Mundo problemático e os desafios de organização da experiência educativa nos problemas complexos incertos

  • Ibrahim Camilo Ede Campos Universidade Federal de Alagoas
  • Walter Matias Lima Universidade Federal de Alagoas
Palavras-chave: filosofia da educação; pedagogia e educação; sistemas pedagógicos; pedagogia do problema.

Resumo

O presente artigo objetiva apresentar o modelo de organização da experiência educativa segundo a pedagogia do problema de Michel Fabre (1948-), filósofo francês, com foco na problematização das questões sociais polêmicas. Diante dos desafios de um mundo problemático que interroga os sujeitos educativos em relação ao conteúdo, ao modo e ao tempo das relações ensino-aprendizagem, cabe à Educação fornecer ao aluno e desenvolver junto a ele duas instrumentalidades metafóricas interdependentes que atinem à organização bussolar e cartográfica da experiência. A bússola representa a funcionalidade cognitiva e metodológica que estrutura formalmente o processo de problematização. O suporte cartográfico constitui o substrato material e cultural desse processo, a permitir a localização, a orientação e a discriminação de limites dos itinerários educativos a serem percorridos pelo discente, com o auxílio do docente. Na problematização das questões sociais polêmicas, a associação de múltiplas coordenadas éticas, científicas, políticas, econômicas e culturais aos saberes racionais e estáveis ensinados e reproduzidos na escola altera o conjunto das condições e dos dados mobilizados para a construção ou para a resolução do problema. O tratamento dessas questões complexas enfrenta obstáculos reducionistas contra os quais se propõe uma estratégia educativa metodológica respeitosa da pluralidade de posições argumentadas e divergentes. Em um ethos escolar democrático e avesso a injuntividades normativas, tampouco receptivo a relativismos que impeçam a abertura dialógica da experiência fundada na intersubjetividade, educar para a problematização da vida em sociedade implica o dimensionamento regulatório e prudencial dos fatos e dos valores nela imersos. Esse exercício, a ser realizado conjuntamente pelos sujeitos educativos, propicia ao discente, diferentes possibilidades de percursos e de escolhas conducentes à autoconstituição ética, mister indeclinável neste mundo problemático.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Bauman, Z. (2008). Medo líquido. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor.

Fabre, M., & Musquer, A. (2009). Les inducteurs de problématisation. Les Sciences de l'Éducation - Pour l'Ère Nouvelle, 42(3), 111-129. DOI: https://doi.org/10.3917/lsdle.423.0111

Fabre, M. (2002). Jules verne humaniste? Le Télémaque, 21(1), 7-10. DOI: https://doi.org/10.3917/tele.021.0007

Fabre, M. (2005). Deux sources de l'épistémologie des problèmes: Dewey et Bachelard. Les Sciences de l'Éducation - Pour l'Ère Nouvelle, 38(3), 53-67. DOI: https://doi.org/10.3917/lsdle.383.0053

Fabre, M. (2009). Qu’est-ce que problématiser? Genèses d’un paradigme. Recherches en Éducation, (6), 22-32. DOI: https://doi.org/10.4000/ree.4093

Fabre, M. (2011a). Est-il possible d'éduquer dans un monde problématique? Revue Internationale de Philosophie, 257(3), 97-118.

Fabre, M. (2011b). Éduquer pour un monde problématique: la carte et la boussole. Paris, FR: Presses Universitaires de France.

Fabre, M. (2014a). Introduction générale: un changement de paradigme. In M. Fabre, A. Weil-Barais, & C. Xypas (Orgs.), Les problèmes complexes flous en éducation: enjeux et limites pour l’enseignement artistique et scientifique (p. 13-17). Louvain-la-Neuve, BE: De Boeck Supérieur.

Fabre, M. (2014b). Le flou des questions socialement vives. In M. Fabre, A. Weil-Barais, & C. Xypas (Orgs.), Les problèmes complexes flous en éducation: enjeux et limites pour l’enseignement artistique et scientifique

(p. 19-35). Louvain-la-Neuve, BE: De Boeck Supérieur.

Fabre, M. (2016a). Vivre et éduquer sans absolu. Le Télémaque, 50(2), 41-46. DOI: https://doi.org/10.3917/tele.050.0041

Fabre, M. (2016b). Le sens du problème: problématiser à l’école? Louvain-la-Neuve, BE: De Boeck.

Fonseca, F. P. (2004). A inflexibilidade do espaço cartográfico, uma questão para a geografia: análise das discussões sobre o papel da Cartografia (Tese de Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Fonseca, F. P., & Oliva, J. (2013). Cartografia. São Paulo, SP: Melhoramentos.

Houssaye, J., & Fabre, M. (2005). Peut-on parler d’une problématisation pédagogique? Recherche et Formation, 48(1), 107-117. DOI: https://doi.org/10.3406/refor.2005.2067

Joly, F. (2013). A cartografia (15a ed.). Campinas, SP: Papirus.

Toussaint, R. M. J., & Lavergne, M.-H. (2005). Problèmes complexes flous en environnement et pensée réflexive d’élèves du sécondaire. ASTER, (40), 39-66. DOI: https://doi.org/10.4267/2042/8855

Xypas, C. (2014). Avant-propos. In M. Fabre, A. Weil-Barais, & C. Xypas (Orgs.), Les problèmes complexes flous en éducation: enjeux et limites pour l’enseignement artistique et scientifique (p. 7-12). Louvain-la-Neuve, BE: De Boeck Supérieur.

Publicado
2021-09-14
Como Citar
Campos, I. C. E., & Matias Lima, W. (2021). Mundo problemático e os desafios de organização da experiência educativa nos problemas complexos incertos. Acta Scientiarum. Education, 43(1), e51694. https://doi.org/10.4025/actascieduc.v43i1.51694
Seção
História e Filosofia da Educação