Crenças Pedagógicas Coloniais na perpetuação das marcas do colonialismo na educação da Guiné-Bissau

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4025/rvc.e024015

Palavras-chave:

decolonialidade, Guiné-Bissau, crença pedagógica colonial

Resumo

Neste artigo, tem-se por objetivo identificar as permanências da colonialidade na educação da Guiné-Bissau, mais especificamente nas práticas pedagógicas de professores do Ensino Básico. A teoria das Crenças Pedagógicas Coloniais surge da articulação indissociável entre a teoria das Crenças Pedagógicas, desenvolvida por Tardif (2010), Ramos (1997), Raymond e Santos (1995), com uma pesquisa empí­rica, realizada por meio de observação participante em 14 escolas do paí­s, contemplando 38 professores e 270 alunos do Ensino Primário e Secundário. A pesquisa realizada é de abordagem qualitativa e caracteriza-se como descritiva e interpretativa. Como resultado aponta-se que as Crenças Pedagógicas Coloniais representam um legado histórico enraizado nos modelos educacionais desenvolvidos em paí­ses que serviram como colônias de nações eurocêntricas. A análise revela caracterí­sticas distintas das Crenças Pedagógicas Coloniais incluindo a hierarquização do conhecimento, a imposição de padrões culturais dominantes, a negação das epistemologias locais, agressões fí­sicas e psicológicas, entre outras.

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Biografia do Autor

Marcelo da Silva, Instituto Federal Catarinense - IFC

Professor do Instituto Federal Catarinense, Doutor em Educação Cinetí­fica e TEcnológica, com Mestrado em Planejamento Urbano e Desenvolvimento Socioambiental, Graduação em Geografia e Pedagogia. Participa do Grupo de Pesquisa DICTE/UFSC, realizando pesquisas na área de formação de professores, decolonialidade e a Educação na Guiné-Bissau. Coordenou a realização da reforma no ensino da Geografia em diversos municí­pios de Santa Catarina bem como a criação do Curso em Licenciatura em Geografia na ESE Tchico-Te na Guiné-Bissau.

Francini Scheid Martins, Faculdade Municipal de Palhoça - FMP

Doutora em Educação, na linha de Sociologia da Educação - Escolarização e Desigualdades Sociais, pela Universidade Federal de Minas Gerais (2017). Mestre em Educação, na linha de Sociologia e História da Educação, pela Universidade Federal de Santa Catarina (2013). Pedagoga pela Universidade Federal de Santa Catarina (2011). Tem experiência na área da Educação, com ênfase em Docência na Educação Superior, Coordenação Pedagógica em Instituto de Educação Superior e na Educação Básica. Desenvolve pesquisas na área de Educação, com ênfase em Sociologia da Educação, com foco principalmente nos temas: justiça social, polí­ticas de ações afirmativas, afiliação institucional e intelectual de estudantes cotistas no ensino superior (graduação e pós-graduação), permanência e terminalidade na educação superior. É Professora Colaboradora e Coordenadora do Núcleo de Pós-Graduação na Faculdade Municipal de Palhoça (FMP). Atua como Pesquisadora Associada no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), da Guiné-Bissau. É Professora Voluntária na Escola Superior de Educação (ESE) Tchico-Tí¨ da Guiné-Bissau. É vice-lí­der do Grupo de Pesquisa Trabalho e Conhecimento na Educação Superior - TRACES (UFSC/CNPq).

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Publicado

2024-10-25

Como Citar

Silva, M. da, & Martins, F. S. (2024). Crenças Pedagógicas Coloniais na perpetuação das marcas do colonialismo na educação da Guiné-Bissau. Vitruvian Cogitationes, 5(2), e024015. https://doi.org/10.4025/rvc.e024015

Edição

Seção

Artigos