Padre Vitor

um educador negro entre a escravidão e a santidade

Palavras-chave: século XIX, professor, Sul de Minas

Resumo

Este artigo apresenta aspectos relacionados à vida de ‘Padre Vitor’, um indivíduo negro que nasceu livre, em 1827, no sul de Minas Gerais, onde teve destacada atuação como padre e professor. Após a sua morte, em 1905, iniciou-se um movimento de culto a sua imagem dando origem a um processo de canonização. Sua canonização segue avançando e junto com ela vai se afirmando sua imagem como um ex-escravo que atingiu a santidade. Escravidão e santidade são aspectos contraditórios dentro da trajetória de ‘Padre Vitor’. Abordamos essa contradição retratando-o fora da perspectiva representada pela ideia de escravo e santo, ou seja, procuramos recuperar seu processo de formação e atuação tratando-o como um ser humano que agiu a partir das condições e possibilidades inscritas no Brasil, do século XIX.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcus Vinícius Fonseca, Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais

Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais e Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto. Beneficiário do Programa Pesquisador Mineiro da FAPEMIG. Coordenador do Grupo de Pesquisa História e Historiografia da Educação (GERAES-UFOP).

Referências

Ariès, P. (1978). História social da criança e da família. Rio de Janeiro, RJ: Zahar Editores.

Barros, S. A. P. (2015). O Estado da arte da pesquisa em história da educação da população negra no Brasil. Vitória, ES: SBHE.

Bastos, M. H. C. (2016). A educação dos escravos e libertos no Brasil: vestígios esparsos do domínio do ler, escrever e contar (século XVI a XIX). Cadernos de História, 15(2), 743-768. Recuperado de: http://seer.ufu.br/index.php/che/article/view/35556

Beato Padre Vitor. (2020). Recuperado de: https://padrevictor.com.br

Bourdieu, P. (1996). A ilusão biográfica. In M. M. Ferreira & J. Amado (Orgs.), Usos e abusos da história oral (p. 183-191). Rio de Janeiro, RJ: Ed. FGV.

Casadei, A. (1987). Notícias e histórias da cidade de Campanha: tradição e cultura. Niteroi, RJ: Gráfica Impar.

Chalhoub, S., & Silva, F. T. (2009). Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos de 1980. Cadernos AEL, 14(26), 13-45. Recuperado de: https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/ael/article/view/2558

Campos, G. M. (2010). Ultramontanismo na Diocese de Mariana: o governo de D. Antonio Ferreira Viçoso - 1844-1875 (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana.

Cury, C. R. J. (2020). Direito a educação, escravatura e ordenamento jurídico no Brasil Império. Cadernos de História da Educação, 19(1), 110-148. Recuperado de: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/52699

Dosse, F. (2009). O desafio biográfico: escrever uma vida. São Paulo, SP: Edusp.

Fonseca, M. V. (2009). População negra e educação: o perfil racial das escolas mineiras no século XIX. Belo Horizonte, MG: Ed. Mazza.

Gaeta, M. A. J. V. (1999). “Santos” que não são santos: estudos sobre a religiosidade popular brasileira. Mimesis, 20(1), 57-76. Recuperado de:https://secure.usc.br/static/biblioteca/mimesis/mimesis_v20_n1_1999_art_05.pdf

Gudeman, S.& Schzartz, S. B.(1988). Purgando o pecado original: compadrio e batismo de escravos na Bahia no século XVIII. In J. J. Reis (Org.), Escravidão e invenção da liberdade: estudos sobre o Negro no Brasil (p. 33-59). São Paulo, SP: Brasiliense.

Laster, P.(1984). Família e domicílio como grupo de trabalho e grupo de parentesco: comparações entre áreas da Europa Ocidental. In M. L. Marcílio (Org.), População e sociedade: evolução das sociedades pré-industriais (p. 137-170). Petrópolis, RJ: Vozes.

Muller, M. L. (2016). A produção de sentidos sobre mulheres negras e o branqueamento do magistério no Rio de Janeiro na Primeira República. In S. A. P. Barros & M. V. Fonseca (Org.), História da educação dos negros no Brasil (p. 395-412). Niterói, RJ: EdUFF.

Nogueira, V. L. (2015). População negra, escravismo e educação no Brasil. Belo Horizonte, MG: Ed. Mazza.

Passarelli, G. (2013). Francisco de Paula Victor: o apostolo da caridade. São Paulo, SP: Ed Paulinas.

Santos, F.; Mac Cord, M., &Moreira, C. E. (2017). Rascunhos cativos: educação, escolas e ensino no Brasil escravista. Rio de Janeiro, RJ: 7 Letras.

Silva, A. M. P. (2000). Aprender com perfeição e sem coação: uma escola para meninos pretos e pardos na Corte. Brasília, DF: Plano.

Slenes, R. (1999). Na senzala uma flor: esperanças na formação da família escrava: Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira.

Schueler, A. F. M. (2016). Trajetórias cruzadas e ação docente em luta por educação: André Rebouças, José do Patrocínio e Manuel Querino. In S. A. P. Barros & M. V. Fonseca (Org.), História da educação dos negros no Brasil (p. 191-216). Niterói, RJ: EdUFF.

Arquivo da Cúria de Campanha. (1827). Livro de registro de batismo.

(Livro 09 (LB-10), folha 62v).

Arquivo Público Mineiro. (1831). Lista nominativa dos habitantes de Campanha. Coleção Mapas de População (CX. 10, DOC. 19).

Centro de Memória Monsenhor Lefort. (2000). Novena em preparação para festa do servo de Deus: Francisco de Paula Victor (p. 06). Campanha, MG: Livro.

Jornal Município de Três Pontas. (n.d.). Recortes de jornal.

Jornal O Trêspontanto. (1987, 04 de julho). Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. Hemeroteca.

Monitor Sul Mineiro. (1891). n. 1079.

Rezende, F. P. F. (1987). Minhas recordações. Belo Horizonte, MG: Imprensa Oficial.

Salgado, J. A. (1968). Magnus Sacerdos - Cônego Francisco de Paula Vitor - preito à sua egrégia memória. Três Pontas, MG: [s.n.].

Silva Neto, D. B. (1965). Dom Viçoso: apóstolo de Minas. Belo Horizonte, MG: [s.n.].

Veiga, B. S.(1874). Almanach sul-mineiro. Campanha, MG: Thypographia do Monitor Sul-Mineiro.

Voz Diocesana. (1965). n. 554. Centro de Memória Monsenhor Lefort.

Publicado
2020-08-05
Como Citar
Fonseca, M. V. (2020). Padre Vitor. Revista Brasileira De História Da Educação, 20(1), e131. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/article/view/48751