Morte na maternidade: como profissionais de saúde lidam com a perda

  • Luana Freitas Simões Lemos Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  • Ana Cristina Barros Cunha Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil
Palavras-chave: Maternidade, morte, profissionais de saúde.

Resumo

Comunicar a notícia de uma morte fetal é momento muito delicado, tanto para pais e familiares, quanto para o profissional de saúde, que, além de fornecer a notícia, precisa prestar assistência ao longo da internação. O objetivo geral desta pesquisa foi estudar como profissionais de saúde vivenciam e enfrentam a situação de perda gestacional decorrente da morte fetal, com base na investigação de aspectos cognitivos (percepções e significados) e emocionais (sentimentos) relacionados à situação. Com base em delineamento descritivo qualitativo e amostra de conveniência, participaram oito profissionais que prestavam assistência direta a pacientes em situação de perda gestacional, mais especificamente nos setores de ultrassonografia, centro obstétrico e enfermarias de uma maternidade pública de referência a gestantes de alto risco, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Os participantes foram entrevistados individualmente e seus relatos verbais analisados e processados de acordo com a metodologia de análise de conteúdo de L. Bardin. Observou-se que os profissionais eram afetados pela situação de perda gestacional, já que relataram sentirem-se impotentes e frustrados diante da situação. Comunicar o diagnóstico de um óbito fetal foi indicado como um dos momentos mais delicados na prática assistencial, que, geralmente, causa frustração e desconforto. Logo, conclui-se que oferecer atenção às manifestações emocionais e comportamentais dos profissionais de saúde pode ajudá-los a elaborar suas questões subjetivas relacionadas à morte fetal no seu contexto de trabalho.

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Biografia do Autor

Luana Freitas Simões Lemos, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Psicóloga formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Especialista em Saúde Perinatal pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maternidade-Escola da UFRJ
Ana Cristina Barros Cunha, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil
Professora associada do Instituto de Psicologia & Coordenadora acadêmica de Psicologia do Programa de residência multiprofissional em Saúde Perinatal da Maternidade-Escola, Universidade Federal do Rio de Janeiro; Professora colaboradora do Programa de Pós Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espirito Santo.

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Publicado
2015-01-01
Como Citar
Lemos, L. F. S., & Cunha, A. C. B. (2015). Morte na maternidade: como profissionais de saúde lidam com a perda. Psicologia Em Estudo, 20(1), 13 - 22. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i1.23885
Seção
Artigos originais

 

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