Aspectos éticos das intervenções psicológicas online no Brasil: Situação atual e desafios
Resumo
As intervenções psicológicas on-line foram regulamentadas no Brasil em 2000, sendo a última atualização em 2012, com a Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) No 011/2012. O principal avanço foi permitir a orientação psicológica on-line, limitada a 20 sessões. Contudo as implicações de intervenções psicológicas on-line e suas regulamentações ainda não receberam a devida atenção na literatura brasileira especializada. Assim, o objetivo deste artigo é analisar pontos críticos da Resolução CFP No 011/2012. Tais pontos são discutidos à luz de estudos internacionais sobre psicoterapia on-line e comparados a regulamentações vigentes em outros países. A análise indicou que atendimentos on-line já estão bem estabelecidos em países como Suécia, Austrália, Holanda e Reino Unido, apoiados em estudos empíricos sobre eficácia, efetividade e aspectos éticos como sigilo e confidencialidade. Conclui-se que as orientações do CFP acompanham, em certa medida, as políticas e as ações de associações e de órgãos profissionais de outros países. Mesmo assim, há elementos que precisam ser atualizados, como definir o que é orientação psicológica, clarificar como podem ser contabilizados os encontros assíncronos, especificar situações contempladas pela Resolução, estabelecer número de encontros virtuais para clientes em viagem ou impossibilitados de comparecer presencialmente e informar parâmetros a partir dos quais os honorários poderão ser estabelecidos. Por fim, argumenta-se a pertinência de algum tipo de certificação para psicólogos que ofereçam serviços on-line, considerando que a interface com a tecnologia amplia o campo profissional e o alcance do atendimento psicológico.
Downloads
Referências
American Counseling Association. (2014). Code of Ethics. Retrieved from http://www.counseling.org/resources/aca-code-of-ethics.pdf
American Mental Health Counselors Association. (2010). AMHCA Code of Ethics. Retrieved from http://www.amhca.org/assets/content/AMHCA_Code_of_Ethics_2010_update_1-20-13_COVER.pdf
American Psychological Association. (2002). Ethical principles of psychologists and code of conduct. American Psychologist, 57(12), 1060–1073. http://doi.org/10.1037/0003-066X.57.12.1060
Andersson, G. (2009). Using the Internet to provide cognitive behaviour therapy. Behaviour Research and Therapy, 47(3), 175–180. http://doi.org/10.1016/j.brat.2009.01.010
Andersson, G., Cuijpers, P., Carlbring, P., Riper, H., & Hedman, E. (2014). Guided Internet-based vs. face-to-face cognitive behavior therapy for psychiatric and somatic disorders: a systematic review and meta-analysis. World Psychiatry, 13(3), 288–295. http://doi.org/10.1002/wps.20151
APA. (2006). Evidence-based practice in psychology. American Psychologist, 61(4), 271–285. http://doi.org/10.1037/0003-066X.61.4.271
APA. (2009). President’s column: Vision for the future of psychology practice. Retrieved from http://www.apa.org/monitor/2009/02/pc.aspx
Canadian Psychological Association. (2006). Draft ethical guidelines for psychologists providing psychological services via electronic media. Retrieved from http://www.cpa.ca/aboutcpa/committees/ethics/psychserviceselectronically
CFP. (2000). Resolução CFP N. 003/2000. Retrieved from http://www.crprs.org.br/upload/legislacao/legislacao40.pdf
CFP. (2005). Resolução CFP N. 012/2005. Retrieved from http://cadastrosite.cfp.org.br/docs/resolucao2005_12.pdf
CFP. (2012). Resolução CFP N. 011/2012. Retrieved from http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/Resoluxo_CFP_nx_011-12.pdf
Cook, D. A., Levinson, A. J., & Garside, S. (2010). Time and learning efficiency in Internet-based learning: a systematic review and meta-analysis. Advances in Health Sciences Education, 15(5), 755–770. http://doi.org/10.1007/s10459-010-9231-x
Donnamaria, C. P., & Terzis, A. (2011). Experimentando o dispositivo terapêutico de grupo via internet: primeiras considerações de manejo e desafios éticos. Revista Da SPAGESP, 12(2), 17–26.
Dowling, M., & Rickwood, D. (2013). Online Counseling and Therapy for Mental Health Problems: A Systematic Review of Individual Synchronous Interventions Using Chat. Journal of Technology in Human Services, 31(1), 1–21. http://doi.org/10.1080/15228835.2012.728508
Finn, J., & Barak, A. (2010). A descriptive study of e-counsellor attitudes, ethics, and practice. Counselling and Psychotherapy Research, 10(4), 268–277. http://doi.org/10.1080/14733140903380847
Gainsbury, S., & Blaszczynski, A. (2011). A systematic review of Internet-based therapy for the treatment of addictions. Clinical Psychology Review, 31(3), 490–498. http://doi.org/10.1016/j.cpr.2010.11.007
Hedman, E., Ljótsson, B., & Lindefors, N. (2012). Cognitive behavior therapy via the Internet: a systematic review of applications, clinical efficacy and cost-effectiveness. Expert Review of Pharmacoeconomics & Outcomes Research, 12(6), 745–764. http://doi.org/10.1586/erp.12.67
Higgins, C., Dunn, E., & Conrath, D. (1984). Telemedicine: an historical perspective. Telecommunications Policy, 8(4), 307–313. http://doi.org/10.1016/0308-5961(84)90044-2
International Union of Psychological Science. (2014). Universal Declaration of Ethical Principles for Psychologists. Retrieved from http://www.iupsys.net/about/governance/universal-declaration-of-ethical-principles-for-psychologists.html
Loucas, C. E., Fairburn, C. G., Whittington, C., Pennant, M. E., Stockton, S., & Kendall, T. (2014). E-therapy in the treatment and prevention of eating disorders: A systematic review and meta-analysis. Behaviour Research and Therapy, 63, 122–131. http://doi.org/10.1016/j.brat.2014.09.011
Newman, M. G., Szkodny, L. E., Llera, S. J., & Przeworski, A. (2011). A review of technology-assisted self-help and minimal contact therapies for anxiety and depression: Is human contact necessary for therapeutic efficacy? Clinical Psychology Review, 31(1), 89–103. http://doi.org/10.1016/j.cpr.2010.09.008
Pieta, M. A. M. (2014). Psicoterapia pela Internet: A relação terapêutica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Pieta, M. A. M., & Gomes, W. B. (2014). Psicoterapia pela Internet: viável ou inviável? Psicologia: Ciência E Profissão, 34(1), 18–31. http://doi.org/10.1590/S1414-98932014000100003
Proudfoot, J., Klein, B., Barak, A., Carlbring, P., Cuijpers, P., Lange, A., … Andersson, G. (2011). Establishing guidelines for executing and reporting internet intervention research. Cognitive Behaviour Therapy, 40(2), 82–97. http://doi.org/10.1080/16506073.2011.573807
Pruitt, L. D., Luxton, D. D., & Shore, P. (2014). Additional clinical benefits of home-based telemental health treatments. Professional Psychology: Research and Practice, 45(5), 340–346. http://doi.org/10.1037/a0035461
Roberge, P., Fournier, L., Menear, M., & Duhoux, A. (2014). Access to psychotherapy for primary care patients with anxiety disorders. Canadian Psychology/Psychologie Canadienne, 55(2), 60–67. http://doi.org/10.1037/a0036317
Suler, J. (2002). The future of online clinical work. Journal of Applied Psychoanalytic Studies, 4(2), 265.
The British Psychological Society. (2009). The provision of psychological services via the internet and other non-direct means (2nd ed.). Leicester: Author.
The British Psychological Society. (2013). Ethic guidelines for Internet-mediated research. Retrieved from http://www.bps.org.uk/system/files/Public%20files/inf206-guidelines-for-internet-mediated-research.pdf
The New Zealand Association of Counsellors. (2012). Code of Ethics. Retrieved from http://www.nzac.org.nz/code_of_ethics.cfm
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.







