A PRODUÇÃO DO DESEJO NA ESQUIZOANÁLISE: FORMULAÇÕES E DELIMITAÇÕES CONCEITUAIS
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar a formulação do conceito de desejo na esquizoanálise, especialmente, na obra O Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia, estabelecendo um contraponto à sua constituição na psicanálise, bem como à matriz representacional, hegemônica no Ocidente no campo filosófico, sendo suporte de diversas teorias. Para tanto, apresentamos inicialmente como a produção do conceito de desejo em Deleuze e Guattari se deu como um esforço argumentativo para sustentar sua dimensão produtiva, em oposição à sua constituição como falta na tradição psicanalítica. Além disso, o conceito de desejo é mais uma peça da engrenagem maquínico-desejante-rizomática que é a escrita antiedipiana, como modo de enfrentamento ao transcendentalismo presente na matriz representacional própria da tradição moderna ocidental. Em seguida, esclarecemos os usos originais de Deleuze e Guattari fazem das noções de máquina e produção, para dizer dos fluxos incessantes que operam através do inconsciente e de seus processos, cujo sustentáculo são as conexões com a exterioridade, contrariamente tanto ao representacionismo e idealismo derivados da tradição platônico-kantiana, quanto às operações simbólicas identitárias no estruturalismo psicanalítico. Por fim, a conceitualização do inconsciente freudiano é apresentada para compreendermos a dimensão da falta na constituição do desejo nesse sistema teórico. Concluímos que a esquizoanálise elaborou uma compreensão criativa e original do desejo como produção, através do empreendimento literário-filosófico pela escrita rizomática.
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