Os clubes negros como espaços educadores
uma contribuição à História da Educação
Résumé
O artigo analisa a experiência histórica dos chamados clubes negros como espaços educadores. A partir do estudo da trajetória de uma escola isolada, mista, multisseriada e subvencionada pelo Estado de Minas Gerais, que funcionou entre os anos de 1935 e 1937, criada no interior do Clube 28 de Setembro, na cidade de Pouso Alegre, identifica-se a organização das suas estratégias de escolarização formal, as práticas escolares e a conformação de uma cultura escolar. Discute-se, ainda, os sentidos que a sua comunidade deu aos projetos de ampliação da ideia hegemônica de escola e da escolarização do social e aos processos de definição e extensão dos direitos de cidadania através do acesso à escolarização formal, estruturados pelo Estado. Recorrendo ao diálogo com o arcabouço teórico da história da educação da população negra e com um variado conjunto de fontes, como documentos do poder executivo e legislativo (leis, pareceres, atas), relatórios de inspeção escolar, imprensa e os registros produzidos pelo próprio Clube 28 de Setembro (atas, estatuto e regimento interno), foi possível reconhecer quais formas de contestação racial deram sentido e configuração à forma e cultura escolares dos projetos político-educativos elaborados no âmbito do associativismo negro, na primeira metade do século XX.
Téléchargements
Metrics
Références
de maio. (1935, 24 de maio). O Trabalho.
Ata da Reunião ocorrida em 28 set. 1932. (1932). Clube 28 de Setembro. Manuscrito.
Ata da Reunião ocorrida em 28 set. 1934. (1934). Clube 28 de Setembro. Manuscrito.
Barros, S. A. P. (2022). Sem romantizar e sem amnésia: história da educação como ferramenta para uma educação antirracista. In S. A. P. Barros, & A. L. Ecar (Orgs.), História da educação: formação docente e a relação teoria-prática (pp. 169-188). FEUSP.
Barros, S. A. P., & Bezerra, A. C. D. R. (2020). Não brancos(as) e periféricos(as): histórias da docência no Brasil. Revista Brasileira de Educação, 25, 1-26. https://doi.org/10.1590/S1413-24782020250042
Bicudo, V. L. (2010). Atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo. Editora Sociologia e Política.
Bomeny, H. (1980). A estratégia da conciliação: Minas Gerais e a abertura política dos anos 1930. In A. C. Gomes (Org.), Regionalismo e centralização política: partidos e Constituinte nos anos 1930 (pp. 133-236). Nova Fronteira.
Campos, F. (1929, 3 de março). Pelo ensino. Minas Gerais.
Campos, F. (1930). Pela civilização mineira. Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.
A candidatura do dr. Corrêa Beraldo. (1934a, 29 de setembro). Semana Religiosa.
Carvalho, M. M. C. (1989). A escola e a República. Brasiliense.
Cooper, F. (2018). Citizenship, inequality, and difference: historical perspectives. Princeton University Press.
Domingues, P. (2008). Um “templo de luz”: Frente Negra Brasileira (1931-1937) e a questão da educação. Revista Brasileira de Educação, 13(39), 517-534. https://doi.org/10.1590/S1413-24782008000300008
Domingues, P. (2023). Clubes negros no Brasil: puzzle de um campo emergente. Revista Mundos do Trabalho, 15, 1-22. https://doi.org/10.5007/1984-9222.2023.e93849
Dossiê “História da educação e populações negras”. (2022). Revista Brasileira de História da Educação, 22.
Dossiê “Negros e educação”. (2002). Revista Brasileira de História da Educação, 2(2).
Escola de primeiras letras. (1924, 8 de agosto). Semana Religiosa.
A escola sem Deus. (1930, 8 de novembro). Semana Religiosa.
Espíndola, E. M. (2016). A criação da Escola Profissional Delfim Moreira em Pouso Alegre (MG). Argumentos Pró-Educação, 1(2), 298-315. https://doi.org/10.24280/ape.v1i2.97
Faria Filho, L. M., & Vidal, D. G. (2000). Os tempos e os espaços escolares no processo de institucionalização da escola primária no Brasil. Revista Brasileira de Educação, (14), 19-34. https://doi.org/10.1590/S1413-24782000000200003
Ferreira, M. M., & Pinto, S. C. S. (2008). A crise dos anos 1920 e a Revolução de 1930. In J. Ferreira, & L. A. N. Delgado (Orgs.), O Brasil Republicano: o tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930 (3a ed., pp. 387-416). Civilização Brasileira.
Festival artístico. (1933, 20 de maio). Semana Religiosa.
Fonseca, M. V., & Barros, S. A. P. (Orgs.). (2016). A história da educação dos negros no Brasil. EDUFF.
Gomes, F., Araújo, C. E. M., & Mac Cord, M. (2017). Para não dizer que não falei de flores: educação, história e exclusão. In F. Gomes, C. E. M. Araújo, & M. Mac Cord (Orgs.), Rascunhos cativos: educação, escolas e ensino no Brasil escravista (pp. 9-16). 7 Letras.
Gomes, N. L. (2017). O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Vozes.
Grande nome da política mineira. (1934, 2 de outubro). O Jornal.
Instrução. (1922, 8 de junho). 28 de Setembro.
Julia, D. (2001). A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da Educação, 1(1), 9-43.
O Linguarudo. (1933, 24 de março). Clube 28 de Setembro.
Lucindo, W. R. S. (2010). Educação no pós-abolição: um estudo sobre as propostas educacionais de afrodescendentes (São Paulo, 1918-1931). Casa Aberta.
Minas Gerais. (1933). Anais do Conselho Consultivo do Estado de Minas Gerais. Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.
Minas Gerais. (1935). Coleção dos decretos do ano de 1934. Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.
A missão da nossa escola. (1937, 13 de março). Semana Religiosa.
Notas e informações. (1932, 27 de agosto). Semana Religiosa.
Nova escola em nossa terra. (1934b, 18 de novembro). Semana Religiosa.
Nunes, C. (2001). As políticas públicas de educação de Gustavo Capanema no Governo Vargas. In H. Bomeny (Org.), Constelação Capanema: intelectuais e políticas (pp. 103-125). Editora FGV.
Peixoto, A. M. C. (1983). Educação no Brasil anos vinte. Edições Loyola.
Pelas escolas. (1936, 19 de dezembro). Semana Religiosa.
Perussatto, M. K. (2022). Escola noturna “O Exemplo”: educação e emancipação dos trabalhadores na imprensa negra do pós-abolição (Porto Alegre, Rio Grande do Sul). Revista Brasileira de História da Educação, 22, 1-25. https://doi.org/10.4025/rbhe.v22.2022.e217
Reclamação. (1935, 8 de fevereiro). Ação Operária.
Ribeiro, J. (2018). Vou aprender a ler pra ensinar meus camaradas: associativismo negro e educação no pós-abolição. Revista de História e Historiografia da Educação, 2(5), 53-75. https://doi.org/10.5380/rhhe.v2i5.57881
Ribeiro, J. (2021). História e historiografia do associativismo negro em Minas Gerais. In M. L. Cassoli (Org.), 300 anos de histórias negras em Minas Gerais: temas, fontes e metodologias (pp. 167-188). Paco Editorial.
Romão, J. (Org.). (2005). História da educação dos negros e outras histórias. SECAD.
Schueler, A. F. M., & Magaldi, A. M. B. M. (2009). Educação escolar na Primeira República: memória, história e perspectivas de pesquisa. Tempo, 13(26), 32-55. https://doi.org/10.1590/S1413-77042009000100003
Silva, F. O. (2017). As lutas políticas nos clubes negros: culturas negras, racialização e cidadania na fronteira Brasil/Uruguai no pós-abolição (1870-1960) [Tese de Doutorado]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Sousa, K. A. (2022). Clubes sociais negros e agência educadora negra no século XX: o Grêmio Recreativo e Familiar Flor de Maio. Revista Escritas, 13(02), 116-136. https://doi.org/10.20873/vol13n02pp116-136
Souza, R. F. (1999). Tempos de infância, tempos de escola: a ordenação do tempo escolar no ensino público paulista (1892-1933). Educação & Pesquisa, 25(2), 127-143. https://doi.org/10.1590/S1517-97021999000200010
Souza, R. F. (2016). A configuração das Escolas Isoladas no estado de São Paulo (1846-1904). Revista Brasileira de História da Educação, 16(2[41]), 341-337. http://dx.doi.org/10.4025/rbhe.v16i2.931
Tavares, A. C. (1935). Relatório de Inspeção Escolar (13 dez. 1935). In Boletim Mensal da Secretaria de Educação e Saúde Pública. Imprensa Oficial de Minas Gerais. Manuscrito.
O trabalho. (1936, 7 de fevereiro). Escola do Clube 28 de Setembro.
Veiga, C. G. (2019). Infância subalterna: dimensões históricas das desigualdades nas condições de ser criança (Brasil, primeiras décadas republicanas). Perspectiva, 37(3), 767-790. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e53978
Viana, I., & Gomes, F. (2022). Para não “cavilar os sentidos” ou “sem designar cores”: narrativas, eventos e sujeitos no (do) ensino de história – notas sobre racialização e cidadania no Brasil Império. In I. Viana, & F. Gomes (Orgs.), Dos letramentos: escravidão, escolas e professores no Brasil oitocentista (pp. 241-254). Malê.
Vidal, D. G., & Biccas, M. S. (2008). As múltiplas estratégias de escolarização do social em São Paulo (1770-1970): cultura e práticas escolares. In D. G. Vidal, & M. S. Biccas (Orgs.), Educação e reforma: o Rio de Janeiro nos anos 1920-1930 (pp. 19-44). Argvmentvm.
Vidal, D. G., & Faria Filho, L. M. (2002). Reescrevendo a história do ensino primário: o centenário da lei de 1827 e as reformas Francisco Campos e Fernando de Azevedo. Educação & Pesquisa, 28(1), 31-50. https://doi.org/10.1590/S1517-97022002000100003
Vidal, D. G., & Faria Filho, L. M. (2003). História da educação no Brasil: a constituição histórica do campo (1880-1970). Revista Brasileira de História, 23(45), 37-70. https://doi.org/10.1590/S0102-01882003000100003
Vincent, G., Lahire, B., & Thin, D. (2001). Sobre a história e a teoria da forma escolar. Educação em Revista, 17(33), 7-47.
Zica, M. C. (2021). Da educação como arte de viver e suas tentativas ao longo do tempo. In M. C. Zica (Org.), Experiências formativas não escolares: teoria & história da educação (pp. 25-38). EDUFCG.
Copyright (c) 2024 Jonatas Roque Ribeiro (Autor)

Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico consistem na licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado) para quaisquer fins, inclusive comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.
Funding data
-
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Grant numbers Processo 2022/15052-5 -
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Grant numbers Chamada Nº 30/2023