“Liberdade com responsabilidade”

o projeto educativo de Henriette Amado nos tempos da ditadura militar (Guanabara, de 1965 a 1971)

Palavras-chave: classes secundárias experimentais, Colégio Estadual André Maurois, Henriette Amado, ditadura militar

Resumo

O tema deste artigo é a repressão e a censura das classes secundárias experimentais no Colégio Estadual André Maurois (CEAM) no Estado de Guanabara, implementadas por Henriette Amado durante o período da ditadura militar. A pesquisa de natureza qualitativa  usou como fontes os livros de memória de Henriette Amado, as notícias publicadas em periódicos de grande circulação e o inquérito nº 1471 do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do Estado da Guanabara, instaurado em 1971. A partir da análise do discurso, conclui-se que a continuidade das classes experimentais foi inviabilizada pelo processo de repressão imposto pela ditadura militar, que desqualificou a proposta pedagógica e a considerou como uma ameaça ao regime, causando prisões de estudantes e professores. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Patrícia Coelho da Costa, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Professora Associada da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Integra o Programa de Pós-Graduação em Educação PUC-Rio e o Programa de Pós-Graduação em Ensino de História (ProfHistória). Coordena o grupo de pesquisa Educação, História e Comunicação e é pesquisadora Jovem Cientista do Nosso Estado. Atua principalmente nos seguintes temas: história do ensino de História, radioeducação, reformas educacionais, ensino secundário e as classes experimentais.

Daniel Vilaça, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Possui graduação e licenciatura em Letras, especialização em literatura infantil e juvenil e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutorando em Ciências Humanas – Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, na linha de pesquisa “Desigualdades Sociais, Políticas Públicas e Instituições”, sendo membro do grupo “Educação, História e Comunicação”, coordenado pela Profª. Drª. Patrícia Coelho da Costa. Professor do Departamento de Francês no Campus Realengo II do Colégio Pedro II, onde ainda participa do Núcleo de Estudos Franco-Brasileiros.

Referências

Abreu, A. A. de, & Paula, C. J. de. (2014). Sá Freire Alvim. In Dicionário da política republicana do Rio de Janeiro (pp. 34–35). Editora FGV/CPDOC.

Alves, C. (2019). Contribuições de Jean-François Sirinelli à história dos intelectuais da educação. Educação e Filosofia, 33(67), 27-55. https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/47879

Amado, G. [Gildásio]. (1973). Educação média e fundamental. Rio de Janeiro, Brasília: Livraria José Olympio/Instituto Nacional do Livro/MEC.

Amado, G. [Giovanni]. (2020). A genealogia dos Amado no Brasil: Memória e patrimônio, iconografia e genealogia. [s.l.]: [s.n.].

Amado, H. de H. (1971, 2 de setembro). Serviço Nacional de Informações (Processo nº 1471, Código de Referência: BR DFANBSB V8.MIC, GNC.CCC.82006516). Arquivo Nacional - Banco de Dados Memórias Reveladas - Ministério da Justiça.

Amado, H. de H. (1978, 24 de novembro). Serviço Nacional de Informações (Informação nº 129/116/ARJ/78, BR DFANBSB V8.MIC, GNC.AAA.78115698 - Dossiê). Arquivo Nacional - Banco de Dados Memórias Reveladas - Ministério da Justiça.

Amado, H. de H. (1981). Exercício de vida. Rio de Janeiro: Codecri.

Amado, H. de H., Mesquita, S. D., Dourado, C., & Vital Brazil, C. (1972). Uma experiência interrompida. Rio de Janeiro: Editora Lidador.

Barros, T. (1968, 10 de março). A alegre escola de D. Henriette. Correio da Manhã, p. 3.

Bourdieu, P. (2022). A economia das trocas linguísticas: O que falar quer dizer. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Carmo, A. X. do. (2018). Henriette Amado e seu legado ao Colégio Estadual André Maurois [Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro]. https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/10783

Certeau, M. de. (2014). A invenção do cotidiano: Vol. 1. Artes de fazer (22ª ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.

Chiozzini, D. F., Fagionato, Y. F. C. de O., Marques, S. M. L., & Mannini, B. (2023). Conexões entre classes secundárias experimentais e os ginásios vocacionais (década de 1950 e 1960, Brasil). In N. Dallabrida (Org.), “Brechas no monólito educacional”: Classes secundárias experimentais e inovação do ensino secundário nos anos de 1950 e 1960 (pp. 369–391). Curitiba: Appris.

Chirio, M. (2012). A política nos quartéis: Revoltas e protestos de oficiais na ditadura militar brasileira (A. Telles, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.

Coutinho, M. A. de G. C., & Gouvêa, F. C. F. (2019). Flexa Ribeiro: Secretário de educação de Carlos Lacerda na Guanabara (1960–1965). Educação em Perspectiva, 10, 1–13. https://periodicos.ufv.br/educacao-emperspectiva/article/view/7103

Cunha, N., & Abreu, J. (1963). Classes secundárias experimentais - balanço de uma experiência. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 40(91), 90–151.

Dallabrida, N. (2017). As classes secundárias experimentais: Uma tradição escolar (quase) esquecida. Revista Brasileira de História da Educação, 17(3), 213–234. https://doi.org/10.4025/rbhe.v17n3.978

Dallabrida, N., & Chiozzini, D. (2016). Experimentalismo no ensino secundário nos anos 1950 e 1960. Cadernos de História da Educação, 15(2), 464–467. https://doi.org/10.14393/che-v15n2-2016-1

Elias, N. (2018). Introdução à sociologia. Edições 70.

Ela sabe afastar o jovem do vício. (1971, 7 de agosto). O Jornal, p. 1.

Fernandes, R. (1980, 20 de junho). Henriette: Os jovens não podem ser violentados. Tribuna da Imprensa, p. 9.

Ferreira Jr., A., & Bittar, M. (2008). Educação e ideologia tecnocrática na ditadura militar. Cadernos CEDES, 28(76), 333–355. https://doi.org/10.1590/s0101-32622008000300004

Fico, C. (2012). Espionagem, polícia política, censura e propaganda: Os pilares básicos da repressão. In J. Ferreira & L. d. A. N. Delgado (Eds.), O tempo da ditadura: Regime militar e movimentos sociais em fins do século XX (5ª ed., pp. 167–205). Civilização Brasileira.

Gomes, A. d. C., & Hansen, P. S. (2016). Intelectuais, mediação cultural e projetos políticos: Uma introdução para a delimitação do objeto de estudo. In A. d. C. Gomes & P. S. Hansen (Eds.), Intelectuais mediadores: Práticas culturais e ação política (pp. 7–37). Civilização Brasileira.

História. (s.d.). Colégio Andrews. Recuperado de https://www.andrews.g12.br/paginas/historia

Keller, V. (2014). Carlos Lacerda. In A. A. d. Abreu & C. J. d. Paula (Eds.), Dicionário da política republicana do Rio de Janeiro (pp. 625–636). Editora FGV/CPDOC.

Keller, V. (s.d.). San Tiago Dantas. In Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro. Recuperado em 13 de maio de 2024 de https://www18.fgv.br/CPDOC/acervo/dicionarios/verbetes-biograficos/francisco-clementino-de-san-tiago-dantas

Le Goff, J. (2013). Documento/monumento. In História e memória (B. Leitão, I. Ferreira, & S. F. Borges, Trads.; 7ª ed., pp. 485–499). Editora da Unicamp.

Leal, C. E. (s.d.). Tribuna da imprensa. In Atlas histórico do Brasil. Editora FGV/CPDOC. Recuperado em 6 de maio de 2024 de https://atlas.fgv.br/verbete/6390

Levi, G. (2011). Sobre a micro-história. In P. Burke (Ed.), A escrita da história: Novas perspectivas (pp. 135–163). Editora Unesp.

Lôbo, Y. L. (2002). D. Myrthes: A secretária de educação e cultura da fusão. In Anais do II Congresso Brasileiro de História da Educação – Memória da Educação Brasileira. Sociedade Brasileira de História da Educação. Recuperado de https://drive.google.com/file/d/1FJpHdsK6Bt2QLbkETszzqyn8ItBHStva/view?usp=drive_link

Lobo Neto, F. J. d. S. (2002). Gilson Amado. In M. d. L. d. A. Fávero & J. d. M. Britto (Eds.), Dicionário de educadores no Brasil: Da colônia aos dias atuais (2ª ed., pp. 420–424). Editora UFRJ/MEC-Inep-Comped.

Maconha no André Maurois tem ciência da diretora. (1971, 5 de agosto). Diário de Notícias, p. 3.

Martins, M. d. C. (2014). Reflexos reformistas: O ensino das humanidades na ditadura militar brasileira e as formas duvidosas de esquecer. Educar em Revista, (51), 37–50. https://doi.org/10.1590/s0104-40602014000100004

Milanez, L. (2007). TVE: Cenas de uma história. ACERP.

Motta, M. d. S. (2001). Rio de Janeiro: De cidade-capital a Estado da Guanabara. Editora FGV.

Motta, M. d. S., & Mauad, A. M. (2015). Nos tempos da Guanabara - Uma história visual (1960–1975) (P. Knauss, Ed.). Bazar do Tempo e Edições de Janeiro.

Oliveira, G. F. S., & Vaz, A. F. (2023). Campanhismo, modelo e função social: O caso da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário CADES (1953–1969). Revista Tempos e Espaços em Educação, 16(35), e18891. https://doi.org/10.20952/revtee.v16i35.18891

Orlandi, E. P. (1998). Paráfrase e polissemia: A fluidez do simbólico. Rua, 4(1), 9–20. https://doi.org/10.20396/rua.v4i1.8640626

Orlandi, E. P. (2007). As formas do silêncio: No movimento dos sentidos (6ª ed.). Campinas, SP: Editora da Unicamp.

Orlandi, E. P. (2023). A linguagem e seu funcionamento: As formas do discurso (7ª ed.). Campinas, SP: Pontes.

Osório, M. (2005). Rio nacional Rio local: Mitos e visões da crise carioca e fluminense. Editora Senac Rio.

Pinto, D. C. (2002). Gildásio Amado. In M. d. L. A. Fávero & J. d. M. Britto (Orgs.), Dicionário de educadores no Brasil: Da colônia aos dias atuais (2ª ed., pp. 414–419). Editora UFRJ/MEC-Inep-Comped.

Pollak, M. (1989). Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, 2(3), 3–15.

Prost, A. (2015). Doze lições sobre a história (G. J. d. F. Teixeira, Trad.; 2ª ed.). Autêntica Editora. (Obra original publicada em 1996)

Ribeiro, R. F. (2023). Por uma revolução conservadora: O centro acadêmico de estudos jurídicos e o fascismo no contexto da revolução de 1930. Sociologia & Antropologia, 13(2). https://doi.org/10.1590/2238-38752023v13210

Rosa, F. T. d., & Dallabrida, N. (2016). Circulação de ideias sobre a renovação do ensino secundário na revista Escola Secundária (1957–1961). História da Educação, 20(50), 259–274. https://doi.org/10.1590/2236-3459/61595

Saviani, D. (2021). História das ideias pedagógicas no Brasil (6ª ed.). Autores Associados.

Savoye, A. (2010). Réforme pédagogique, réforme disciplinaire: L’expérience des Classes nouvelles dans l’enseignement du second degré (1945–1952). In R. D’Enfert & P. Kahn (Eds.), En attendant la réforme: Disciplines scolaires et politiques éducatives sous la IVe République (pp. 51–64). Presses Universitaires de Grenoble.

Servidores dão a solução para pagar aumento na GB. (1971, 5 de agosto). Correio da Manhã, p. 2.

Siqueira, M. N. (2011). O movimento estudantil na Guanabara de 1964 a 1968: Contexto, objetivos, estratégias e consequências. Diálogos, 15(2).

Sirinelli, J.-F. (2003). Os intelectuais. In R. Rémond (Org.), Por uma história política (2ª ed., pp. 231–269). Rio de Janeiro: Editora FGV.

Souza, R. F. (2008). A renovação didática da escola secundária brasileira nos anos 60. Linguagens, Educação e Sociedade, 13(18), 142–156. https://periodicos.ufpi.br/index.php/lingedusoc/article/view/1536

Unir vida-escola é o objetivo do André Maurois. (1969, 16 de outubro). Correio da Manhã, p. 5.

Vieira, F. G., & Dallabrida, N. (2022). Representações das classes secundárias experimentais construídas por Gildásio Amado (1958–1973). Educação e Pesquisa, 48, e246923. https://doi.org/10.1590/s1678-4634202248246923

Publicado
2025-05-01
Como Citar
Costa, P. C. da, & Santos, D. V. dos. (2025). “Liberdade com responsabilidade”. Revista Brasileira De História Da Educação, 25(1), e375. https://doi.org/10.4025/rbhe.v25.2025.e375