OS SABERES PEDAGÓGICOS E A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL

Palavras-chave: Educação Especial; Educação Inclusiva; Desenvolvimento Humano

Resumo

O que há de específico nos saberes pedagógicos para a educação de alunos com deficiência? A partir desse questionamento, reflete-se neste texto sobre a educação desses alunos no contexto da educação inclusiva, à luz da perspectiva histórico-cultural. No contexto dos marcos que culminaram na proposta de educação inclusiva no mundo e no Brasil, propõe-se um estudo teórico-conceitual, com destaque para textos de Lev Vigotski e alguns de seus comentadores contemporâneos acerca das questões de desenvolvimento e deficiência. Para essa perspectiva é preciso investir nas possibilidades de desenvolvimento, considerar as relações sociais, as singularidades dos sujeitos, rejeitando determinismos que impedem o reconhecimento da diversidade humana. Assume-se a dialética como movimento analítico e destaca-se que os princípios explicativos da perspectiva histórico-cultural fundamentam os saberes pedagógicos de professores em relação aos alunos com deficiência na sala de aula comum. Entretanto, as políticas públicas educacionais brasileiras, gestadas em um modelo econômico neoliberal, configuram-se como um impasse, tendo em vista as propostas coletivas e sociais desta perspectiva. As reflexões apresentadas constituem uma resistência necessária para a transformação social que só pode ocorrer no contexto da coletividade. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Ana Paula de Freitas, Universidade São Francisco - USF

Doutora em Educação pela Unicamp, Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade São Francisco (USF), Bolsista Produtividade CNPq 2.

Evani Andreatta Amaral Camargo

Graduação em Fonoaudiologia pela Universidade Federal de São Paulo (1977), mestrado em Linguística pela UNICAMP (1994), doutorado em Educação pela UNICAMP e pós-doutorado em Linguística pela UNICAMP. Experiência nas áreas de Educação e Fonoaudiologia, atuando nos seguintes temas: desenvolvimento da linguagem oral, apropriação da língua escrita, deficiência intelectual e aspectos escolares de crianças com dificuldades e atrasos no desenvolvimento, inseridas na escola regular. As pesquisas são também nessas áreas. Atuou como professora no curso de Mestrado em Educação, no Centro Universitário Moura Lacerda até junho de 2019.

Maria Inês Bacellar Monteiro

Graduada em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1978), Mestre em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (1985) e Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1992). Foi professora da Universidade Metodista de Piracicaba de 1997 a 2018 e vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE/UNIMEP de 2005 a 2018. Foi Professora Visitante do Programa de Pós Graduação em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp, campus Guarulhos (2019 - 2021). Temas de interesse: Educação, com ênfase em: linguagem, educação especial, deficiência e relações de ensino.

Referências

Base Nacional Comum Curricular (2018) BNCC. http://basenacionalcomum.mec.gov.br.
Baptista, C. R. (2019). Política pública, educação especial e escolarização no Brasil. Educação
e Pesquisa, São Paulo, v. 45, 1-19 http://dx.doi.org/10.1590/S1678- 4634201945217423
Constituição da República Federativa do Brasil. (1988). Brasília, DF: Senado.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Dainez, D. (2017). Desenvolvimento e deficiência na perspectiva histórico-cultural:
contribuições para educação especial e inclusiva. Revista de Psicología, vol. 26, núm. 2,
2017, pp. 1-10 Universidad de Chile Santiago, Chile.
Dainez, D., & Freitas, A. P. de. (2018). Concepção de educação social em Vigotski:
apontamentos para o processo de escolarização de crianças com deficiência. Horizontes,
36(3), 145–156. https://doi.org/10.24933/horizontes.v36i3.685
Dainez, D.; & Smolka, A. L. B. (2014). O conceito de compensação no diálogo de Vigotski
com Adler: desenvolvimento humano, educação e deficiência. Educação e Pesquisa
[online]. 40 (4), 1093-1108. https://doi.org/10.1590/S1517-97022014071545.
Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020 (2020) Institui a Política Nacional de Educação
Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida.
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020- 80529948.
Demo, P. (1995). Metodologia científica em Ciências Sociais. 3ª ed. São Paulo: Atlas.
Fontana, R. A.C.; Furgeri, D. K.P.; & Passos, L. V.L (2004). Cenas Cotidianas de Inclusão. In
Góes, M.C.R. de; & Lapalane, A.L.F. Políticas e Práticas de Educação Inclusiva. (1ª. ed.,
pp. 149-165). Campinas: Autores Associados.
Góes, M.C.R. de (2004). Desafios da inclusão de alunos especiais: a escolarização do aprendiz
e sua constituição como pessoa. In: Góes, M. C. R. de & Laplane, A. L. F. (orgs.) Políticas
e Práticas de Educação Inclusiva. (1ª ed., pp.69-92). Campinas: Autores Associados.
Jannuzzi, G. M. (2006). A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século
XXI. (2ª ed.). Campinas: Autores Associados.
Kassar, M. C. M. (2011). Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: Desafios
da Implantação de uma Política Nacional. Educar em Revista. v. 41, 61-79.
https://doi.org/10.1590/S0104-40602011000300005
Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996 (1996). Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, http://portal.mec.gov.br › pdf › lei9394_ldbn1.
Lei nº 13.146 de 06 de julho de 2015 (2015). Institui a lei brasileira de inclusão da pessoa com
deficiência (estatuto da pessoa com deficiência). http://www.planalto.gov.br › _ato2015.

Meletti, S. M. F.; & Ribeiro, K. (2014). Indicadores educacionais sobre a educação especial no
Brasil. Cedes, 34 (93), 175-190.
Moysés, M. A.; & Angelucci, B. Prefácio. (2021). In: Vigotski, L. S. Problemas da
defectologia. V. 1 (1ª ed., pp. 9-16). São Paulo: Expressão Popular.
Pereira, D. N. G. (2022). Por entre olhares, o humano: processos de constituição de uma
criança (com autismo) no segundo ano do Ensino Fundamental. [Tese de Doutorado,
Universidade São Francisco, Programa de Pós-Graduação em Educação]. Repositório da
Universidade São Francisco. https://www.usf.edu.br/educacao/teses.vm?lang=br
Pino, A. (2003). A psicologia concreta de Vigotski: implicações para a educação. In: Placco,
V. M. N. (Org.) Psicologia & Educação: revendo contribuições. (1ª ed., pp. 33-62). Educ.
Pino, A. (2010). A criança e seu meio: contribuição de Vigotski ao desenvolvimento da criança
e à sua educação. Psicologia USP, 21(4), 741-756.
Pletsch, M. D., Souza, F. F. (2021). Educação comum ou especial? Análise das diretrizes
políticas de educação especial brasileiras. Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação, 16 (2), 1286-1306. https://doi.org/10.21723/riaee.v16iesp2.15126
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008).
Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007,
prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro
de 2008. http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf .
Rebelo; A. S. & Kassar, M. M. (2018). Indicadores educacionais de matrículas de alunos com
deficiência no Brasil (1974-2014). Estudos em Avaliação Educacional, 29 (70), 276-307,
jan./abr. 2018. https://doi.org/10.18222/eae.v0ix.3989
Smolka, A. L. B., Nogueira, A. L. H., Dainez, D. & Laplane, A. L. F. (2021). Contribuições
teóricas e conceituais de Vigotski para a pesquisa qualitativa em educação. Revista Artes de
Educar. 7 (3), 1364-1389. https://doi.org/10.12957/riae.2021.63920
Souza, F. M. (2013). Políticas de educação inclusiva: análise das condições de
desenvolvimento dos alunos com deficiência na instituição escolar [Tese de Doutorado,
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação]. Repositório da Universidade
Estadual de Campinas. http://repositorio.unicamp.br/
Souza, F. F., Dainez, D. (2022). Defectologia e Educação Escolar: implicações no campo dos
Direitos Humanos. Educação e Realidade, v. 47, 1-18. https://doi.org/10.1590/2175-
6236116863vs01
Stetsenko, A. (2022). O desafio da individualidade na Teoria da Atividade Histórico-Cultural:
dialética “coletividual” a partir de um posicionamento ativista transformador. Práxis
Educativa, v. 17, 1-22. https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.17.19943.014
Stetsenko A.; Selau, B. (2018). A abordagem de Vygotsky em relação à deficiência no contexto
dos debates e desafios contemporâneos: Mapeando os próximos passos. (Apresentação para
a “Edição Especial – a Defectologia de Vygotsky”). Educação. v. 41 (3), 315-324,
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2018.3.32668
Tunes, E.; Prestes, Z. (2021). A defectologia de Lev Semionovitch Vigotski, fio condutor da
teoria histórico-cultural. In VIGOTSKI, L. S. Problemas da defectologia. V. 1 (1ª ed., pp.
17-26) São Paulo: Expressão Popular.
Vigotski, L.S. (1995). Obras escogidas, v. 3. Madri: Visor.
Vigotski, L. S. (1996) Teoria e método em psicologia. (1ª ed.). São Paulo: Martins Fontes.
Vigotski, L.S. (1997). Obras escogidas, v. 5. Madri: Visor
Vigotski, L.S. (2000). Manuscrito de 1929. Educação & Sociedade, nº 71, 21-44.
Vigotski, L.S. (2018). 7 aulas de L. S. Vigotski sobre os fundamentos da pedologia. Tradução
e organização Prestes, Z. & Tunes, E. Rio de Janeiro: e-papers.
Vigotski, L. S. (2021). Problemas da defectologia. V. 1 Organização, edição e tradução Prestes,
Z. & Tunes, E. (1ª ed.). São Paulo: Expressão Popular.
Publicado
2023-06-28
Como Citar
Freitas, A. P. de, Camargo, E. A. A., & Monteiro, M. I. B. (2023). OS SABERES PEDAGÓGICOS E A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA. Imagens Da Educação , 13(2), 148-166. https://doi.org/10.4025/imagenseduc.v13i2.65604
Seção
Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores