INTERAÇÕES DE BEBÊS EM ACOLHIMENTO FAMILIAR E INSTITUCIONAL: DOIS ESTUDOS EXPLORATÓRIOS
Resumo
Partindo de pressupostos histórico-culturais e sociointeracionistas, que entendem as interações do bebê com seus cuidadores como pilares sobre os quais se estruturam e se desenvolvem complexas funções do psiquismo humano, buscou-se investigar como se constituem as interações de bebês em programas de acolhimento familiar e institucional. Para tanto, foram realizados estudos exploratórios e longitudinais por meio de três videogravações mensais, com dois bebês: um em acolhimento familiar acompanhado de um a três meses de idade; e uma em acolhimento institucional, de três a cinco meses. Categorias de observação foram quantificadas. Resultados apontaram os cuidados básicos como eixos condutores das interações em ambos os contextos, embora na família acolhedora houve maior amplitude e sobreposição de outros tipos de enredos interativos. Discutiu-se o modo como os campos interativos dos bebês se configuraram em articulação com elementos de natureza histórica e semiótica, que se atualizaram nas situações. A importância da formação dos cuidadores quanto ao importante papel das interações e mediação foram sinalizadas, bem como as limitações do estudo e necessidade de novas investigações com amostras maiores.
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