DO ÓDIO À VIOLÊNCIA

Rachel Pulcino

doi:10.4025/imagenseduc.v15i2.75113

Rachel Pulcino Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF https://orcid.org/0000-0003-4871-4769

DOI: https://doi.org/10.4025/imagenseduc.v15i2.75113

Résumé

Do ódio à violência, este artigo pretende refletir sobre as relações entre as produções de discursos de ódio na internet, especificamente nas redes sociais e sua articulação com os fenômenos das violências escolares. Entendo que os discursos de ódio se constituem num fenômeno contemporâneo, tornando-se necessária a análise das suas características e padrões de ataques e circulação nas redes, possibilitando compreender as forças políticas-sociais que atuam na fundamentação do ódio e suas principais formas de captação de indivíduos para a disseminação do ódio em rede. Partindo deste olhar, proponho uma investigação qualitativa de inspiração foucaultiana para a construção dos caminhos teóricos-investigativos sobre os dados publicados pelo Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) das denúncias contra discursos de ódio nas redes sociais, para refletir sobre as possíveis relações entre a produção e circulação do ódio na internet com o aumento das violências nas escolas.

Téléchargements

Les données sur le téléchargement ne sont pas encore disponible.

Metrics

Chargements des mesures ...

Biographie de l'auteur

Rachel Pulcino, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Pós-Doutora em Educação pela Universidade Federal Juiz de Fora (UFJF). Doutora e mestra em
Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada em História pela
Universidade Gama Filho (UGF). Docente da rede privada de educação.

Références

ABRAMOVAY, Miriam. Programa de Prevenção à Violência nas Escolas. FLASCO BRASIL, Violência nas Escolas, 2°Edição, 2021.
AMATO, Bruna; MIGUEL, Raquel de Barros P. Da Matrix a Suzano: manosfera, teoria red pill e o massacre da escola Raul Brasil. Revista Brasileira de Estudos da Homocultura (REBEH), ISSN: 2595-3206, vol. 07, e.15797, 2024.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
BELELI, Iara. Antifeminismos: os efeitos dos discursos de ódio. Sexualidad, Salud y Sociedad, n. 38, 2022. DOI. http://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2022.38.e22311.a. Acesso em 10 jul 2024.
BUTLER, Judith. Discurso de ódio: uma política do performativo. São Paulo: Editora Unesp, 2021.
BRASIL. Relatório: ATAQUES ÀS ESCOLAS NO BRASIL: análise do fenômeno e recomendações para a ação governamental. Ministério da Educação (MEC), Grupo de Trabalho de Especialistas em Violência nas Escolas, Relator: Daniel Cara (USP). Brasília, DF, 2023. Disponível em: Acesso em 10 dez. 2024.
BRUGGER, Winfried. Proibição ou Proteção do Discurso do Ódio? Algumas Observações sobre o Direito Alemão e o Americano. Revista Direito Público, Brasília/DF, n. 15, jan-fev-mar de 2017.
Campanha Nacional pelo Direito à Educação. O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental. São Paulo, dezembro de 2022. Disponível em: Acesso em 15 dez. 2024.
CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias. Porto Alegre, ano 4, n. 8, p. 432-443, jul./dez. 2002.
DEBARBIEUX, E. Desafios e alternativas: violências nas escolas. Brasília: UNESCO, UNDP, 2003.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de novembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola, 23°ed, 2013.
FOUCAULT, Michel. Polêmica, Política e Problematização. In: FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014a.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2°ed, 2015.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014b.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD TIC. Disponível em: Acesso em 10 dez 2024.
GALLEGO, Esther Solano. O ódio como política: a reinvenção da direita no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.
GRIGOLETTO, Evandra; FRANÇA, Thiago. A. (2020). Discursos de resistência à intolerância pela censura: o caso da propaganda do Banco do Brasil. Letrônica, 13(2), e36069. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2020.2.36069
JUNQUEIRA, Rogério Diniz. A invenção da "ideologia de gênero": a emergência de um cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero. Revista Psicologia Política, vol.18, nº 43, p. 449-502, 2018.
KIMMEL, Michael Scott. A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 4, n. 9, p. 107-171, 1998.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2010.
MIGUEL, Luis Felipe. A reemergência da direita brasileira. In: GALLEGO, Esther Solano. O ódio como política: a reinvenção da direita no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.
ObservaDH, Observatório Nacional dos Direitos Humanos. Enfrentamento ao discurso de ódio. In: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. (MDH), Disponível em: . Acesso em: 29 de jul. 2024.
ObservaDH, Observatório Nacional dos Direitos Humanos. Violência nas Escolas. In: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. (MDH), Disponível em: . Acesso em: 01 de dez. 2024.
OLIVEIRA, R. C. de; LIMA, J. de C. P.; GOMES, R. F. MACHISMO E DISCURSO DE ÓDIO NAS REDES SOCIAIS: uma análise das “opiniões” sobre a violência sexual contra as mulheres. Revista Feminismos, [S. l.], v. 6, n. 1, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30363. Acesso em: 7 nov. 2022.
ONG SAFERNET. Indicadores da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. Disponível em: https://indicadores.safernet.org.br/index.html. Acesso em 01 de dez. 2024.
PASSOS, Izabel C. F. Situando a analítica do poder em Michel Foucault. In: Poder, normalização e violência: incursões foucaultianas para a atualidade. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2°ed, 2013.
PEREIRA, Rafael Rodrigues. A institucionalização dos discursos de ódio e antidemocráticos: seus perigosos efeitos na retomada de direitos e na violência LGBTfóbica. Revista Brasileira de Estudos da Homocultura (REBEH), ISSN: 2595-3206, vol. 07, e.15797, 2024.
PULCINO, Rachel; FERRARI, Anderson. Quando mulheres-pesquisadoras se tornam alvos de discursos de ódio? Revista Brasileira de Estudos da Homocultura (REBEH), ISSN: 2595-3206, vol. 07, e16166, 2024.
QUADRADO, Jaqueline Carvalho; FERREIRA, Everton da Silva. Ódio e indolência nas redes sociais digitais. Katálysis, Florianópolis, v. 23, n. 3, p. 419-428, set./dez. 2020 ISSN 1982-0259. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p419. Acesso em 20 jul 2024.
SANTOS, Marco Aurélio Moura dos. O discurso de ódio nas redes sociais. São Paulo: Lura Editorial, 2016.
SILVA, Luiz Rogério Lopez; FRANCISCO, Rodrigo Eduardo Botelho; SAMPAIO, Rafael Cardoso. Discurso de ódio nas redes sociais digitais: tipos e formas de intolerância na página oficial de Jair Bolsonaro no Facebook. Galáxia (São Paulo, online), ISSN: 1982-2553. Publicação Contínua. http://dx.doi.org/10.1590/1982-2553202151831. Nº 46, 2021, pp.1-26.
SILVA, Ana Carolina W; HENNIGEN, Inês. MISOGINIA ONLINE: A RED PILL NO AMBIENTE VIRTUAL BRASILEIRO: the red pill in the brazilian virtual environment. Revista Feminismos, 12(1), 2024. https://doi.org/10.9771/rf.v12i1.57028
TEIXEIRA, Pedro Pinheiro; HENRIQUES, Adrian. O novo conservadorismo brasileiro e a educação: Mapeando suas linhas de força. Education Policy Analysis Archives, v. 30, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.14507/epaa.30.7137. Acesso em 26 jul 2024.
TORRES, Ton. O fenômeno dos memes. Ciência e Cultura. vol.68 no.3 São Paulo July/Sept. 2016.
TRINDADE, Luiz Valério. Discursos de ódio nas redes sociais. São Paulo: Jandaíra, 2023.
VALENTE, Mariana G. A liberdade de expressão na internet: da utopia à era das plataformas. In: FARIA, José Eduardo. A liberdade de expressão e as novas mídias. São Paulo: Perspectivas, 2020.