RESSONÂNCIAS POLÍTICO-CLÍNICAS DO IDEAL DE INCLUSÃO NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Résumé
Buscamos, neste ensaio, analisar as ressonâncias políticas e clínicas da presença de um ideal de inclusão do louco no tratamento oferecido pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Para tanto, num primeiro momento, fizemos um breve percurso pelo movimento da reforma psiquiátrica brasileira levando em consideração a sua principal influência, qual seja: a psiquiatria democrática italiana. Assim, partimos do pensamento paradigmático de Franco Basaglia, visando, com isso, esclarecer como se constitui o que denominamos de ideal de inclusão no CAPS. Posteriormente, pelo esforço teórico que perpassou a psicanálise e a política, analisamos, detidamente, as consequências político-clínicas de se tomar a inclusão social como horizonte final de um tratamento destinado, predominantemente, à psicose. Aqui, os conceitos de ideologia, ideal do eu e mal-estar foram de suma importância. Por fim, procuramos indicar algumas questões importantes para uma clínica possível no CAPS, que seja atinente à política e que alie a atenção dada ao sujeito e a busca por transformação social.
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