Duas agendas de privatização extrema na educação brasileira no governo Bolsonaro
Resumo
Analisar a relação entre a concepção de privatização extrema na educação e o fortalecimento das agendas do ensino domiciliar (ED) e do Movimento Escola Sem Partido (MESP) no legislativo federal no governo de Jair M. Bolsonaro, bem como identificar os atores visíveis e invisíveis envolvidos. Utilizou-se como referencial teórico-metodológico a perspectiva de racionalidade neoliberal de Wendy Brown, e, para discutir privatização extrema na educação, uma visão crítica à Friedrich August von Hayek, Ludwig Heinrich Edler von Mises e Murray Newton Rothbard. A empiria, centrada em fontes do legislativo e sítios correlatos ao tema, utilizou a Teoria de Múltiplos Fluxos de John Kingdon. Constatou-se que tanto a ED quanto o MESP expressam formas de privatização extrema na educação brasileira – tendo o governo Bolsonaro funcionado como uma janela de oportunidade para atores visíveis e invisíveis defensores dessas agendas.
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