POLÍTICAS DE RESISTÊNCIA PELO ENCANTAR: O BRINCAR NA CULTURA POPULAR
Resumo
Historicamente, a psicologia do desenvolvimento tem privilegiado o brincar na infância, contudo temos advogado que o brincar é uma atividade ontológica que se estende ao longo de toda a vida. Assim, no presente artigo, discutimos a brincadeira no contexto da cultura popular, tendo como recorte sujeitos adultos que se autodenominam brincantes. Por essa via, investigamos a construção de sentidos na e da constituição dos/as brincantes à luz da psicologia histórico-cultural, proposta por Lev Vigotski. Recorremos, também, aos estudos de Mikhail Bakhtin acerca da cultura popular, discutindo o brincar como uma atividade situada no entrever entre arte e vida. Ademais, evidenciamos e refletimos sobre algumas narrativas de brincantes, focalizando o caráter de resistência da cultura popular por uma lógica peculiar: a do encantamento. Enfatizamos, por fim, a necessidade política de reconfiguração das noções ainda vigentes sobre o brincar, a partir de um olhar mais sensível às expressões populares e à própria constituição humana.
Downloads
Referências
Abreu, M. (2003). Cultura popular, um conceito e várias histórias. In M. Abreu & R. Soihet. Ensino de história, conceitos, temáticas e metodologias (pp. 83-102). Rio de Janeiro: Casa da Palavra.
Amorim, M. (2004). O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. São Paulo: Musa Editora.
Arantes, A. (2006). O que é cultura popular. São Paulo: Editora Brasiliense.
Bakhtin, M. (2008). A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Brasília: Editora Universidade de Brasília.
Barroso, R. (2007) Teatro como Encantamento - Bois e Reisados de Caretas. Tese de Doutorado, Instituto de Sociologia, Universidade Federal do Ceará, Ceará.
Brandão, C. (2009). Vocação de criar: anotações sobre a cultura e as culturas populares. Cadernos de Pesquisa, 39(138), 715-746.
Carvalho, J. J. (2005). Espetacularização e canibalização das culturas populares. In Ministério da Cultura. I Encontro Sul-Americano das Culturas Populares e II Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares (pp. 79-101). São Paulo: Instituto Polis.
Carvalho, J. J. (2010). Espetacularização e canibalização das culturas populares na América Latina. Revista Anthropológicas, 21(1), 39 – 76.
Chartier, R. (1995). Cultura popular: revisitando um conceito historiográfico. Estudos Históricos, 8 (16), 179 – 192.
Delari Junior, A. (2011). Sentidos do “drama” na perspectiva de Vigotski: um diálogo no limiar entre arte e psicologia. Psicologia em Estudo, 16(2), 181-196.
Delari Junior, A. (2013). Personalidade, drama e brincadeira de papéis sociais: em diálogo com o educador. [material público e gratuito]. CED: Paraná. Recuperado em 22 de agosto, de 2015, de http://www.dialeticadohumano.net/tx-01_delari_2013.pdf
Fernandes, F. (1989). O folclore em questão (2ª ed.). São Paulo: Editora Hucitec.
Freire, P. (1983). Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo (2ª ed). In O. Fávero (org). Cultura popular e educação popular: memória dos anos 60 (pp. 99-126). Rio de Janeiro: Editora Graal.
Góes, M. C. (2000). A formação do indivíduo nas relações sociais: contribuições teóricas de Lev Vigotski e Pierre Janet. Educação & Sociedade, 21(71), 116 – 131.
Gullar, F. (1983). Cultura Popular (2ª ed). In O. Fávero (org). Cultura popular e educação popular: memória dos anos 60 (pp. 49-55). Rio de Janeiro: Editora Graal.
Jovchelovitch, S.& Bauer, M. (2002). Entrevista narrativa. In M. Bauer & G. Gaskell. Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático (pp. 90-113). Rio de Janeiro: Vozes.
Lewinsohn, A. (2008). O ator brincante: no contexto do teatro de rua e do cavalo marinho. Dissertação de Mestrado, Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.
Lucena, H. (2011). Não me peçam jamais que eu dê de graça tudo aquilo que eu tenho pra vender [Mídia, CD]. Sony DADC Brasil: Manaus.
Magiolino, L. (2015). Afetividade, imaginação e dramatização na escola: apontamentos para uma educação (est)ética. In D. N. Silva & F. S. Abreu (orgs). Vamos brincar de quê? Cuidado e educação no desenvolvimento infantil (pp.133-154). São Paulo: Summus.
Magiolino, L. & Silva, D. (no prelo). Dimensões (est)éticas e políticas da paixão entre Simone e Nelson. Psicologia & Sociedade: UFRGS.
Moreira, A. (2015). “Brincante é um estado de graça”: sentidos do brincar na cultura popular. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Distrito Federal.
Oliveira, M. C. (2012). Narrativas e desenvolvimento da identidade profissional de professores. Cedes, 32(88), 369-378.
Piaget, J. (1962). Play, dreams and imitation in childhood. New York: The Norton Library.
Rhoden, C. (diretor). (2014). Tarja branca: a revolução que faltava [Documentário-vídeo]. Produção Maria Farinha Filmes: Brasil.
Silva, D., Costa, M., & Abreu, F. (2015). Imaginação no faz de conta: o corpo que brinca. In D. Silva & F. Abreu (orgs). Vamos brincar de quê? Cuidado e educação no desenvolvimento infantil (pp.111-132). São Paulo: Summus.
Smolka, A. L. (2009). A atividade criadora do homem: A trama e o drama (Introdução). In L. S. Vigotski. Imaginação e criação na infância (pp. 7- 10). São Paulo: Ática.
Vicente, S. & Vicente, V. (2013). Maracatu rural: a magia do canavial. [Catálogo de exposição]. Ministério da Cultura: Brasil.
Vigotski, L. S. (1929/2000). Manuscrito de 1929. Educação & Sociedade, 21(71), 21-44.
Vigotski, L. S. (1930/2009). Imaginação e criação na infância. São Paulo: Ática.
Wallon, H. (1941/2007) A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.