JOVENS EM VULNERABILIDADES PSICOSSOCIAIS: GRUPO COMO LUGAR DE ACOLHIMENTO E SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA

  • Marcela Andrade Gomes UFSC-Depto. Psicologia
  • Kátia Maheirie Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC.
  • Bruna Corrêa Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia da UFSC
Palavras-chave: Jovens;, vulnerabilidade;, grupos.

Resumo

Este artigo visa relatar uma experiência de estágio realizado em um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) junto a jovens de periferias da cidade de Florianópolis (SC), de modo a problematizar as possibilidades e desafios do uso do dispositivo grupal como instrumento de intervenção psicossocial. Este serviço, vinculado à Proteção Social Básica da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), tem como objetivo prevenir as situações de riscos e vulnerabilidades, bem como fortalecer os laços familiares e comunitários. Por meio da intervenção grupal, buscamos, junto com estes(as) jovens, criar um espaço de elaboração psíquica e política sobre temas significativos para suas vidas e para a atual sociedade. Apostamos na ideia de que as oficinas propiciaram a construção de um espaço coletivo que servisse de acolhimento ao sofrimento ético-político destes(as) jovens, subsidiando um afago às dores da vida e, também, servindo de catalisador aos processos de subjetivação política frente às iniquidades sociais que atravessam, sistematicamente, o cotidiano destes(as) jovens. Neste trabalho, trazemos reflexões em torno das potencialidades que o dispositivo grupal pode desencadear na constituição do sujeito, compreendendo-o como uma profícua ferramenta de intervenção psicossocial de escuta, acolhimento, fortalecimento comunitário e protagonismo político.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcela Andrade Gomes, UFSC-Depto. Psicologia
Psicóloga, psicanalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Cursou mestrado e doutorado em psicologia social no Programa de Pós-Graduação dessa mesma universidade. É professora Ajunta I desta mesma instituição onde desenvolve projetos de pesquisa e extensão nos seguintes temas: violência; Estado; SUAS; Medidas Socioeducativas; contextos de vulnerabilidades sociais; política; territórios; grupos e coletivos. Coordena a linha de pesquisa "Psicanálise, Políticas Públicas e Direitos Humanos" a qual está inserida no NUPRA (Núcleo de Pesquisa em Práticas Sociais, Estética e Política), vinculado ao Departamento de Psicologia.
Kátia Maheirie, Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC.
Kátia Maheirie é graduada em Psicologia pela UFSC, com mestrado e doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É Professora Titular da Universidade Federal de Santa Catarina, no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP). É pesquisadora do CNPq, atuando no Núcleo de Pesquisa em Práticas Sociais, Estética e Política, onde desenvolve trabalhos de pesquisa e extensão voltados a estética e política em diferentes contextos sociais. Foi editora da Revista Psicologia & Sociedade de 2008 a 2011, e é editora geral da Revista de Ciências Humanas (UFSC) desde 2013. Foi membro da Comissão Qualis Periódicos da CAPES 2015-2017. É membro da Diretoria da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (2018-2020). Suas investigações são na área de Psicologia Social, com ênfase em estética, música, política, movimentos sociais, ações coletivas e políticas de assistência social. Em seu currículo Lattes os termos mais freqüentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: processos de criação, estética, música, política, oficinas estéticas, identidade coletiva; movimentos sociais; e CRAS.
Bruna Corrêa, Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia da UFSC
Faz mestrado na área "Psicologia Social e Cultura" e linha "Estética, processos de criação e política" na UFSC (2018-2020). Possui graduação em Psicologia pela Faculdade CESUSC (2016). Tem experiência na área de psicologia, com ênfase em Psicologia Social, desenvolvendo trabalhos nos seguintes temas: Assistência Social, Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Centros de Referência em Assistência Social, juventude, intervenção psicossocial, experiências coletivas, acolhimento grupal e violência. Foi colaboradora em um projeto de pesquisa coordenado pela professora Katia Maheirie (UFSC) intitulado "Experiências Coletivas em Centros de Referência em Assistência Social" de 2016 à 2018. Em 2016 e 2017 também participou como colaboradora do projeto de extensão do curso "Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?" vinculado ao CERP-SC. Também participa desde 2016 do Núcleo Floripa da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social).

Referências

Broide, J; Broide, E. E. (2015). A psicanálise em situações sociais críticas: metodologia clínica e intervenções. São Paulo: Escuta.

Castanho, P. (2018). Uma introdução psicanalítica ao trabalho com grupos em instituições. São Paulo: Linear A-barca.

Chauí, M. S. (2016). Ideologia e educação. Educação e Pesquisa, 42, 1, 245-257.

Costa, E. F; Brandao, S. N. (2005). Abordagem clínica no contexto comunitário: uma perspectiva integradora. Psicologia e Sociedade, 17, 2, 33-41.

Cruz, L. R; Guareschi, N. M. F. (2012). Articulações entre a psicologia social e as políticas públicas na Assistência Social. In: Cruz, L.R & Guareschi, N. (Orgs.), O psicólogo e as políticas públicas de assistência social (p.35-51). Petrópolis:Vozes.

Gomes, M.A; Lima, A; Guerra, A.S; Corrêa, B; Nascimento, V.N; Favaretto,V. (2019). Como lidar com os efeitos psicossociais da violência? O curso de capacitação como um dispositivo clínico e político. In: Lopedote, M.L; Mayorca, D.S; Negreiros, D; Gomes, M.A; Tancredi, T. (Orgs.), Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?(p.54-68). São Paulo: Elefante.

Lima, C.B; Silveira, Jucimeri I. (2016). Direitos Humanos e Política Social: instrumentos sóciojurídicos não punitivos e mecanismos democráticos. Revista de Filosofia Aurora, 28, 43, 147-166.

Marques, A. C. S; Prado, M. A. (2018). Diálogos e Dissidências: Michel Foucault e Jacques Rancière. Curitba: Appris.

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2004). Política Nacional de Assistência Social. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social.

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, (2015). Perguntas Frequentes: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social.

Moreira, I. C. M. (2015). Processos grupais na trajetória dos adolescentes e jovens. In: Campos, H.R; Sousa, S. M. G. (Org.), Emocore: experiências grupais na constituição da adolescência (p.29-52). Goiânia: PUC-Goiás.

Oliveira, I. F. (2017). A assistência social em tempos de capital barbárie. In: Rasera, E.F; Pereira, M.S; Galindo, D. Democracia participativa, Estado e Laicidade. Porto Alegre: ABRAPSO.

Prado, F. K. (2012). Uma breve genealogia das práticas jurídicas no ocidente. Psicologia e Sociedade, 24, 104-111.

Rancière, J. (2006). O dissenso. In: A crise da razão. São Paulo: Companhia das Letras. Rancière, J. (2010). Momentos políticos. Madri: Clave intelectual.

Ribeiro, D. (2017). O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Justificado.

Rivière, E. P. (2005). O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes.

Sawaia, B. B. (1995). O calor do lugar: segregação urbana e identidade. São Paulo em Perspectiva, 9, 2, 20-24.

Sawaia, B. B. (2009). Psicologia e desigualdade social: uma reflexão sobre liberdade e transformação social. Psicologia e Sociedade, 21, 3, 364-372.

Silva, R. N. (2004). Notas para uma genealogia da psicologia social. Psicologia & sociedade, 16, 2, 12-19.

Susin, L; Poli, M. C. (2012). O singular na assistência social: do usuário ao sujeito. In: Cruz, L.R & Guareschi, N. (Orgs.), O psicólogo e as políticas públicas de assistência social (p.195-204). Petrópolis: Vozes.

Publicado
2021-12-13
Como Citar
Gomes, M. A., Maheirie, K., & Corrêa, B. (2021). JOVENS EM VULNERABILIDADES PSICOSSOCIAIS: GRUPO COMO LUGAR DE ACOLHIMENTO E SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA. Psicologia Em Estudo, 27. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v27i0.47375
Seção
Relato de Experiência

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus