APRIMORAMENTO COGNITIVO FARMACOLÓGICO

REFLEXÕES ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MÉDICOS EM RELAÇÃO À PRESCRIÇÃO MÉDICA INDISCRIMINADA DE PSICOFÁRMACOS

Palavras-chave: ensino superior; medicalização; aprendizagem; direito civil; ética profissional

Resumo

Objetiva-se investigar e discutir, neste artigo, as representações sociais de professores universitários sobre o aprimoramento cognitivo farmacológico e as implicações éticas e de responsabilidades civil, criminal e administrativa relacionadas à prescrição indiscriminada de medicamentos por parte dos profissionais da saúde. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória, de caráter quantitativo, com 207 professores do ensino superior de um centro universitário privado sediado no Noroeste do estado do Paraná. Para a coleta de dados, utilizaram-se dois questionários: um sociodemográfico e outro composto por questões baseadas na escala Likert. Como referencial teórico-metodológico, utilizou-se a Teoria das Representações Sociais. Os resultados revelam que os participantes da pesquisa possuem pouco conhecimento a respeito da eficácia dos medicamentos que visam o aprimoramento cognitivo farmacológico e concordam que o uso de medicamentos será cada vez mais intensificado, concebendo essa prática um fenômeno inevitável. Conclui-se que o aprimoramento cognitivo farmacológico é um tema controverso, de grande relevância para a educação e para a saúde pública, razão pela qual é importante que os estudos sobre essa temática sejam ampliados.

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Biografia do Autor

Robson Borges Maia, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e em Psicologia pela Universidade Cesumar (UNICESUMAR). Docente do Curso de Psicologia da Universidade Cesumar (UNICESUMAR) e do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

João Gabriel Yaegashi, Universidade Cesumar - UNICESUMAR

Mestrando em Ciências Jurídicas pela Universidade Cesumar (UNICESUMAR). Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Cleber Sanfelici Otero, Universidade Cesumar - UNICESUMAR

Doutor em Direito Constitucional pela Instituição Toledo de Ensino (ITE, Bauru/SP). Graduado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP, São Paulo/SP).  Docente no Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências Jurídicas da Universidade Cesumar (UNICESUMAR, Maringá/PR). Juiz Federal.

Eraldo Schunk Silva, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Doutor em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Docente do Departamento de Estatística da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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Publicado
2022-09-08
Como Citar
Maia, R. B., Yaegashi, J. G., Otero, C. S., & Silva, E. S. (2022). APRIMORAMENTO COGNITIVO FARMACOLÓGICO. Imagens Da Educação , 12(3), 54-79. https://doi.org/10.4025/imagenseduc.v12i3.64415
Seção
Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores