MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA, FRACASSO ESCOLAR E CONSELHO TUTELAR: UMA ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL
Résumé
O presente artigo aborda o contexto da medicalização da infância à luz da psicologia histórico-cultural e como método de análise o materialismo histórico dialético. O objetivo da pesquisa foi explorar as queixas escolares de cunho medicalizante que são encaminhadas ao Conselho Tutelar e qual a lógica de atuação deste órgão. O delineamento da pesquisa foi de caráter qualitativo e os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com os representantes de três conselhos tutelares de uma comarca localizada no oeste do Paraná. Observamos que o Conselho Tutelar é utilizado como um instrumento de apoio da escola para abordar os alunos que apresentam comportamentos compreendidos enquanto inadequados, a escola ao invés de procurar profissionais da própria educação encaminha a um órgão de garantia de direitos. Percebemos que o raciocínio presente neste órgão advém da medicina burguesa com respaldo totalmente biológico o que resulta na culpabilização das crianças, adolescentes e seus familiares pelo fracasso escolar. Concluímos que a solução encontrada pelos conselheiros é encaminhar essas crianças e adolescentes à especialidade médica a fim de medicalizar o aluno, sem questionar a lógica médica biologizante, esperando por um resultado imediato.
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