MULHERES INDÍGENAS UNIVERSITÁRIAS

RESISTIR, EXISTINDO

Palavras-chave: mulheres indígenas universitárias; inclusão; exclusão

Resumo

Este artigo consiste no recorte de uma pesquisa de doutorado, que tem por objetivo problematizar a presença das mulheres indígenas na universidade, a partir da sua existência e da diferença que produz nos espaços educativos, os quais são, presumidamente, espaços sociais e coletivos. Tomando por base os processos de inclusão e exclusão que atravessam a trajetória educacional dessas mulheres, por meio de uma investigação narrativa, entendida como o estudo da experiência, além de um potente meio de dessubjetivação, que configura como uma exi(resi)stência outra para as estudantes indígenas, evidenciamos experiências de preconceito e discriminação ao longo da vida das mulheres indígenas universitárias, desde a educação básica até a academia. A possibilidade de um exercício ético, questionando o nosso modo de ser e de estar no mundo, sejamos sujeitos/as diferentes ou normais[1], vislumbra uma existência para além da exclusão da diferença que impera nos dias atuais, escapando a essa lógica e, estrategicamente, resistindo.

 

[1] O termo “normal” utilizado nas problematizações a que nos propomos neste texto relaciona-se aos estudos do filósofo Michel Foucault, advindo, especificamente, da noção de normalização, em que a norma assume função política nos discursos sobre a inclusão e as práticas ditas inclusivas, funcionando como uma espécie de “princípio de inteligibilidade, por um lado, em virtude de sua associação aos saberes pedagógicos...; por outro, na medida em que produz tecnologias responsáveis pela correção daqueles que se encontram além ou aquém da normalidade” (Pagni, 2017, pp. 258-259). Dessa forma, sugerimos a leitura de Pagni (2017), que apresenta uma discussão interessante sobre a emergência da inclusão, a partir de uma perspectiva foucaultiana, considerando em especial, as tecnologias do poder oriundas de saberes que não mais rejeitam, mas incluem, subjugando determinados tipos de sujeitos/as à normalização de seus comportamentos, condutas, de suas vidas, por meio de um processo social, desenvolvido no domínio da educação por instituições como a escola, por exemplo.

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Biografia do Autor

Karina da Silva Molina, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências da Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Mestra em Administração Pública, Bacharela em Direito e Licenciada em Letras Postuguês/Inglês, pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Técnica Administrativa em Educação da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Integrante do Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola (GESE). Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.

Paula Regina Costa Ribeiro, Universidade Federal do Rio Grande – FURG
Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul –UFRGS. Professora titular do Instituto de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Pós-Doutorado na Escola Superior de Educação de Coimbra/Instituto Politécnico de Coimbra. Pesquisadora do Grupo de Investigación en Educación y Sociedad (Gies). Líder do Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola (Gese), atuando principalmente nos seguintes temas: corpos, gêneros e sexualidades. Bolsista produtividade 1C do CNPq.
     

Referências

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Publicado
2023-09-23
Como Citar
Molina, K. da S., & Ribeiro, P. R. C. (2023). MULHERES INDÍGENAS UNIVERSITÁRIAS. Imagens Da Educação , 13(3), 158-179. https://doi.org/10.4025/imagenseduc.v13i3.65220