Pedagogia histórico-crítica e educação integral: reflexões sobre a formação humana emancipatória
Resumo
Na sociedade em que vivemos, estruturada sob o modo de produção capitalista, a educação expressa os movimentos contraditórios que emergem do processo das lutas entre classes, além das disputas de projetos antagônicos. Tudo isso nos desafia a desmistificar o que chamamos de realidade com o auxílio de um referencial teórico e metodológico. Nesse sentido, analisamos a pedagogia histórico-crítica e a educação integral na perspectiva da emancipação humana, por meio de estudo bibliográfico fundamentada na visão crítica da sociedade capitalista, embasada no materialismo histórico e dialético. Inferimos que a Educação integral vai além de um redesenho curricular, mas exige uma mudança cultural no sentido de unificar método e metodologia de ensino de modo a ampliar a capacidade do aluno de compreender suas mediações, determinações e possibilidades históricas e assim promover uma formação omnilateral, capaz de oferecer as condições necessárias a promoção da emancipação social, visa ao desenvolvimento potencial das múltiplas capacidades humanas e à compreensão política da condição histórica das classes trabalhadoras, sob capitalismo. Nesse sentido, a educação insere-se, pois, na sociedade, sendo por ela determinada, mas participa desse movimento contraditório. O saber se converteu com a sociedade capitalista, em força produtiva, em meio de produção; e, como nessa sociedade os meios de produção são propriedade privada, reafirmamos a dificuldade que a sociedade capitalista tem de estender o saber para todos na perspectiva da formação integral considerando a necessidades de investimentos nas questões estruturais da escola, que, contraditoriamente, vem sendo deixada de lado pelas reformas educacionais implementadas. Na perspectiva da pedagogia histórico-crítica, pedagogia fundada historicamente no entendimento da especificidade da escola e na relevância do trabalho de tal instituição, será possível mediante um desenvolvimento cultural, humano e emancipatório. Nesse sentido, a escola pode contribuir para a superação da ordem vigente, que mantém as desigualdades sociais, buscando, dessa maneira, uma sociedade socialista na direção de uma sociedade sem classes.
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