A CONSTRUÇÃO DA EXPRESSÃO ‘AUTORIA’ NO ATO INFRACIONAL: ENTRE DISCURSIVIDADE E ESTIGMA

  • Jacqueline de Oliveira Moreira Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais ­ (PUC­-MG)
  • Andréa Máris Campos Guerra Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Mariana Furtado Vidigal
  • Ana Carolina Dias Silva
  • Rodrigo Goes e Lima

Résumé

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) representa um importante avanço ao conferir ao menor de idade, antes objeto de intervenção do Estado em nome de um ideal de ‘bem-estar’ no Código de Menores, o estatuto de um sujeito portador de plenos direitos e deveres. No que diz respeito ao jovem autor de ato infracional, no entanto, identificamos que o reconhecimento da autoria pode dar margem a riscos e desvios de interpretação que podem surgir no momento em que se acopla a noção de autor à concepção de ‘crime’, podendo, pois, produzir a ideia de um sujeito criminal, como proposto por Michel Misse. Se de um lado o termo autor localiza o adolescente na posição de sujeito, de outro, ele pode aprisionar o jovem dentro de determinada discursividade circunscrita e limitada ao ato infracional que ele cometeu. Pretendemos, assim, no presente artigo, primeiramente, localizar o tema da autoria no ECA, dialogar com a construção da ideia de autor na sua interface com a apreensão do leitor, a partir de teorização de Foucault em articulação com a psicanálise freudo-lacaniana, e por fim, pensar dispositivos que ofereçam novas forças de inscrição para este autor que, muitas vezes, escapam dos nós aprisionados/aprisionantes das cadeias de associação discursiva.

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Bibliographies de l'auteur

Jacqueline de Oliveira Moreira, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais ­ (PUC­-MG)

Doutora em Psicologia Clinica (PUC SP), Mestre em Filosofia (UFMG), Professora do Programa de Pós­Graduação em Psicologia da PUC Minas, Psicanalista, Membro do GT da ANPEPP “Psicanálise, Política e Clínica”, Bolsista Produtividade PQ 2-CNPq. jackdrawin@yahoo.com.br 

Andréa Máris Campos Guerra, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Psicanalista. Psicóloga e Bacharel em Direito. Mestre em Psicologia Social (UFMG), e Doutora em Teoria Psicanalítica (UFRJ) com Études Approfondies em Rennes II (França). Professora Adjunta do Departamento e da Pós ­Graduação em Psicologia da FAFICH/UFMG. Membro do GT “Psicanálise, Política e Clínica” da ANPEPP. andreamcguerra@gmail.com 

Mariana Furtado Vidigal
Psicanalista. Mestre em Estudos Psicanálíticos pelo Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciencias Humanas da UFMG. Especialista em Psicanálise: Teoria e Prática pela Universidade FUMEC. marianafvidigal@yahoo.com.br
Ana Carolina Dias Silva

Psicóloga pela Universidade Federal de Minas Gerais, com ênfase em Processos Clínicos e Formação Complementar Aberta em “Subjetividades políticas e Territórios”. Integrante do Núcleo Psilacs – Psicanálise e Laço Social no Contemporâneo. acdsilva.psi@gmail.com 

Rodrigo Goes e Lima

Psicólogo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com ênfase em Processos Clínicos e Formação Complementar Aberta em “Ciência Política”. Integrante do Núcleo Psilacs –Psicanálise e Laço Social no Contemporâneo. rodrigo.goeselima@gmail.com 

Références

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Publiée
2019-10-16
Comment citer
Moreira, J. de O., Guerra, A. M. C., Vidigal, M. F., Silva, A. C. D., & Lima, R. G. e. (2019). A CONSTRUÇÃO DA EXPRESSÃO ‘AUTORIA’ NO ATO INFRACIONAL: ENTRE DISCURSIVIDADE E ESTIGMA. Psicologia Em Estudo, 24. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v24i0.40169
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