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n. 61 (2015)Análise do Primeiro Trimestre de 2015
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n. 60 (2015)O Boletim 60 apresenta as análises do quarto trimestre de 2014 e o fechamento do ano de 2014.
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Edição Especial
2014A Sinopse estatística 20 anos de Conjuntura Econômica é uma publicação do projeto de extensão Conjuntura Econômica Brasileira: Divulgação de Análises do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá em comemoração aos seus 20 anos de existência.
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n. 50
O Boletim de Conjuntura Econômica de número 50, publicado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá, analisa o comportamento conjuntural da economia brasileira no quarto trimestre/2011, com o fechamento do ano, e no primeiro trimestre/2012, sempre comparando com os mesmos períodos do ano anterior.
No fechamento do ano de 2011, houve melhora nos indicadores das contas públicas. A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) caiu em proporção do Produto Interno Bruto (PIB), apesar de um ligeiro aumento da Dívida Mobiliária Interna (DMF), também como proporção do PIB. Este resultado foi uma combinação do aumento da arrecadação de tributos federais, elevação do resultado primário, quando comparado com o do ano anterior, e redução da Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP), apesar do aumento das despesas com juros. No primeiro trimestre/2012, manteve-se a tendência de melhoria nos indicadores do setor público: a arrecadação dos tributos federais cresceu numa proporção superior à das despesas; o resultado primário aumentou; os juros sobre a dívida pública foram menores, em razão da redução da taxa Selic e a NFSP foi menor. Como consequência, tanto a DMF quanto a DLSP diminuíram em proporção do PIB.
Na política monetária, teve continuidade a flexibilização iniciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em agosto/2011. A taxa Selic foi reduzida em todas as reuniões realizadas no período em análise, passando de 12% ao ano no terceiro trimestre/2011 para 9,75% a.a. ao final do primeiro trimestre/2012. Pesaram nestas decisões, além da inflação sob controle, o cenário internacional de crise e a desaceleração do crescimento da economia brasileira. A oferta de crédito na economia continuou crescendo fortemente, alcançando 49,2% do PIB em março/2012. As modalidades de crédito que mais cresceram foram crédito pessoal, financiamento imobiliário e operações do BNDES. Quanto aos juros finais, ocorreram dois movimentos: no último trimestre/2011 as taxas de juros caíram, acompanhando os cortes na taxa Selic; já no primeiro trimestre/2012, as taxas finais cresceram, apesar da redução da Selic, em parte, devido ao aumento da inadimplência.
O saldo registrado na balança comercial brasileira aumentou 47,9% em 2011, puxado pelo aumento de 26,81% no valor das exportações. Este resultado foi influenciado, principalmente, pelo aumento dos preços das commodities, como alimentos, petróleo, minério de ferro, entre outros. A Ásia foi o principal destino das exportações brasileiras em 2011. Por outro lado, as importações cresceram 24,47%, com destaque para matérias-primas e bens de consumo. O déficit no balanço de pagamentos em conta corrente aumentou 11,19% em relação ao do ano anterior, mas a conta capital mais que compensou este saldo, crescendo 12,19%, com destaque para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), o que é um bom indicador para a economia brasileira. As reservas internacionais também cresceram ao longo de 2011, atingindo US$352 bilhões. Por sua vez, a taxa de câmbio apresentou dois movimentos distintos ao longo do ano: apreciação no primeiro trimestre e depreciação no segundo, fechando o ano com uma taxa nominal de R$1,88, ou seja, uma depreciação de 12,6% em relação à do ano anterior. No primeiro trimestre/2012, também houve aumento das exportações e do saldo da balança comercial. Contudo, registrou-se queda nos IEDs e na conta capital, em comparação a igual período do ano anterior, mas ainda suficiente para financiar o déficit em transações correntes. Ao longo do primeiro trimestre/2012 o câmbio manteve-se praticamente estável e as reservas internacionais aumentaram.
Todos os índices de preços analisados apresentaram, em 2011, variação superior à da meta de inflação de 4,5%, com destaque para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação, que acumulou variação de 6,51% no ano. No caso do IPCA, as maiores elevações de preços ocorreram nos grupos alimentação, habitação e despesas pessoais. Apesar do comportamento da inflação, o Banco Central do Brasil, através do Copom, manteve a política de redução da taxa básica Selic, demonstrando mais preocupação com o desempenho da nossa economia e com a crise na economia mundial. Já no primeiro trimestre/2012, houve uma desaceleração da inflação acumulada nos doze meses anteriores, medida pelo IPCA, que passou de 6,51% em dezembro/2011 para 5,24% em março/2012. Esta desaceleração da inflação, apesar de superior ao centro da meta que é de 4,5%, levou o Copom a manter a redução da taxa Selic, priorizando o crescimento econômico.
No tocante ao setor agropecuário, cabe destacar significativas mudanças tanto em aspectos internos quanto externos. Quanto ao mercado externo, os estoques mundiais de forma geral estiveram em baixa, especialmente o milho. A China passou de sexta para segunda posição em termos de importação de açúcar. A Colômbia teve uma recuperação depois de sofrer com as infestações de seus cafezais e o Brasil aumentou a sua participação nas exportações de cafés especiais. No que tange ao mercado interno, depois de 21 anos a soja perdeu sua hegemonia de produto com o maior valor bruto da produção, sendo suplantada pela cana-de-açúcar. Houve uma expansão da fronteira agrícola, e com isto a região denominada como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) já representa 10% da soja produzida no Brasil. Quanto à carne bovina, a questão da aftosa ainda esteve presente, destacando a preocupação do governo em controlar o fluxo de animais com o vizinho Paraguai. Enfim, o boom das commodities, vivenciado no setor agrícola, arrefeceu, porém, os baixos estoques mundiais e possíveis frustrações de safras poderão determinar futuras elevações de preço.
No último trimestre/2011 e no primeiro de 2012 confirmou-se a desaceleração do crescimento da economia brasileira, ficando abaixo das expectativas e das estimativas oficiais. Esta desaceleração foi puxada, principalmente, pelo setor industrial que apresentou o menor desempenho. Em 2011 a economia brasileira cresceu 2,7% e a indústria apenas 0,5%. Pelo lado da demanda, destaque para o crescimento do consumo das famílias em 4,1% no ano. Apesar do baixo crescimento econômico, outros indicadores da atividade econômica foram positivos: a taxa de desemprego continuou caindo; o salário-mínimo e o rendimento médio dos trabalhadores aumentaram e as vendas no comércio varejista cresceram. Enfim, a demanda interna foi estimulada pelo crédito e pelas reduções de tributos.
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n. 49
Neste Boletim de Conjuntura Econômica de número 49, publicado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá, é analisado o comportamento da economia brasileira no terceiro trimestre/2011, comparativamente ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2010.
No período analisado, as contas públicas apresentaram indicadores contraditórios. Por um lado, manteve-se a trajetória de forte crescimento das receitas federais, acima de 12% no trimestre e no acumulado no ano. Ocorreu, também, queda nas despesas do Tesouro Nacional e o resultado primário, acumulado até setembro, melhorou. Por outro lado, a elevação da taxa Selic média resultou em aumento das despesas com juros e elevação da Necessidade de Financiamento do Setor Público. Por último, os indicadores de endividamento melhoraram, principalmente a Dívida Líquida do Setor Público que caiu em proporção do Produto Interno Bruto, influenciada pelo aumento das reservas internacionais e pela desvalorização cambial.
Com relação à política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o ciclo de altas da taxa Selic e promoveu uma redução de 0,5 ponto percentual na reunião de 31 de agosto, passando para 12% ao ano, levando em consideração o cenário internacional e a inflação interna. A oferta de crédito continuou crescendo fortemente, com taxas de 5,1% no trimestre e 19,6% em doze meses, enquanto as taxas de juros finais, para pessoas físicas e jurídicas, registraram ligeira queda.
O saldo registrado na balança comercial no terceiro trimestre/2011 foi o dobro, em relação ao do mesmo período do ano anterior, sendo que as exportações cresceram 28,62%, puxadas, principalmente, por produtos básicos e semimanufaturados. Por outro lado, as importações cresceram 21,0%. O déficit na conta de serviços e rendas também cresceu fortemente, 26,13%, resultando em um saldo negativo de US$10,65 bilhões em transações correntes. Este déficit foi plenamente compensado pelo saldo de US$25,5 bilhões na conta capital e financeira, com resultado final positivo no balanço de pagamentos e aumento das reservas internacionais. Estes resultados continuaram a influenciar a taxa de câmbio, que fechou o trimestre em R$1,85, com depreciação de 18,8%.
O principal destaque na análise do desempenho dos preços neste terceiro trimestre/2011 pode ser atribuído ao comportamento do Copom, ao definir a nova taxa de juros. Mesmo num ambiente de elevação de preços, ele contrariou procedimentos anteriores, reduzindo a taxa Selic ao invés de aumentá-la. Tal atitude ocorreu em virtude das expectativas negativas quanto ao desempenho das economias desenvolvidas, cujo desaquecimento afetaria a demanda doméstica nos próximos meses, contribuindo para a contenção dos preços, sem que houvesse a necessidade da elevação da taxa de juros.
No tocante ao setor agropecuário, o fator clima trás uma série de inquietações quanto à produção de grãos, sendo consenso que haverá quedas de produtividade para os principais produtores de soja e milho. No Brasil, os efeitos climáticos afetaram a produção na região Sul do Brasil, enquanto que a nova fronteira agrícola se expande na região conhecida como MATOPIBA, com preços mais elevados e demanda chinesa em alta no cenário internacional. O setor sucroalcooleiro se depara com uma das mais severas quedas na produção de cana, das últimas duas décadas, fator que afeta sobremaneira o preço dos combustíveis. No setor carnes, destaca-se a preocupação com focos de aftosa no Paraguai e embargos da Rússia.
Por último, constatou-se que a economia brasileira ficou estagnada no terceiro trimestre do ano, em comparação à do trimestre anterior, confirmando a tendência de desaceleração já identificada em análises anteriores. Com relação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de apenas 2,1%. A indústria foi o setor que mais contribuiu para a desaceleração da economia, que só não foi maior graças ao desempenho da agropecuária. Apesar destes resultados, a taxa de desemprego permaneceu baixa e estável em 6%, enquanto as vendas no comércio varejista cresceram 6,2%.
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n. 48
O Boletim de Conjuntura Econômica, do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá, de número 48 analisa o comportamento conjuntural da economia brasileira no segundo trimestre/2011, com o fechamento do primeiro semestre do ano. Como pontos positivos deste período podem ser destacados a melhoria nas contas públicas, o aumento das receitas com as exportações e do saldo positivo na balança comercial, o bom desempenho do setor agropecuário e melhores indicadores no mercado de trabalho. Por outro lado, houve aumento da pressão inflacionária, elevação da taxa básica de juros e desaceleração do crescimento econômico.
Os indicadores fiscais melhoraram em razão, principalmente, do aumento da arrecadação federal em 13,0% acima da inflação. Com o crescimento inferior das despesas federais, houve aumento do resultado primário e diminuição da Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP). Como consequência, a Dívida Mobiliária Federal (DMF) e a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) diminuíram, em proporção do Produto Interno Bruto (PIB).
Houve mudança na política monetária no primeiro semestre/2011 em relação à do ano de 2010. A taxa Selic foi elevada de 11,25% para 12,25% ao ano. Este ajuste na política monetária foi uma resposta às pressões inflacionárias registradas no período. Todos os índices de preços analisados registraram alta em relação aos do ano anterior, ficando acima da meta de 4,5%. Apesar deste aperto na política monetária, o crédito continuou crescendo e atingiu 47,2% do PIB em junho/2011.
As contas do balanço de pagamento mostraram melhoria no saldo da balança comercial no primeiro semestre/2011, motivada, principalmente, pelo aumento dos preços dos produtos exportados pelo Brasil. O saldo negativo no balanço de pagamentos em conta corrente continuou elevado, mas financiado integralmente pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED). A entrada de moeda estrangeira no país continuou a pressionar a taxa de câmbio, com apreciação cambial no período analisado.
O setor agropecuário brasileiro apresentou boas perspectivas de aumento da produção, da demanda, das exportações e dos preços, principalmente para soja, milho, café e carnes. O mesmo não aconteceu em relação ao trigo, que o Brasil é importador, e também com o setor sucroalcooleiro, com queda na produtividade e na produção.
Na análise da atividade econômica, verificou-se desaceleração na taxa de crescimento da economia, principalmente no segundo trimestre/2011, apesar do bom desempenho no mercado de trabalho formal e informal, com uma das menores taxas de desemprego dos últimos anos.
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n. 47
O comportamento conjuntural da economia brasileira no quarto trimestre/2010 e no primeiro trimestre/2011 é o objeto de análise desta quadragésima sétima edição do Boletim de Conjuntura Econômica do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá. Os destaques positivos deste período podem ser atribuídos à melhoria da situação fiscal, à maior flexibilidade da política monetária, ao bom desempenho do setor agropecuário e ao crescimento do nível de atividade econômica, enquanto a elevação dos preços internos e o aumento do déficit em transações do balanço de pagamento podem ser considerados como os efeitos colaterais das atuais políticas econômicas mantidas pelo governo.
Na área fiscal, o governo manteve a boa performance da arrecadação federal, cujas receitas no período de janeiro a dezembro/2010 foram 9,6% superiores às do mesmo período do ano passado. Entretanto, o destaque negativo da gestão fiscal ficou por conta do crescimento das despesas públicas que, neste período, acumularam variação de 15,7% em relação ao montante gasto no ano anterior, com expressiva elevação dos gastos de custeio e de capital, que cresceram 35,10% em 2010. Apesar deste desempenho, o resultado nominal apresentou melhora, com redução da Necessidade de Financiamento do Setor Público de 3,34%, em 2009, para 2,56% do Produto Interno Bruto (PIB).
A política monetária durante o ano de 2010 foi marcada por uma maior flexibilidade, o que permitiu que a base monetária expandisse 24,6%, neste ano. Entretanto, no primeiro trimestre/2011, em razão do comportamento dos índices inflacionários, houve maior controle sobre a base monetária, com redução de 13,02% em relação à do último trimestre/2010. O maior destaque da área monetária pode ser atribuído às operações de crédito, que cresceram 20,5% no ano, alcançando a marca de 46,6% do PIB.
A análise do comportamento dos preços internos mostra que todos os índices de preços, acompanhados por este Boletim, apresentaram variações em 2010 superiores ao valor da meta que o governo estabeleceu para a inflação, de 4,5%. Destaque para o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), que registrou uma variação de 11,30%. Assim, como todos os índices apresentaram no primeiro trimestre/2011 valores muito elevados para um curto período de tempo, destaque para o Índice de Custo de Vida, calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (ICV/Dieese), que registrou uma variação de 2,62%. Esta situação retrata que será difícil para o governo fazer com que a inflação fique no patamar estabelecido como meta inflacionária para 2011.
Os resultados do balanço de pagamento mostram significativa queda do desempenho da balança comercial brasileira em 2010, que apesar de manter-se superavitária, representou uma variação negativa de 20,04% na comparação com a do ano anterior. Tal desempenho está associado ao elevado crescimento das importações em 2010, que aumentou 42,28%, enquanto as exportações cresceram 31,98%. No ano, o resultado em conta corrente foi deficitário em US$47,3 bilhões, equivalente a 2,28% do PIB, bastante superior ao déficit de US$24,3 bilhões, 1,52% do PIB, em 2009. O resultado negativo da conta corrente é explicado pelo elevado déficit na conta de serviços e rendas. Apesar de tais resultados, a conta capital e financeira encerrou o ano de 2010 com superávit de R$100,1 bilhões, com um aumento de 40,39% em relação à do ano anterior, contribuindo para que as reservas internacionais encerrassem o ano de 2010 com um montante recorde de US$288,6 bilhões.
No setor agropecuário, a conjuntura atual apresenta um cenário favorável. O PIB do setor agropecuário cresceu 6,5% em 2010 e a expectativa é que o valor bruto da produção cresça ainda mais, em razão dos preços permanecerem em elevação nos mercados internos e externos e o setor grãos colher uma safra recorde de 155,6 milhões de toneladas em 2010/2011, volume que representa 4% superior ao produzido na safra anterior.
Quanto ao nível de atividade econômica, cabe ressaltar a expressiva melhora do desempenho dos principais componentes do PIB neste período. Em 2010, verificou-se uma forte recuperação da economia, com uma das menores taxas de desemprego. O PIB apresentou um crescimento de 7,5%, com destaque para a formação bruta de capital fixo, que apresentou expansão de 21,8% em 2010 – maior taxa acumulada em quatro trimestres da série iniciada em 1996.
Como avaliação geral, cabe destacar que a melhoria dos indicadores do nível de atividade econômica acarretou certa pressão inflacionária, que comprometeu o cumprimento da meta inflacionária. A combinação de déficit em transações correntes e déficits nominais, associada à manutenção de taxas de juros elevadas e câmbio valorizado, não constituem em bons fundamentos para a obtenção de taxas de crescimento elevada em boas condições de sustentabilidade econômica.
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n. 46
Neste número do Boletim de Conjuntura Econômica são analisados os principais indicadores da economia brasileira no terceiro trimestre/2010, comparativamente ao mesmo período de 2009. De uma forma geral, a economia apresentou bom desempenho em seus principais fundamentos macroeconômicos.
A economia manteve sua trajetória de crescimento no trimestre, registrando uma variação de 8,4% no Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao mesmo período do ano anterior. Da mesma forma, houve forte crescimento na produção industrial, nas vendas do comércio e redução na taxa de desemprego.
Em relação à política monetária, o Banco Central elevou a taxa Selic para 10,75% na reunião de julho e a manteve nas duas reuniões seguintes. Em consequência, houve aumento nas taxas de juros finais, tanto para empresas quanto para pessoas, com exceção do crédito consignado que registrou queda em sua taxa de juro. Por outro lado, a oferta de crédito manteve sua trajetória de crescimento no período e atingiu 46,7% do PIB em setembro/2010. No período estudado, destaque para o aumento do crédito com recursos direcionados, incluindo as operações realizadas pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
No terceiro trimestre/2010 a Balança Comercial registrou um superávit de US$4,88 bilhões, mantendo a tendência de queda em relação à do ano anterior, que pode ser explicada pela apreciação cambial e pela redução da demanda externa combinada com o crescimento do mercado doméstico. O saldo final do Balanço de Pagamentos brasileiro foi positivo, registrando um saldo de US$17,83 bilhões, em grande parte, decorrente do saldo positivo na Conta Capital e Financeira que registrou US$27,83 bilhões, com acréscimo de 35% em relação à do mesmo período do ano anterior. Houve expressivo aumento dos investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira. Por sua vez, o saldo em Transações Correntes continuou negativo e em elevação no trimestre, atingindo um déficit de US$11,3bilhões. Mantendo a tendência de períodos anteriores, as reservas internacionais registraram aumento e a taxa de câmbio maior apreciação da moeda nacional em relação ao dólar.
Os índices de preços analisados indicam uma aceleração dos preços e da inflação no terceiro trimestre/2010, o que pode ser associado ao aquecimento da economia. A variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,50% no trimestre enquanto o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou elevação de 2,42%. A elevação da inflação está relacionada, principalmente, ao aumento dos preços livres, especialmente dos alimentos, o que influenciou na decisão do Banco Central de elevar a taxa Selic.
A análise da conjuntura agropecuária indica tendência de aumento nos preços agrícolas no mercado internacional, o que reflete no aumento dos preços interno e nas decisões de plantio e produção. No setor de grãos, existe a previsão de aumento na produção de soja e milho. Em relação ao setor de carnes, também há expectativa de aumento nas exportações e nos preços.
Nas contas públicas verifica-se um forte aumento na arrecadação federal, que registrou crescimento real de 13,2% no acumulado de janeiro a setembro/2010. Também houve aumento do resultado primário nas contas do governo, em relação às do ano anterior, alcançando 2,9% do PIB no acumulado de janeiro a setembro/2010. O resultado final das contas públicas foi melhor no terceiro trimestre/2010 em comparação com as do mesmo trimestre do ano anterior, pois reduziu a Necessidade de Financiamento do Setor Público. Como consequência, houve melhora nos indicadores da dívida pública, com ligeira redução da relação dívida/PIB.
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n. 45
Nesta quadragésima quinta edição do Boletim de Conjuntura Econômica, do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá, são analisados os comportamentos das principais variáveis e políticas macroeconômicas no segundo trimestre/2010. De uma forma geral, a economia apresentou desempenho razoável em seus principais fundamentos, com avanços e retrocessos dos indicadores. Os destaques positivos deste período podem ser atribuídos à estabilidade dos preços internos e à melhoria dos indicadores dos níveis de atividade econômica e, por outro lado, os destaques negativos podem ser atribuídos ao aumento do déficit em transações correntes do Balanço de Pagamento e à elevação da dívida interna pública.
Na área fiscal, o governo vem conseguindo obter boa performance na arrecadação federal, cujas receitas no período de janeiro a junho deste ano foram 13,97% superiores às do mesmo período do ano passado. Entretanto, o destaque negativo da gestão fiscal ficou por conta do crescimento das despesas públicas, que ao final do segundo trimestre/2010 acumularam variação de 18,14% superiores ao montante gasto em igual período do ano anterior. Apesar deste desempenho, o resultado nominal apresentou melhora. Houve uma redução da Necessidade de Financiamento do Setor Público neste período devido, principalmente, ao aumento da arrecadação do governo federal e à queda das taxas de juros,
A política monetária deste período foi marcada por uma pequena expansão da Base Monetária, que ficou 1,86% maior que a do primeiro trimestre/2010. Tal política está em consonância com o aumento do Produto Interno Bruto verificado no primeiro semestre e com a entrada de recursos externos no país. Entretanto, o principal destaque foram as seguidas altas da taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic, que aumentou de 8,75% em abril para 10,25% ao ano, em junho.
A análise do comportamento dos índices de preços no segundo trimestre/2010 reflete uma menor aceleração da inflação, decorrente dos primeiros indícios de possível desaquecimento da economia, com o fim da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e com o aumento da taxa de juros nos meses de abril e junho. A maioria dos índices apresentou trajetória de queda, tendo uma inflação menor que a dos meses anteriores. Tal comportamento pode indicar que foram amenizadas as pressões inflacionárias que surgiram desde o final do ano passado.
O comportamento dos indicadores do setor externo não mostra a mesma performance de anos anteriores. A balança comercial, embora tenha apresentado superávit de US$6,99 bilhões no segundo trimestre/2010, registrou uma variação negativa de 35,91% na comparação com a do ano anterior, fruto da apreciação do real frente ao dólar e da baixa demanda externa. O saldo em transações correntes apresentou o maior déficit para um primeiro semestre da série, explicado pela deterioração da balança comercial e pelo aumento no déficit na conta de serviços e rendas, principalmente pelo crescimento das remessas de lucros e dividendos das empresas transnacionais para o exterior. As perspectivas para os próximos meses são de agravamento deste quadro.
Quanto ao nível de atividade econômica, cabe ressaltar a expressiva melhora do desempenho dos principais componentes do Produto Interno Bruto neste segundo trimestre/2010, quando comparado ao do mesmo período do ano anterior. O aumento da taxa de crescimento do PIB pode ser atribuído, principalmente, ao crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo e ao aumento do consumo privado, que foram beneficiados pelo aumento do crédito e da massa salarial.
Como avaliação geral, cabe destacar que, apesar da melhoria dos indicadores do nível de atividade econômica e da estabilidade de preços, a combinação de déficit em transações correntes e déficits nominais, associada à manutenção de taxas de juros elevadas e câmbio valorizado, não constituem em bons fundamentos para a obtenção de taxas de crescimento elevada em boas condições de sustentabilidade econômica.
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n. 44
Este Boletim de Conjuntura Econômica, elaborado pelos alunos do curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá, analisa o comportamento de diversos indicadores econômicos no quarto trimestre/2009, com o fechamento do ano, e o primeiro trimestre/2010.
Na área fiscal, em razão das isenções tributárias aplicadas pelo governo para conter os efeitos adversos da crise sobre a economia, verificou-se queda na arrecadação de diversos tributos federais durante o ano de 2009. O resultado só não foi negativo devido ao aumento das receitas da Previdência Social, que compensou a queda dos demais tributos federais, contribuindo para que o resultado em 2009 praticamente se igualasse ao de 2008. De outro lado, as despesas do governo federal continuaram se elevando ao longo do ano. No primeiro trimestre/2010 houve recuperação da arrecadação federal, em razão do crescimento da produção industrial e do nível de emprego, assim como o aumento das despesas. No entanto, o governo já anunciou corte no orçamento para tentar conter a elevação dos gastos públicos e desacelerar a economia, visando conter pressões inflacionárias.
Na área monetária, durante o ano de 2009, o Banco Central reduziu a taxa Selic em cinco pontos percentuais, tendo fechado o ano em 8,75%. Houve reduções nas taxas de juros finais e nos spreads, sobretudo para pessoa física. O estoque de crédito alcançou 45% do Produto Interno Bruto (PIB). Ressalta-se o constante aumento das operações de crédito no país, impulsionado, principalmente, pela competição entre bancos públicos e privados, além de um aumento do processo de inclusão bancária de parte da população com a incorporação de novos clientes de menor risco. Destaca-se, também, o forte crescimento do crédito para as famílias, em especial do crédito consignado e dos financiamentos habitacionais. No mercado de capitais, em 2009, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) conseguiu recuperar as perdas de 2008. No entanto, para o primeiro trimestre/2010, o desempenho da bolsa brasileira foi muito tímido em razão do aumento da aversão ao risco dos investidores em um cenário de incertezas devido à situação fiscal de alguns países europeus.
No setor externo, a conta de transações correntes teve um resultado negativo de U$$24,30 bilhões em 2009, que foi financiado pela entrada de capital estrangeiro, tanto direto quanto em carteira. O resultado do balanço de pagamentos, positivo em U$$46,65 bilhões, demonstra a reversão da tendência de saída de capitais do país observada no último trimestre/2008, quando houve o agravamento da crise financeira, principalmente em relação aos investimentos em carteira, que apresentaram saldo negativo de U$$15,95 bilhões. A taxa de câmbio teve valorização de 25,5%, fechando o ano em R$1,74 em razão do retorno dos capitais externos influenciados pelo comportamento positivo dos fundamentos econômicos do país.
Em 2009 os preços mantiveram-se bem comportados. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação no país, registrou variação de 4,3%, e, portanto, a meta de inflação de 4,5% foi cumprida. A taxa de inflação em 2009 ficou abaixo da de 2008 (5,9%). A crise econômica contribuiu para este resultado, pois houve menor demanda externa por alimentos, o que evitou reajustes maiores de preços destes produtos no mercado doméstico. Além disto, tiveram importância a valorização da moeda doméstica e a redução do Produtos Industrializados (IPI). No entanto, os dados para o primeiro trimestre/2010 mostram uma certa elevação dos índices de inflação, que já começaram a ser combatidas pelo conservadorismo do Banco Central do Brasil através de elevações da taxa de juros Selic nas reuniões de abril e junho.
Para o setor agropecuário, as expectativas são positivas tendo em vista que as projeções apontam para elevação da produção, tanto pelo aumento da produtividade quanto da área plantada. Em relação ao trigo, a situação não é boa já que tem havido aumento do consumo, queda na produtividade e não há perspectivas de crescimento da produção brasileira. No subgrupo carnes, destaque para o aumento expressivo da produção de frango e as projeções apontam para a expansão do comércio com melhoras no preço.
Quanto à atividade econômica, os dados mostram que apesar da queda de 0,2% do PIB em 2009, comparativamente ao do ano de 2008, a economia brasileira apresentou uma forte recuperação a partir do último trimestre de 2009, favorecida pelas medidas anticrise adotadas pelo governo que beneficiaram, especialmente, o consumo das famílias. O mercado de trabalho apresentou um bom desempenho, com reduções nas taxas de desemprego em relação ao início do ano, e aumento da massa salarial e dos rendimentos. As perspectivas de crescimento do PIB para 2010 continuam positivas, apesar da reversão, no primeiro trimestre/2010, de algumas políticas utilizadas para estimular a economia durante a crise, tais como elevação das alíquotas de compulsórios e fim dos descontos no IPI de vários bens, além dos aumentos da taxa básica de juros.
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n. 43
Dando continuidade à análise do número anterior, o Boletim de Conjuntura Econômica nº 43 procura identificar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira e os primeiros sinais de sua recuperação.
Neste Boletim são analisados os dados do terceiro trimestre/2009, comparativamente ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2008. Pela primeira vez, é apresentada uma análise da evolução das principais variáveis da economia americana. O texto foi elaborado por estudantes de graduação da Bryant University dos Estados Unidos, orientados por um professor daquela instituição.
Nas contas públicas verificou-se a continuidade da queda na arrecadação federal, com exceção da receita da previdência que registrou aumento. No terceiro trimestre/2009 as receitas dos Estados também registraram pequena queda, que só não foi maior em razão do aumento com as receitas do IPVA. Por outro lado, as despesas do governo central continuaram aumentando, tanto em relação ao trimestre anterior quanto em comparação com as do ano de 2008. Como consequência, confirmou-se o processo de deterioração dos resultados fiscais e aumento da dívida pública.
Em relação à política monetária, o Banco Central do Brasil manteve a taxa Selic em 8,75%. Houve redução nas taxas de juros finais, apesar de ainda continuarem acima das taxas vigentes antes da crise. A oferta de crédito continuou aumentando no período e atingiu 45,7% do PIB em setembro/2009. Teve destaque o aumento do crédito com recursos direcionados, incluindo as operações realizadas pelo BNDES. No mercado de capitais também houve indicação de recuperação da economia, pois o índice Bovespa registrou valorização de 19,53% no trimestre e de 63,8% no ano.
O Balanço de Pagamentos brasileiro apresentou no terceiro trimestre/2009 o melhor resultado após as instabilidades no mercado internacional desde 2008, registrando um saldo de US$17,69 bilhões decorrente, em grande parte, do retorno de recursos externos via investimentos em carteira. Por outro lado, a corrente de comércio exterior registrou retração em relação à do ano anterior, embora o saldo da Balança Comercial continue positivo. O saldo em Transações Correntes continuou negativo no trimestre, embora menor que o do segundo trimestre. O principal saldo positivo no Balanço de Pagamentos foi o da conta capital e financeira, que contribuiu decisivamente para o resultado final das contas externas do país. Como consequência, houve elevação das reservas internacionais no terceiro trimestre/2009. A taxa de câmbio registrou apreciação da moeda nacional, em relação ao dólar, contribuindo positivamente para o controle da inflação.
A inflação continuou sob controle no período analisado. A variação acumulada do IPCA ficou em 0,63% no trimestre e 3,21% no acumulado no ano. Mais uma vez o IGP-DI registrou queda, tanto no trimestre quanto no acumulado até setembro.
Para o setor agropecuário, existem expectativas de aumento na produção mundial de grãos em razão, principalmente, de condições climáticas favoráveis. Em relação ao setor de carnes, persiste a queda de preços iniciada com a crise financeira internacional. A valorização do câmbio também afetou a rentabilidade dos produtores e exportadores, indicando a necessidade de conquistar novos mercados para esses produtos.
Até o fechamento deste Boletim os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre/2009 não foram divulgados. Porém, todas as projeções são de crescimento do PIB e da produção industrial no trimestre analisado, em relação aos dados do trimestre anterior. Já em relação ao ano anterior, o PIB deverá continuar em queda, tanto no terceiro trimestre quanto no acumulado até setembro. Estes resultados deverão indicar que a recuperação da economia brasileira é um fato concreto, porém lento, a ser convertida em crescimento anual nos próximos trimestres.
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n. 42
O Boletim de Conjuntura Econômica de número 42 tem como tema central analisar os impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, as medidas de política econômica adotadas pelo governo e os primeiros resultados obtidos. Para tanto, são analisados os principais indicadores da economia brasileira no primeiro semestre de 2009, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Os alunos de graduação do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá, participantes do “projeto conjuntura”, já apresentaram e debateram esse tema por ocasião da Semana do Economista da UEM, realizada no último mês de setembro, despertando grande interesse nos participantes do evento.
Na área fiscal, em conseqüência da crise e das medidas adotadas pelo governo brasileiro, houve queda na arrecadação de tributos e aumento dos gastos públicos, resultando em forte deterioração dos resultados fiscais. O governo promoveu redução na alíquota do IPI de vários produtos, redução do IOF e mudanças na tabela do imposto de renda, abrindo mão de parte da receita prevista. Por outro lado, aumentou fortemente os gastos com pessoal, as despesas com a previdências e com os programas sociais. Essas medidas consideras anticíclicas, impactaram principalmente as contas do governo federal, com redução do resultado primário e aumento nas necessidades de financiamento do setor público e, conseqüente aumento da dívida pública.
A política monetária também foi utilizada como instrumento para amenizar os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira. O Banco Central promoveu a redução da taxa de juros selic. Foram registradas quedas nos juros finais, tanto para pessoas físicas, como jurídicas. Houve aumento do crédito na economia, mais fortemente do crédito consignado, de responsabilidade direta dos bancos públicos. O governo utilizou esses bancos com instrumento para aumentar a oferta de crédito, reduzir os spreads e a taxa final de juros. As medidas adotadas na área monetária também podem ser classificadas como anticíclicas, pois tiveram impacto sobre a demanda final na economia.
O comportamento da inflação não foi significativamente afetado pela crise internacional. O Banco Central manteve a política de controle da inflação, através do sistema de Metas, e as taxas de juros só foram reduzidas depois de verificada uma tendência de redução da inflação. No período analisado houve redução de preços, principalmente no atacado. Tanto o comportamento recente da inflação medida pelo IPCA, como as projeções dos agentes econômicos indicam que a meta de inflação para o ano de 2009 deverá ser atingida com segurança.
As contas externas da economia brasileira foram diretamente afetadas pela crise financeira internacional. O Fluxo de comércio internacional diminuiu, com queda tanto nas exportações, como nas importações. Apesar desse comportamento, no último trimestre analisado registrou-se aumento no saldo da balança comercial e do balanço de pagamentos. A recuperação do balanço de pagamentos em um cenário de crise pode ser explicada pela volta dos investimentos estrangeiros diretos e dos investimentos em carteira. Nos últimos meses dois movimentos foram marcantes: o aumento do saldo de reservas internacionais e a apreciação da moeda nacional. Esses resultados levam à conclusão que a economia brasileira suportou bem os impactos da crise internacional.
A conjuntura agropecuária foi afetada pela crise, via preços dos principais produtos. Com exceção do preço do açúcar, todos os outros produtos analisados no período, registraram fortes quedas nos preços, como soja, milho, trigo, café, aves, suínos, bovinos e etanol.
A atividade econômica apresentou sinais de recuperação no segundo trimestre de 2009, quando comparado ao trimestre imediatamente anterior. O PIB apresentou crescimento de 1,9% no trimestre, liderado pelos setores indústria e serviços. Pelo lado da demanda, explicam esse crescimento o aumento do consumo das famílias e as exportações. Porem, quando comparado o resultado no trimestre com o mesmo período do ano anterior, constata-se uma queda no PIB de 1,5%. Esses dados indicam que a economia brasileira esta em uma trajetória de recuperação do crescimento econômico, que deverá se consolidar apenas no próximo ano.
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n. 41
A publicação do Boletim de Conjuntura Econômica de número 41, elaborado por alunos de graduação do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá, coincide com a divulgação pelo IBGE dos dados relativos ao PIB no primeiro trimestre de 2009.
Pelo segundo trimestre consecutivo a economia brasileira registrou retração, caracterizando o que se convencionou chamar de “recessão técnica”. Pelo lado da produção, a indústria registrou a maior queda; em relação aos componentes da demanda, houve forte queda nos investimentos e no comércio exterior. Contudo, a demanda interna representada pelo consumo das famílias e da administração pública, registrou pequena elevação, o que evitou maior queda do PIB no período. Esses resultados refletem o dinamismo do mercado interno brasileiro e os efeitos das políticas econômicas adotadas.
A política fiscal pode ser caracterizada como expansionista: houve forte crescimento dos gastos correntes do governo, apesar da queda registrada nas receitas. As receitas com os tributos federais caíram mais fortemente, como conseqüência do menor nível de atividade econômica e da desoneração fiscal seletiva implementada pelo governo em alguns setores da economia. Como conseqüência, registrou-se no período uma deterioração da contas públicas: forte queda no Resultado Primário, elevação da Necessidade de Financiamento do Setor Público e tendência de aumento da Dívida Pública.
O Banco Central do Brasil iniciou no período uma flexibilização da política monetária, com a redução da taxa Selic, redução dos depósitos compulsórios, expansão dos meios de pagamentos e do crédito, especialmente do crédito direcionado, através do BNDES e outros Bancos Públicos. Em conjunto com a política fiscal, a política monetária adotada pode ser interpretada como uma política anti-cíclica com o objetivo de amortecer os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira.
Nas contas externas, houve acentuada retração na corrente de comércio exterior, em quase sessenta bilhões de dólares, como reflexo da crise internacional. Contudo, a Balança Comercial encerrou o trimestre com superávit de três bilhões, em razão da queda mais forte nas importações. Apesar do resultado positivo na Balança Comercial, houve déficit em Transações Correntes, não totalmente compensado pela Conta Capital e Financeira. Desta forma, o resultado final do Balanço de Pagamentos no trimestre foi negativo. Apesar da crise financeira internacional, a economia brasileira manteve um nível elevado de reservas internacionais no primeiro trimestre de 2009. O câmbio nominal manteve-se praticamente estável no trimestre, embora tenha registrado uma depreciação de 32,0% quando comparado com março de 2008.
A inflação ficou sob controle no primeiro trimestre de 2009. A variação dos principais índices de custo de vida ficou bem próxima, entre 1,11% e 1,23% no trimestre. Por sua vez, o IGP-DI registrou queda, o que leva à expectativa de menor inflação futura. O comportamento dos preços no período analisado foi um fator importante na decisão do COPOM de redução da taxa básica de juros da economia brasileira.
A análise do desempenho do setor agropecuário demonstra, de modo geral, queda nos preços das principais commodities, com reflexo nas receitas com exportação. Desta forma, o agronegócio que vinha sendo um dos principais motores das contas externas, tem seu papel diminuído. No entanto, a perda das receitas com exportações, tem sido compensada, em parte, pela demanda interna.