Charges alteradas, polêmicas instauradas: limites da intertextualidade na arena do dissenso midiático
Resumo
Concebida como uma característica básica do discurso, a argumentação tem as mesmas raízes históricas e sociais da democracia e, de forma análoga, dá sentido à prática cidadã, promovendo e estruturando o diálogo para resolver problemas e levar a consensos. Sustentada pelos princípios linguageiros da influência e da alteridade, a argumentatividade é, pois, inerente a todo discurso e permite ao homem compartilhar suas visões de mundo e defendê-las perante seus pares, fazendo valer sua opinião na arena dialógica em que é encenada a vida em sociedade. Sob a perspectiva da Análise do Discurso (Amossy, 2011, 2018; Charaudeau, 2004a, 2008), a argumentação é uma prática social determinada pela situação e pelo contrato comunicativo que ensejam os atos de linguagem, desenvolvendo-se em um espaço de restrições e liberdades. Levando em consideração os traços singulares da argumentação polêmica – aquela cujo discurso nasce de um confronto de teses antagônicas –, o presente trabalho se debruça sobre um corpus composto por três charges de cartunistas brasileiros, que versam sobre temas políticos da esfera nacional e internacional. Interessa-nos, mais de perto, analisar três versões polêmicas dessas charges, criadas por oponentes, nas quais os recursos verbo-visuais foram manipulados a fim de lhes impor uma orientação argumentativa contrária. Por fim, pautada na argumentação no discurso, a análise das versões originais das charges comparadas a suas ‘cópias’ conflitantes permitiu observar a dimensão polêmica do corpus a partir de mecanismos de retomada e refutação do discurso verbo-visual do outro, pelas vias de uma intertextualidade parodística.
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