A edição brasileira do Methodo Zaba (1870) e seus usos escolares na Bahia

Palavras-chave: história da educação, ensino de história, materialidade da escola, métodos de ensino

Resumo

Neste artigo, investigo a materialidade da edição brasileira do Methodo Zaba (1870), de autoria do polonês Napoleão Félix Zaba (1803-1885), buscando desvelar relações com práticas escolares observáveis nos registros produzidos, em 1871, por dois professores do ensino público baiano: José Lourenço Ferreira Cajaty e João Theodoro Araponga. Para tanto, por meio de pesquisa bibliográfica e documental e entendendo o impresso como objeto cultural complexo (Chartier, 1991, 1998) e produto da indústria escolar (Meda, 2015), no texto, apresento as caraterísticas formais e o conteúdo do material didático e, depois, exploro a materialidade do método à luz do fazer docente e da cultura escolar, reconhecendo possíveis usos e apropriações nos relatos de Cajaty e Araponga, com o intuito de demonstrar que conhecimentos e métodos de ensino são reelaborados e reinventados por meio das experiências e práticas pedagógicas (Schueler, 2005), bem como se revelam nas interações dos indivíduos com o mundo em sua forma material (Vidal, 2006).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carollina Carvalho Ramos de Lima, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil

Professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (FACED/UFBA), onde integra o Grupo de Estudos e Pesquisas em Memória e História da Educação (MEHED/FACED/UFBA). Desenvolveu pesquisa de pós-doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), na fronteira entre a História da Educação e o Ensino de História. Doutora em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É docente do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE/FACED/UFBA) e do Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHIS/UNEB).

Referências

Almeida, L. A. (2022). O Método Zaba: as dimensões de um material didático de história do século XIX. Anais do 11º Encontro Estadual de História da ANPUH, Salvador, BA.

Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro [AGCRJ]. (n.d.). Códices 11:3.23; 11.3.34

Arquivo Público do Estado da Bahia [APEB]. (n.d.). Códice 3816.

Arquivo Público do Estado de São Paulo [APESP]. (n.d.). Códices CO4920.

Bittencourt, C. M. F. (1993). Livro didático e conhecimento histórico: uma história do saber escolar (Tese de Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Borges, A. (2021). A urdidura do magistério primário na Corte Imperial: um professor na trama de relações e agências. Rio de Janeiro, RJ: SciELO-EDUERJ.

Caparelli, A. (2012). Identidade e alteridade nacionais: transferências culturais na imprensa brasileira do século XIX. In V. Guimarães (Org.), Transferências culturais: o exemplo da imprensa na França e no Brasil (p. 25-38). Campinas, SP: Mercado das Letras.

Carvalho, M. M. C. D. (1998). Por uma história cultural dos saberes pedagógicos. In C. P. Sousa, & D. Catani (Ed.), Práticas educativas, culturas escolares, profissão docente. (p. 31-40). São Paulo, SP: Escrituras.

Chartier, R. (1998). A aventura do livro. São Paulo, SP: Unesp.

Chartier, R. (1991). A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa, PT: Difel.

Clemente, J. S. (2013). Culturas escolares em Recife (1880-1888) (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

Dick, S. M. (2001). As políticas públicas para o ensino secundário na Bahia: o Liceu Provincial: 1860-1890 (Tese de Doutorado). Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Fuchs, E. (2007). Networks and the history of education. Paedagogica Historica, 43(2), 185-197.

Gondra, J. G. (2018). A emergência da escola. São Paulo, SP: Cortez.

Lawn, M. (2018). A materialidade dinâmica da educação escolar: professores, tecnologias, rotinas e trabalho. In V. L. Gaspar da Silva, G. Souza, & C. A.

Castro (Org.), Cultura material escolar em perspectiva histórica: escritas e possibilidades (p. 341-366). Vitória, ES: Edufes.

Mattos, S. R. D. (1993). Brasil em lições: a história do ensino de história do Brasil no Império através dos manuais de Joaquim Manuel de Macedo (Dissertação de Mestrado). Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.

Meda, J. (2015). A “história material da escola” como fator de desenvolvimento da pesquisa histórico-educativa na Itália. Revista Linhas, 16(30), 07-28.

Núcleo de Documentação do Colégio D. Pedro II [NUDOM]. (1871). BR RJCPII-COM/OFR. Livro de minutas do Ministério dos Negócios do Império recebido pelo Reitor do Internato do Imperial Colégio de Pedro 2º. Período: 1870 - 1875.

Nunes, A. D. A. (2008). Fundamentos e políticas educacionais: história, memoria e trajetória da educação na Bahia. Publicatio UFPG, 16(2), 210-224.

Passeron, J. C., & Revel, J. (2005). Penser par cas. Paris, FR : Éditions EHESS.

Paulilo, A. L. (2019). A cultura material da escola: apontamentos a partir da história da educação. Revista Brasileira de História da Educação, 19.

Portella, J.A. (1852). O manual completo do ensino simultâneo. Bahia: Tipografia de João Alves Portella.

Santos, M. F. D. J. (2021). “Maior somma de factos historicos, elucidados com mais methodo”: Américo Braziliense e a invenção do espaço paulista na escrita da história escolar (1873-1879). Almanack, (29).

Schueler, A. F. M. (2005). O Método Bacadafá: leitura, escrita e língua nacional em escolas públicas primárias da Corte imperial (1870-1880). Revista História da Educação, 9(18), 173-189.

Silva, A. L. D. (2008). Ensino e mercado editorial de livros didáticos de História do Brasil-Rio de Janeiro (1870-1924) (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal Fluminense, Niterói.

Souza, W. E. R., & Crippa, G. (2012). A materialidade do livro de bolso e a expansão do público leitor entre os séculos XV e XIX. Intexto, (27), 89-107.

Veiga, C. G. (2008). Escola pública para os negros e os pobres no Brasil: uma invenção imperial. Revista Brasileira de Educação, 13, 502-516.

Veiga, C. G. (2018). A história da escola como fenômeno econômico: diálogos com história da cultura material, sociologia econômica e história social. Cultura material escolar em perspectiva histórica: escritas e possibilidades (p. 26-63). Vitória, ES: EDUFES.

Vidal, D. G. (2005). Culturas escolares: estudo sobre práticas de leitura e escrita na escola pública primária (Brasil e França, final do século XIX). Campinas, SP: Associados Cortez.

Vidal, D. G. (2006). Cultura y prácticas en la escuela: la escuela pública brasileña en su investigación. Historia de la Educación, 25, 153-171.

Zaba, N. F. (1870). Methodo Zaba para o estudo da história Universal, com mappa chronologico, chave e taboa de exercícios. Rio de Janeiro, RJ: Typ. Pinheiro & C.

Publicado
2023-09-20
Como Citar
Lima, C. C. R. de. (2023). A edição brasileira do Methodo Zaba (1870) e seus usos escolares na Bahia . Revista Brasileira De História Da Educação, 24(1), e303. https://doi.org/10.4025/rbhe.v24.2024.e303

Funding data