TRAUMA, CLIVAGEM E PROGRESSÃO INTELECTUAL: UM ESTUDO SOBRE O BEBÊ SÁBIO FERENCZIANO

  • Renata Machado de Mello Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
  • Terezinha Féres Carneiro Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
  • Andrea Seixas Magalhães Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Abstract

O presente trabalho propõe um estudo sobre a figura do bebê sábio na obra de Sándor Ferenczi, com o objetivo de investigar os laços que se estabelecem entre trauma e inteligência. Examinam-se os escritos ferenczianos dos anos 1930, posto que conjugam o pensamento clínico de Ferenczi sobre o trauma. Discute-se, inicialmente, a conjuntura traumática da maturação precoce, articulando as noções de trauma e desmentido. Em seguida, analisa-se o conceito de clivagem, defesa por meio da qual o indivíduo se fragmenta, dividindo-se em um ser que tudo sabe e nada sente. Por fim, debruça-se sobre a figura do bebê sábio, discutindo as noções de progressão traumática e prematuração patológica. Considera-se que o processo analítico na clínica com os ‘bebês sábios’ deve assegurar as condições necessárias para uma inversão de sentido nos processos de maturação pelas vias da regressão e da entrega confiante aos cuidados analíticos. Acredita-se que tal percurso teórico permitirá um refinamento da sensibilidade necessária para escutar o sofrimento, quase inaudível, dos ‘bebês sábios’ na prática clínica com crianças.

Palavras-chave: Trauma; clivagem; bebê sábio.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili

Biografie autore

Renata Machado de Mello, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Pós-doutoranda em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com período sanduíche na Université Paris Diderot.

Terezinha Féres Carneiro, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Professora Titular do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Coordenadora do Curso de Especialização em Psicoterapia de Família e Casal da PUC-Rio.

Andrea Seixas Magalhães, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Professora Associada do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professora do Curso de Especialização em Psicoterapia de Família e Casal da PUC-Rio.

Riferimenti bibliografici

Referências

Cabré, L. M. (2017). El Diario Clínico de Ferenczi. In Cabré, L. M. (Org.) Autenticidad y reciprocidade: um diálogo com Ferenczi (pp. 23-32). Buenos Aires: Biebel.

Coelho Junior, N. E. (2018). A matriz ferencziana. In Figueiredo, L.C. & Coelho Junior, N. E. (Org.) Adoecimentos psíquicos e estratégias de cura (pp. 117-185). São Paulo: Blucher.

Dal Molin, E. C. (2016). O terceiro tempo do trauma: Freud, Ferenczi e o desenho de um conceito. São Paulo: Perspectiva/FAPESP.

Dal Molin, E. C. (2017). Trauma, silêncio e comunicação. In França, C. P. (Org.). Ecos do silêncio: reverberações do traumatismo sexual (pp. 63-86). São Paulo: Blucher.

Ferenczi, S. (2011). O sonho do bebê sábio. In Ferenczi. S. Obras Completas (Psicanálise III) (pp. 223-224). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1923)

Ferenczi, S. (2011). O problema da afirmação do desprazer. In

Ferenczi. S. Obras Completas (Psicanálise III) (pp. 431-443). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1926)

Ferenczi, S. (1992). Adaptação da família à criança. In Ferenczi. S. Obras Completas (Psicanálise IV) (pp. 1-13). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1928)

Ferenczi S. (1992). Análise de crianças com adultos. In Ferenczi. S. Obras Completas (Psicanálise IV) (pp. 69-83). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 193)

Ferenczi, S. (1990). Diário Clínico. São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1932)

Ferenczi, S. (1992). Confusão de línguas ente adultos e crianças. In

Ferenczi, S. Obras completas (Psicanálise IV) (pp. 97-106). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1933)

Ferenczi, S. (1992). Notas e fragmentos. In Ferenczi, S. Obras completas (Psicanálise IV) (pp. 235-284). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1934)

Gondar J. (2017a). O desmentido e a zona cinzenta. In Reis, E. S. &

Gondar, J. (Org.). Com Ferenczi: clínica, subjetivação, política (pp. 89-100). Rio de Janeiro: 7 Letras.

Gondar J. (2017b). O analista como testemunha. In Reis, E. S. & Gondar, J. (Org.). Com Ferenczi: clínica, subjetivação, política (pp. 186-198). Rio de Janeiro: 7 Letras.

Knobloch, F. (2016, maio). Desafios clínicos: a escuta da ruptura. Workshop realizado na Sociedade Psicanalítica da Cidade do Rio de Janeiro (SPCRJ). Rio de Janeiro/RJ.

Knobloch, F. (1998). O tempo do traumático. São Paulo: FAPESP.

Liberman, A. (2013). “Escisión” e “identificación con el agressor” en el Diario clínico de Sándor Ferenczi. Revista de la Sociedad Argentina Psicoanálisis, (17), 151-164.

Mello, R.; Féres-Carneiro, T. & Magalhães, A.S. (2015). A maturação como defesa: uma reflexão psicanalítica à luz de Ferenczi e Winnicott. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 18 (2), 268-276.

Mello, R. & Herzog, R. (2012). Psiquismos clivados: vazio de sentido e insistência no existir. Cadernos de psicanálise, 34(27), 65-81.

Pinheiro, T. & Viana, D. (2018). Trauma, descrédito e masoquismo em Ferenczi. In Maciel Jr. (Org.). Trauma e ternura: a ética em Sándor Ferenczi (pp. 46-61). Rio de Janeiro: 7 Letras.

Pinheiro, T. (2016). Ferenczi. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Pinheiro T. (1995). Ferenczi: do grito à palavra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed./UFRJ.

Rabain, J-F. (2010). Freud ou Winnicott? La place du père et de la mère dans la construction psychique. Mag Philo: Freud, le retour. Recuperado em 10 de jan. de 2016 de http://www.cndp.fr/magphilo/index.php?id=28

Reis, E.S. & Mendonça, L. G. L. (2018). Nas cinzas da catástrofe, a criança surge. In Maciel Jr. (Org.). Trauma e ternura: a ética em Sándor Ferenczi (pp. 15-36). Rio de Janeiro: 7 Letras.

Reis, E. S. (2017). A morte do sentido e a violação da alma. In Reis, E. S. & Gondar, J. (Org.). Com Ferenczi: clínica, subjetivação, política (pp. 78-88). Rio de Janeiro: 7 Letras.

Roussillon, R. (1999). Traumatisme primaire, clivage et liaisons primaires non symboliques. In Roussillon, R. Agonie, clivage et symbolisation (pp. 9-34). Paris: PUF.

Soreanu, R. (2018). Magmas. In Raluca, S. Working-through Collective Wounds: Trauma, Denial, Recognition in the Brazilian Uprising (pp. 51-82). Londres: Macmillan Publishers Ltd.

Symborska, W. (2016). Um amor feliz. São Paulo: Companhia das Letras.

Verztman, J. (2002). O observador do mundo: a noção de clivagem em Ferenczi. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 5(1), 59-78.

Pubblicato
2019-12-12
Come citare
Mello, R. M. de, Carneiro, T. F., & Magalhães, A. S. (2019). TRAUMA, CLIVAGEM E PROGRESSÃO INTELECTUAL: UM ESTUDO SOBRE O BEBÊ SÁBIO FERENCZIANO. Psicologia Em Estudo, 24. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v24i0.45390
Fascicolo
Sezione
Artigos originais

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus