SOFRIMENTO NO PROCESSO AVALIATIVO À LUZ DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO

Palavras-chave: Sofrimento;, saúde mental;, avaliação de desempenho profissional.

Resumo

A operacionalização de metodologias avaliativas no ambiente laboral exerce influência na saúde e desempenho do trabalhador, tornando-se um tema que merece atenção nas organizações. Este artigo tem como objetivo investigar as experiências de sofrimentos na avaliação individual de desempenho e apresentar sugestões de melhorias à luz da psicodinâmica do trabalho. Participaram do estudo seis trabalhadores afastados do ambiente laboral por motivo de doença, usuários de um Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de uma capital do nordeste brasileiro. Antes do afastamento, esses trabalhadores atuavam em diferentes funções e em diferentes organizações, portanto, o que une este grupo é a vivência da avaliação individual de desempenho e o afastamento do trabalho por motivo de doença. Utilizou-se como instrumentos um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada e interpretada pela análise de conteúdo temática e com o auxílio teórico da psicodinâmica do trabalho. Evidenciou-se a existência de sofrimentos patógenos na fragilização dos coletivos, competitividade, sensação de injustiça, pressão para alcançar metas, e humilhação na exposição dos resultados. Sugerem-se desenhos de metodologias avaliativas com o protagonismo do trabalhador na análise da atividade e no momento dos feedbacks, com estímulo do reconhecimento simbólico e cooperação no ambiente laboral.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo César Zambroni-de-Souza, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Doutor em Psicologia Social. Docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Ivan Bolis, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Doutor em Engenharia da Produção pela Escola Politécnica da USP. Docente visitante no Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba. (UFPB)

Referências

Cardoso, A. C., & Morgado, L. (2019). Trabalho e saúde do trabalhador no contexto atual: ensinamentos da Enquete Europeia sobre Condições de Trabalho. Revista Saúde e Sociedade, 28(1), pp. 169-181. Recuperado de https://doi.org/10.1590/s0104-12902019170507
Bendassolli, P. F. (2012). Desempenho no trabalho: Revisão da literatura, Psicologia Argumento Artigos, v.30, n.68, pp.171- 184. Recuperado de http://dx.doi.org/10.7213/psicol.argum.5895
Barreto, M., & Heloani, R. (2015). Violência, saúde e trabalho: a intolerância e o assédio moral nas relações laborais. Revista Serviço Social & Sociedade, 544-561. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n123/0101-6628-sssoc-123-0544.pdf
Bodart, C. das N., Santos, G. dos., & Ferreira, L. da P. N. (2015). Avaliação de desempenho: Uma análise crítica a partir da perspectiva dos avaliados. Revista Foco, 8(2), 103-116. Recuperado de http://revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/132/120
Dejours. C. (2004). Addendum: Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In S. Lancman & L. I. Sznelwar (Orgs.). Christophe Dejours: Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 47-104). Rio de Janeiro: Fiocruz.
Dejours, C. (2008). Avaliação do trabalho submetido à prova do real: Crítica aos fundamentos da avaliação. São Paulo: Editora Blucher.
Dejours, C. (2015). Le choix, Souffrir au travail n'est pas une fatalité. Montrouge: Bayard.
Dejours, C. (2016). Situations de travail. Paris: PUF.
Dejours, C. (2017). Prefácio. In: C. Dejours. (Dir). Psicodinâmica do trabalho: Casos clínicos. Porto Alegre: Dbulinense, pp. 6-10.
Dejours, C. (2018, outubro). La domination au travail est beaucoup plus dure qu’avant. Anti-K: nos viés, leurs profis. Recuperado de https://www.anti-k.org/2018/10/21/christophe-dejours-la-domination-au-travail-est-beaucoup-plus-dure-quavant/
Dejours, C. (2019). Psicanalista francês fala sobre a relação entre os adoecimentos mentais e o trabalho. Revista Proteção. Recuperado de http://www.protecao.com.br/materias/entrevistas/psicanalista_frances_fala_sobre_a_relacao_entre_os_adoecimentos_mentais_e_o_trabalho/JyjaAc
Dejours, C., & Jayet, C. (1994). Psicopatologia do trabalho e organização real do trabalho em uma indústria de processo: Metodologia aplicada a um caso. In M. Betiol. (Coord.). Psicodinâmica do trabalho: Contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho (pp. 67-118). São Paulo: Atlas.
Demaegdt, C. (2020). Centralité du travail et sublimation. Topique, 148 (2020), pp. 29-40
Duarte,A., & Dejours, C .(2019).Le harcèlement au travail et ses conséquences psychopathologiques : une clinique qui se transforme. Evol Psychiatr, 84, pp. 337-345
Dutra, F. C. M. S, Costa, L. C., & Sampaio, R. F. (2016). A influência do afastamento do trabalho na percepção de saúde e qualidade de vida de indivíduos adultos. Fisioterapia e Pesquisa, 23(1), 98-104. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/1809-2950/14900923012016
Gernet,, I. (2021). Approche clinique et psychopathologique du burn out : discussion à partir de la psychodynamique du travail, L'Évolution Psychiatrique, (86)1, pp. 119-130. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.evopsy.2020.11.001
Gernet, I. (2017). À propos des enjeux subjectifs de la réparation. N. Chaignot-Delage, C. Dejours (Eds.), Clinique du travail et évolution du droit, PUF, Paris
Gueguen, H.,Debout-Cosme, F. (2020). Théories de la reconnaissance et travail médical. Rev Med Philosophie, 3, pp. 7-15
Gaulejac, V. de. (2017). Gestão como doença social. São Paulo: Ideias & Letras.
Lacaz, F. A. C. (2016) Continuam a adoecer e morrer os trabalhadores: as relações, entraves e desafios para o campo Saúde do Trabalhador (Ensaio). Revista Brasileira de Saúde Ocupacional – RBSO, pp. 1-11. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/rbso/v41/2317-6369-rbso-41-e13.pdf
Lazzerini, B., & Pistolesi, F. (2018). An Integrated Optimization System for Safe Job Assignment Based on Human Factors and Behavior. in IEEE Systems Journal, 12(2) pp. 1158-1169, doi: 10.1109/JSYST.2016.2646843. Recuperado de https://ieeexplore.ieee.org/document/7829289
Minayo, M, C, de S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: Consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, 5(7), 01-12. Recuperado de https://editora.sepq.org.br/index.php/rpq/article/view/82/59
Paula, E. A. de., Buschinelli, J. T., Maeno, M., & Costa, R. F. da. (2016). Qualidade de vida de trabalhadores com LER/DORT e lombalgia ocupacional atendidos no Cerest de Guarulhos, São Paulo. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 41, e19. Recuperado de https://doi.org/10.1590/2317-6369000120115
Rolo, D. (2017). Le burn out : mal d’époque ou retour de la fatigue pathologique ? Ann Med Psychol, 175, pp. 595-599
Sato, L.; Bernardo, M. H. (2005). Saúde mental e trabalho: os problemas que persistem. Revista Ciências, saúde coletiva, 10 (4), 869-878. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000400011.
Seligman-Silva, E. (2003). Psicopatologia do trabalho: Aspectos contemporâneos. In: E Seligman-Silva & R. Mendes. Patologia do trabalho, pp. 64-98, Editora Atheneu. Recuperado de https://feapsico2012.files.wordpress.com/2015/04/edith_seligmann_silva.pdf
Souza, L. K. (2019). Pesquisa com análise qualitativa de dados: conhecendo a Análise Temática. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 71(2), pp. 51-67. Recuperado de https://dx.doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2019v71i2p.51-67
Seligman-Silva, E. (2010). Acidentes de Trabalho e a Dimensão Psíquica. São Paulo, p.3. Disponível em: https://www3.fmb.unesp.br/sete/pluginfile.php/20376/mod_page/content/1/Edith_-_ACIDENTES_TRABALHO_PSIQUISMO.pdf
Supiot, A. (2015). La gouvernance par les nombres Fayard, Paris.
Whysall, Z., Bowden, J., & Hewitt, M. (2018). Sickness presenteeism: measurement and management challenges, Ergonomics, 61(3) pp. 341-354, doi: 10.1080/00140139.2017.1365949. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28791918/
Publicado
2025-09-09
Como Citar
DIAS DOURADO, A., Paulo César Zambroni-de-Souza, & Ivan Bolis. (2025). SOFRIMENTO NO PROCESSO AVALIATIVO À LUZ DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO . Psicologia Em Estudo, 30. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v30i0.59462
Seção
Artigos originais

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus