UMA TRAVESSIA NO CONTEXTO DA PREMATURIDADE: DA UTI-NEONATAL ATÉ A CASA

  • Fabiana Faria Giguer Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Milena da Rosa Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Abstract

Este estudo retrata, através de relatos e observações clínicas, o caminho percorrido por uma mãe para tornar-se suporte, porto ou casa, para seus bebês gêmeos, durante a internação em UTI neonatal e logo após a alta hospitalar. A investigação, que teve como base a abordagem psicanalítica de Donald Winnicott, emergiu de um recorte da pesquisa de mestrado da autora principal. A pesquisa ocorreu em dois momentos: I) acompanhamento da mãe e bebês durante a internação do recém-nascido na UTI-neonatal de um hospital geral de Porto Alegre durante um mês e nove dias com frequência semanal e II) acompanhamento após a alta através de visitas domiciliares. A segunda etapa teve início após uma semana da alta hospitalar e ocorreu durante um mês e 19 dias com frequência quinzenal. Para a coleta dos dados foram utilizados diários clínicos como um dispositivo na escuta das singularidades observadas em cada atendimento. Observou-se que a experiência de internação representou vivências de (des) continuidade para os bebês e mãe. O processo da travessia para casa representou uma inflexão importante em relação à sustentação corporal (e psíquica) dos bebês pela mãe. Destacamos ainda que o acompanhamento psicológico demonstrou ter sido importante para sustentar essa mãe ao longo da travessia e ajudá-la a se tornar ‘casa’ para seus recém-nascidos.

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Biografia autore

Milena da Rosa Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicóloga, Doutora em Psicologia pela UFRGS, Professora do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia da UFRGS

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Pubblicato
2024-03-18
Come citare
Giguer, F. F., & Silva, M. da R. (2024). UMA TRAVESSIA NO CONTEXTO DA PREMATURIDADE: DA UTI-NEONATAL ATÉ A CASA . Psicologia Em Estudo, 29(1). https://doi.org/10.4025/psicolestud.v29i1.56133
Sezione
Artigos originais

 

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