<b>Pedagogias e processos de aprendizagem Mbyá- Guarani

Abstract

Este artigo tem como objetivo discutir as vinculações entre a organização política e econômica dos Mbyá-Guarani e as práticas educativas, dando ênfase às concepções de tempo, às formas de situar a pessoa em determinadas idades, às noções de espaço e mobilidade e às estratégias educativas aíimplicadas para constituir a pessoa Guarani. A metodologia da pesquisa mescla análise documental, observações, conversas e registros em um diário de campo. Foram considerados os registros de observações realizadas no período de dois anos, em aldeias Mbyá-Guarani localizadas no estado do Rio Grande do Sul. Também foram considerados alguns textos antropológicos clássicos – como os de Pierre Clastres, Curt Nimuendaju, Egon Schaden – e reflexões de pesquisadores contemporâneosque se debruçam sobre a cultura deste povo - em especial, os escritos de Bartomeu Melià, Marcelo Larricq, Maria Aparecida Bergamaschi, Ana Luisa T. de Menezes e Valéria Soares Assis. Tomando o processo de nomeação como um tipo de tecnologia de produção da pessoa, foi possível observar como alguns “ideais” vão sendo configurados, em especial nas práticas específicas que visam estabelecer osvínculos entre um sujeito e seu nome. Também foi possível analisar como as concepções de espaço incidem sobre as formas de ser e de pensar, e estão marcadas especialmente pela mobilidade territorial, que por sua vez possibilita a rearticulação contínua de relações sociais e de parentesco, a circulação de crianças, de conhecimentos, de produtos, de sementes, de alimentos, de tecnologias, enfim, de bensculturais. Por fim, a análise dos tempos na vida das crianças possibilitou entender que as diferenciações etárias tem uma funcionalidade na definição do que se pode ser e fazer em diferentes tempos da vida. É num amplo leque de práticas e sob o olhar de muitos sujeitos que as crianças se constituem, se movimentam, brincam, trabalham, aprendem a viver o Nhande Rekó – o “jeito de ser” Mbyá Guarani.