A FRIEZA DAS RELAÇÕES
AUTORIDADE OU AUTORITARISMO NO CONTEXTO ESCOLAR?
Resumo
A sociedade sofreu transformações ao longo das últimas décadas. Contudo, as marcas da opressão ainda são patentes. A frieza burguesa presente nas relações sociais se reflete, inexoravelmente, na instituição escolar. À vista do exposto, este estudo, de caráter bibliográfico, tem por objetivo discutir os conceitos de autoridade e de autoritarismo na relação professor-aluno, buscando compreender suas correlações no interior da sociedade capitalista. À luz dos pressupostos teóricos da Teoria Crítica da Sociedade, considera-se que a agência da indústria cultural, por meio do fácil acesso à internet e do excesso de informações, faz com que o estudante, com frequência, subestime a importância do professor, depreciando seu ofício e conferindo autoridade a meros produtos, a figuras detentoras do monopólio capitalista ou a pessoas que exercem influência digital. A sociedade capitalista se reflete na relação entre professor e aluno, muitas vezes preestabelecida, o que resulta em posturas autoritárias por parte de alguns docentes. Para superá-las, faz-se necessário construir vínculos saudáveis, pautados na autoridade consciente. Conclui-se que o indivíduo que não atribui autoridade ao professor a atribui a outras figuras apresentadas pela sociedade, em um fenômeno que enseja a predominância da ideologia dominante.
Downloads
Metrics
Referências
Adorno, T. W., & Horkheimer, M. (1985). Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.
Aragão, M., & Freitas, A. G. B. (2012). Práticas de castigos escolares: enlaces históricos entre normas e cotidiano. Conjectura, 17(2), 17-36. Doi: 10.1590/S0104-40362018002601366
Borges, A. C. (1876). Vinte anos contra o emprego da palmatória e outros aviltantes no ensino da mocidade. São Paulo, SP: Redação o Globo.
Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Presidência da República. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Brasil. (1934). Decreto nº 24.278, de 22 de maio de 1934. (Diretoria de Proteção à Maternidade e à Infância). Presidência da República. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-24278-22-maio-1934-507775-publicacaooriginal-1-pe.html.
Brasil. (1941). Decreto-lei nº 3.799, de 5 de novembro de 1941. (Serviço de Assistência a Menores). Presidência da República. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-3799-5-novembro-1941-413971-publicacaooriginal-1-pe.html.
Brasil. (1827). Lei de 15 de outubro de 1827. (Criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império). Coleção de Leis do Império do Brasil. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM..-15-10-1827.htm.
Brasil. (1835). Lei nº 13, de 28 de março de 1835. (Regula a criação das cadeiras de instrução primária, o provimento, e os ordenados dos professores). Secretaria do Governo da Província. https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/LEI/13/1835/.
Brasil. (1964). Lei nº 4.513, de 1º de dezembro de 1964. Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4513-1-dezembro-1964-377645-norma-pl.html.
Brasil. (1990). Lei nº 8.069/90 de 13 de julho 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Senado Federal. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.
Bueno, F. S. (2000). Mini dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo, SP: FTD.
Crochick, J. L., Dias, M. A. L., Andrade, P. F. & Fuchs, F. A. S. (2022). Educação inclusiva e violência escolar: relação entre pares. Revista Imagens da Educação, 12(2), 45-71. Doi: 10.4025/imagenseduc.v10i3.56239
Debord, G. (1967). A Sociedade Do Espetáculo. Portugal: Revolta.
Fabiano, L. H. (2003). Adorno, arte e educação: negócio da arte como negação. Educ. So., 24 (83), 495-505. doi: 10.1590/S0101-73302003000200010.
Gatti, L. F. (2008). Adorno: indústria cultural e crítica da cultura. In: Nobre, M. (Org.) Curso Livre de Teoria Crítica. Campinas, SP: Papirus.
Gruschka, A. (2014). Frieza burguesa e educação: a frieza como mal-estar moral da cultura burguesa na educação. Campinas, SP: Autores Associados.
Lopes, A. H. R. G. P. (2011). Herói e Vilão: a ambivalência emocional da relação professor-aluno expressa no Orkut (Monografia). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
Marcuse, H. (1973). A ideologia da sociedade industrial, o homem unidimensional. São Paulo, SP: Zahar.
Mashiba, G. C. X. (2016). Sociedade do espetáculo e transferência da autoridade pedagógica. In: Pucci, B., Costa, B. C. G., Campos, N. M. A S., Silva, L. B. O. (org.). (2016). Atualidade na teoria crítica na era global. São Paulo, SP: Nankim.
Nobre, M. (2011). A teoria crítica. Rio de Janeiro, RJ: Zahar.
Pereira, A. I. B., & Zuin, A. Á. S. (2019). Autoridade enfraquecida, violência contra professores e trabalho pedagógico. Educar em Revista. 35 (76). Doi: 10.1590/0104-4060.64821.
SEVERINO, A. J. (2007). Metodologia do trabalho científico. São Paulo, SP: Cortez.
Türck, C. (2010). Sociedade Excitada - Filosofia da sensação. São Paulo, SP: Editora da Unicamp.
Zuin, A. A. S. (2008). Adoro odiar meu professor: o aluno entre a ironia e o sarcasmo pedagógico. Campinas, SP: Autores associados.
Zuin, A. A. S. (2012). Violência e tabu entre professores e alunos: a internet e a reconfiguração do elo pedagógico. São Paulo, SP: Cortez.
Zuin, A. Á. S. (2015). A autoridade pedagógica em tempos de cultura digital. Educação e Filosofia, 29 (58), 745-769. Doi: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v29n58a2015-p745a769.
Zuin, A. A. S., & Zuin, V. G. A. (2019). Autoridade do professor no contexto da autoridade algorítmica digital. Pro-Posições, 30, 1-24. doi: 10.1590/1980-6248-2018-0038.
Zuin, V. G., & Zuin, A. A. S. (2018). O celular na escola e o fim pedagógico. Educ. Soc., 39 (143), 419-435. Doi: 10.1590/ES0101-73302018191881.
Copyright (c) 2025 Imagens da Educação

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade. Declaro, ainda, que uma vez publicado na revista Imagens da Educação,ele não será submetido por mim ou pelos demais co-autores a outro periódico. Por meio deste instrumento, em meu nome e dos co-autores, cedo os direitos autorais do referido artigo à Revista e declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorias (Nº 9609, de 19/02/98).