O desafio de significar o passado: o ensino da história medieval no Brasil
Resumo
Os profissionais que lecionam História, em qualquer nível em que seu magistério se exerça, estão cada vez mais ameaçados em sua atividade e desafiados numa sua condição de exercício essencial – a mobilização do público – por um crescente sentimento de desprezo pelo passado, em especial os mais remotos, no quadro de sociedades capitalistas que só se reconhecem em projeções para o futuro. A esse dedicamos, cada vez mais, o nosso maior sentimento de empatia! O ‘desmanche cotidiano no ar de toda e qualquer expressão de solidez histórica’ nos livra da sensação do peso do tempo sobre nossas costas, acelerando a história num presente que é vivido como mudança constante que só nos vincula ao futuro, só nos projeta à frente, ao vir a ser. A historicidade parece cada vez mais residir na ficção científica, e o tempo pretérito nos romances que celebram um mundo perdido ou que talvez nem tenha existido! Tendo em vista este cenário, impõe-se aos historiadores em geral, e aos medievalistas (e antiquistas!) em particular, refletir sobre as condições, perspectivas, práticas e sentidos do estudo e da docência de nossas ‘fatias de duração do tempo’ em todos os níveis do ensino no Brasil. Como é o presente e qual será o futuro deste passado na formação intelectual dos brasileiros?
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