Limpos e robustos

higienização dos alunos na Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa (1927-1935)

Palavras-chave: sanitarismo, práticas higiênicas, verminoses, medicalização

Resumo

Objetivou-se analisar a mobilização de ferramentas higiênicas no projeto formador da Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa, nos primeiros anos de funcionamento (1927-1935). Para tanto, foram analisados documentos institucionais – estatutos, relatórios, questionários, entre outros –, a partir do aporte metodológico da História Cultural, por Certeau (2015) e Chartier (1988). Identificou-se a adoção de ferramentas para o combate às verminoses e o aprimoramento do peso corporal dos alunos, com destaque às práticas corporais. Em 1934, o médico dr. Raymundo Faria foi contratado, reforçando o intuito higiênico das práticas corporais e radicalizando o combate às verminoses. Conclui-se que as ferramentas mobilizadas na ESAV tiveram como finalidade de medicalizar os corpos dos alunos

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Biografia do Autor

Pedro de Oliveira Milagres, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil

Licenciado em Educação Física e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Anderson da Cunha Baía, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil

Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Doutor e Pós-doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFV.

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Publicado
2024-06-01
Como Citar
Milagres, P. de O., & Baía, A. da C. (2024). Limpos e robustos. Revista Brasileira De História Da Educação, 24(1), e331. https://doi.org/10.4025/rbhe.v24.2024.e331