AUTISMO: HISTÓRIA DE UM QUADRO E O QUADRO DE UMA HISTÓRIA
Resumo
Com o crescente interesse público pela questão do autismo, assistimos a uma torção importante do debate que caracteriza esse tema. Inicialmente reduzida ao campo científico – em geral médico – a questão do autismo se viu progressivamente encampada por diferentes agentes, sobretudo pelos próprios autistas, cujas contribuições ampliaram muito o que podemos saber hoje sobre o autismo. Com o termo narrativas do autismo, tivemos como proposta neste artigo demonstrar a riqueza dos aportes desses novos saberes para o debate científico e político sobre a questão, bem como demonstrar o risco dela permanecer encapsulada e restrita ao campo estritamente científico. Para tanto, passamos pela história do conceito ressaltando como nela se pode ver o quanto o percurso científico vai sendo afetado, enriquecido por influência desses outros agentes e o valor de se tomar em consideração as diversas narrativas sobre o autismo. Situar a diversidade dessas narrativas não tem como objetivo apenas retomar uma posição plural e aberta contra outra exclusiva e restritiva, mas, antes, de colocar em curso o que pode acontecer ao debate científico quando ele não se fecha demasiadamente sobre a tendência objetivante própria a organização do discurso científico.
Situar a diversidade dessas narrativas não tem como objetivo apenas retomar uma posição plural e aberta contra outra exclusiva e restritiva, mas, antes, de colocar em curso o que pode acontecer ao debate científico quando ele não se fecha demasiadamente sobre a tendência objetivante própria a organização do discurso científico.
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Referências
REFERÊNCIAS
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