL NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA FEDERAL
Resumo
Objetivou-se identificar a percepção dos limites de civilidade e de invasão de espaço pessoal no ambiente organizacional do serviço público, a relação entre estas duas variáveis, além de verificar se há diferenças de percepção por perfil dos participantes e por quem declarou já ter sofrido algum tipo de assédio moral ou sexual. Trata-se de estudo teórico-empírico, descritivo com recorte transversal e abordagem quantitativa, por meio de aplicação de questionário eletrônico com 434 servidores de uma instituição legislativa federal, e dados analisados com estatística descritiva e inferencial. Os participantes preferem ser cumprimentados com olhares e saudações e se sentem mais desconfortáveis com toques em membros inferiores. Foram identificadas diferenças significativas em relação ao gênero, ter sofrido assédio sexual e vínculo funcional para alguns aspectos e óticas da civilidade e da proxêmica, enquanto a orientação sexual e ter sofrido assédio moral não apresentou diferenças significativas. Constatou-se que quanto maior a percepção de civilidade maior é o limite aceitável no espaço pessoal. Os resultados permitem subsídios para iniciativas de gestão de pessoas que visem maximizar o bem-estar dos servidores públicos, em especial aos que já tenham sofrido assédio sexual, cujas respostas diferiram do grupo geral.
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