FAMÍLIA E BIOPOLÍTICA: A DESTRUIÇÃO DA INTIMIDADE NAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
Resumo
O presente artigo busca problematizar a instituição familiar contemporânea partindo de uma abordagem histórica que remonta ao período de consolidação do modelo familiar burguês. Optou-se por analisar a instituição familiar na perspectiva das relações de poder tal como proposto por Michel Foucault. Especificamente, foi utilizada a concepção do autor de biopolítica, uma vertente do poder que se dirige às especificidades do corpo vivo. Para tanto, foi selecionada a questão da sexualidade como elemento historicamente presente nas transformações do modelo familiar: de uma família fechada sobre si e na qual a sexualidade era velada e reprimida, passou-se à família atual na qual estes mesmos temas ganham visibilidade e discussão em um espaço ampliado. Em seguida, questionam-se os efeitos da abertura familiar por uma intervenção biopolítica. Por fim, foi possível demonstrar que está em curso uma destruição sistemática da intimidade iniciada pelas intervenções biopolíticas e protagonizada por aqueles que resistem, de algum modo, às determinações do poder.
Downloads
Referências
Ariès. P. (1981). História social da criança de da família. Rio de Janeiro: LTD.
Brossat, A. (2010). Droit à la vie? Paris: Édition Du Seuil.
Cúnico, S. D. & Arpini, D. M. (2013). A família em mudanças: desafios para a paternidade contemporânea. Pensando famílias, 17(1), p. 28-40.
Donzelot, J. (1986). A Polícia das famílias. Rio de Janeiro: Edições Graal.
Foucault, M. (1996). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal.
Foucault, M. (1999). Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, M. (2014). Ditos e escritos IX: Genealogia da ética, subjetividade e sexualidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Franca, V. V. & Souza, F. (2016). 'Troca de Família': espiando as famílias, enxergando a sociedade. Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. 39 (1), p.177-192.
Freud, S. (1905/1996). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago.
Lima, T. B. H. & Chapadeiro, C. A. (2015). Encontros e (des)encontros no sistema família-escola. Revista Psicologia Escolar e Educacional. São Paulo, 19 (3), set./dez., p. 493-502.
Tarres, J. P.; Martínez, M. & Mansano, S. R. V. (2016). Corpos dóceis: novos contornos. Em: Nalli, M. & Mansano, S. R. V. Michel Foucault: desdobramentos. Belo Horizonte:Autêntica.
Mioto, R. C. T. (2015). Política social e trabalho familiar: questões emergentes no debate contemporâneo. Serv. Soc. Soc., São Paulo, 124, out./dez., p. 699-720.
Nalli, M. (2013). Communitas/Immunitas: a releitura de Roberto Esposito da biopolítica. Rev. Filos. Aurora, Curitiba, 25 (37), p. 79-105.
Pelbart, P. P. (2003). Vida capital: ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.