Prevalência de cesárea e fatores associados em um município da amazônia brasileira

Palavras-chave: Cesárea, COVID-19, Saúde da Mulher, Prevalência

Resumo

Objetivo: analisar a prevalência e os fatores associados à realização de cesarianas em um município no interior da Amazônia Ocidental Brasileira. Método: trata-se de um estudo transversal e retrospectivo, com dados secundários de nascimentos em Cruzeiro do Sul, Acre, no período de 2018 a 2021, coletados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC). Utilizou-se a regressão de Poisson para calcular razões de prevalência brutas e ajustadas com seus respectivos intervalos de confiança. Análises estatísticas foram realizadas no software Stata, versão 17.0, adotando-se um nível de significância de p <0,05. Resultados: analisou-se 11.770 nascimentos, dos quais 49,96% ocorreram por meio de cesariana. A maior prevalência foi registrada em 2020 (56,24%), seguida de redução em 2021 (53,09%). A cesariana apresentou maior ocorrência em mães com idade superior a 40 anos, brancas, que trabalharam fora e entre aquelas com cesárea anterior. Em contrapartida, a menor prevalência foi observada entre mães que trabalhavam na agricultura, eram solteiras ou realizaram poucas consultas de pré-natal. Entre as características neonatais associadas à cesariana, destacam-se baixo peso ao nascer e Apgar no 1º e 5º minutos. Conclusão: a prevalência de cesárea excede as recomendações internacionais, sendo influenciada por fatores maternos, neonatais e pelo contexto pandêmico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Kaúle Lanay Souza Araújo, Universidade Federal do Acre

Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal do Acre (UFAC). Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. E-mail: kaule.araujo@sou.ufac.br.

Ana Luiza Barbosa Lima, Universidade Federal do Acre

Acadêmica de Enfermagem. UFAC. Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. E-mail: ana.luiza.b.l@sou.ufac.br.

Izabele Araújo Gomes, Universidade Federal do Acre

Acadêmica de Enfermagem. UFAC. Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. E-mail: izabele.gomes@sou.ufac.br.

Kleynianne Medeiros de Mendonça Costa , Universidade Federal do Acre

Enfermeira. Doutora em ciências. Professora Curso de Bacharelado em Enfermagem. Coordenadora local e Docente da pós-graduação no PROFSAUDE na UFAC, Campus Floresta. Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. E-mail: kleynianne.costa@ufac.br.

Maria Tamires Lucas dos Santos , Universidade Federal do Acre

Enfermeira. Doutora em ciências. Professora Curso de Bacharelado em Enfermagem. Docente da pós-graduação no PROFSAUDE na UFAC, Campus Floresta. Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. E-mail: maria.lucas@ufac.br.

Raquel da Rocha Paiva Maia, Universidade Federal do Acre

Enfermeira. Doutora em Ciências. Professora da graduação e pós-graduação da Enfermagem e Saúde Coletiva na UFAC, Rio Branco, Acre, Brasil. Rio Branco, Acre, Brasil. E-mail: enferkel@bol.com.br.

Vanizia Barboza da Silva Maciel, Universidade Federal do Acre

Enfermeira. Doutora em ciências. Professora e coordenadora do Curso de Bacharelado em Enfermagem. Docente da pós-graduação no PROFSAUDE na UFAC, Campus Floresta. Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. E-mail: vanizia.silva@ufac.br.

Referências

World Health Organization. WHO Statement on Caesarean Section Rates [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [citado em 21 mar 2024]. Disponível em: https://www.who.int/news-room/questions-and-answers/item/who-statement-on-caesarean-section-rates-frequently-asked-questions.

Boerma T, Ronsmans C, Melesse DY, Barros AJD, Barros FC, Juan L, et al. Global epidemiology of use of and disparities in caesarean sections. Lancet. 2018;392(10155):1341–1348. DOI: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(18)31928-7.

World Health Organization. Caesarean section rates continue to rise, amid growing inequalities in access [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [citado em 20 out 2025]. Disponível em: https://www.who.int/news/item/16-06-2021-caesarean-section-rates-continue-to-rise-amid-growing-inequalities-in-access.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Diretrizes de Atenção à gestante: a operação cesariana [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2015 [citado em 2024 jun 11]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2016/relatorio_diretrizes-cesariana_final.pdf.

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - SINASC: consulta sobre microdados [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2024 [citado em 11 jun 2024]. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/nascidos-vivos-desde-1994.

World Health Organization. Timeline: WHO's COVID-19 response [Internet]. Geneva: WHO; 2022 [citado em 20 out 2025]. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/interactive-timeline#.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico Especial: doença pelo Novo Coronavírus – COVID-19 [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2022 [citado em 21 mar 2024]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/covid-19/2022/boletim-epidemiologico-no-95-boletim-coe-coronavirus.pdf.

Prefeito de Cruzeiro do Sul, no AC, confirma os dois primeiros casos de Covid-19 na cidade [Internet]. G1. 2020 [citado em 21 mar 2024]. Disponível em: https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2020/04/12/prefeito-de-cruzeiro-do-sul-no-ac-confirma-os-dois-primeiros-casos-de-covid-19-na-cidade.ghtml.

Silva CEB, Guida JPS, Costa ML. Increased cesarean section rates during the COVID-19 pandemic: Looking for reasons through the Robson Ten Group Classification System. Rev Bras Ginecol Obstet. 2023;45(7):e371–376. DOI: http://doi.org/10.1055/s-0043-1772182.

Ferreira DP, Bolognani C, Santana LA, Fernandes SES, de Moraes MSF, Fernandes LAS, et al. Impact of the COVID-19 pandemic on births, vaginal deliveries, cesarian sections, and maternal mortality in a Brazilian metropolitan area: A time-series cohort study. Int J Womens Health. 2023;15:1693–1703. DOI: http://doi.org/10.2147/ijwh.s429122.

Leal MC, Esteves-Pereira AP, Bittencourt SA, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Leite TH, et al. Protocol of Birth in Brazil II: National Research on Abortion, Labor and Childbirth. Cad Saude Publica. 2024;40(4):e00036223. DOI: http://doi.org/10.1590/0102-311XPT036223.

Zhang J, Zhang Y, Ma Y, Ke Y, Huo S, He L, et al. The associated factors of cesarean section during COVID-19 pandemic: a cross-sectional study in nine cities of China. Environ Health Prev Med. 2020;25(1):60. DOI: https://doi.org/10.1186/s12199-020-00899-w.

Trinh LTT, Achat HM, Pesce A. Caesarean sections before and during the COVID-19 pandemic in western Sydney, Australia. J Obstet Gynaecol. 2023;43(2). DOI: http://doi.org/10.1080/01443615.2023.2265668.

Carrasco I, Muñoz-Chapuli M, Vigil-Vázquez S, Aguilera-Alonso D, Hernández C, Sánchez-Sánchez C, et al. SARS-COV-2 infection in pregnant women and newborns in a Spanish cohort (GESNEO-COVID) during the first wave. BMC Pregnancy Childbirth. 2021;21(1):326. DOI: http://doi.org/10.1186/s12884-021-03784-8.

Villar J, Ariff S, Gunier RB, Thiruvengadam R, Rauch S, Kholin A, et al. Maternal and neonatal morbidity and mortality among pregnant women with and without COVID-19 infection: The INTERCOVID multinational cohort study. JAMA Pediatr. 2021;175(8):817-826. DOI: http://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2021.1050.

Wu Y, Liu C, Dong L, Zhang C, Chen Y, Liu J, et al. Coronavirus disease 2019 among pregnant Chinese women: case series data on the safety of vaginal birth and breastfeeding. BJOG. 2020;127(9):1109–1115. DOI: http://doi.org/10.1111/1471-0528.16276.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Panorama do Censo 2022 [Internet]. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); 2022 [citado em 13 out 2023]. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/?utm_source=ibge&utm_medium=home&utm_campaign=portal.

Brasil. Ministério da Saúde. Covid-19 - Casos e Óbitos [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2024 [citado em 11 jun 2024]. Disponível em: https://infoms.saude.gov.br/extensions/covid-19_html/covid-19_html.html.

Paiva ADCPC, Reis PVD, Paiva LC, Diaz FBBDS, Luiz FS, Carbogim FDC. From decision to cesarian: the woman perspective. R. Enferm. Cent. O. Min. 2019;9:e3115. DOI: https://doi.org/10.19175/recom.v9i0.3115.

Gharacheh M, Kalan ME, Khalili N, Ranjbar F. An increase in cesarean section rate during the first wave of COVID-19 pandemic in Iran. BMC Public Health. 2023;23(1):936. DOI: http://dx.doi.org/10.1186/s12889-023-15907-1.

Huerta Saenz IH, Elias Estrada JC, Campos Del Castillo K, Muñoz Taya R, Coronado JC. Maternal and perinatal characteristics of pregnant women with COVID-19 in a national hospital in Lima, Peru. Rev Peru Ginecol Obstet. 2020;66(2). DOI: http://doi.org/10.31403/rpgo.v66i2245.

Debrabandere ML, Farabaugh DC, Giordano C. A Review on Mode of Delivery during COVID-19 between December 2019 and April 2020. Am J Perinatol. 2021;38(4):332–341. DOI: http://doi.org/10.1055/s-0040-1721658.

Bhatia K, Columb M, Bewlay A, Eccles J, Hulgur M, Jayan N, et al. The effect of COVID‐19 on general anaesthesia rates for caesarean section. A cross‐sectional analysis of six hospitals in the north‐west of England. Anaesthesia. 2021;76(3):312–319. DOI: http://doi.org/10.1111/anae.15313.

Yalçin SS, Boran P, Tezel B, Şahlar TE, Özdemir P, Keskinkiliç B, et al. Effects of the COVID-19 pandemic on perinatal outcomes: a retrospective cohort study from Turkey. BMC Pregnancy Childbirth. 2022;22(1):51. DOI: http://doi.org/10.1186/s12884-021-04349-5.

Abdallah W, Abi Tayeh G, Cortbaoui E, Nassar M, Yaghi N, Abdelkhalek Y, et al. Cesarean section rates in a tertiary referral hospital in Beirut from 2018 to 2020: Our experience using the Robson Classification. Int J Gynaecol Obstet. 2022;156(2):298–303. DOI: http://doi.org/10.1002/ijgo.13653.

Eleje GU, Ugwu EO, Enebe JT, Okoro CC, Okpala BC, Ezeora NC, et al. Cesarean section rate and outcomes during and before the first wave of COVID-19 pandemic. Sage Open Med. 2022;10:. DOI: http://doi.org/10.1177/20503121221085453.

Gonzales AR, Ferreira MES. Efeito da pandemia de COVID-19 sobre as taxas de cesárea no Brasil: análise segundo características sociodemográficas para o período de 2016 a 2021 [Internet]. In: XXII Encontro Nacional de Estudos Populacionais; 2022 nov; Salvador, Brasil. [citado em 5 jun 2024]. Disponível em: https://www.encontro2022.abep.org.br/arquivo/download?ID_ARQUIVO=11299.

Omar M, Youssef MR, Trinh LN, Attia AS, Elshazli RM, Jardak CL, et al. Excess of cesarean births in pregnant women with COVID‐19: a meta‐analysis. Birth. 2022;49(2):179–193. DOI: http://doi.org/10.1111/birt.12609.

Abedzadeh-Kalahroudi M, Sehat M, Vahedpour Z, Talebian P. Maternal and neonatal outcomes of pregnant patients with COVID‐19: A prospective cohort study. Int J Gynaecol Obstet. 2021;153(3):449–456. DOI: http://doi.org/10.1002/ijgo.13661.

Ferracioli GV, Salci MA, Varela PLR, Melo WA, Fernandes CAM, Moroskoski M, et al. Factors associa ted with cesarean births without clinical inication: according to robson classification. Cienc. cuid. saúde. 2024;23:e68077. DOI: https://doi.org/10.4025/ciencuidsaude.v23i0.68077.

Publicado
2025-12-04
Como Citar
Araújo, K. L. S., Lima, A. L. B., Gomes, I. A., Costa , K. M. de M., dos Santos , M. T. L., Maia, R. da R. P., & Maciel, V. B. da S. (2025). Prevalência de cesárea e fatores associados em um município da amazônia brasileira. Ciência, Cuidado E Saúde, 24(1). https://doi.org/10.4025/ciencuidsaude.v24i1.76173
Seção
Artigos originais