A relevância da escrita e a oficialização do uso da língua portuguesa na documentação régia de Portugal no tempo de D. Dinis (1279-1325)
Resumo
O principal objetivo desse artigo consiste em promover uma reflexão acerca da relevância da oficialização da língua portuguesa na documentação régia da administração de D. Dinis, como uma das principais estratégias de fortalecimento do poder da coroa lusitana nesse período. Visto que Frei Francisco Brandão em Monarquia Lusitana, emite destaque à ação do rei de ordenar a tradução de diversas obras em outras línguas ao português e ao interesse dionisino de enriquecer a língua vulgar e seu uso em Portugal. Esse monarca assumiu o reino num período conturbado para a coroa portuguesa, visto que seu genitor havia descumprido alguns acordos com o poder eclesiástico em benefício da coroa e territorialidade lusitana. Deste modo lhe restara reestabelecer a paz e animosidade com o poder espiritual e tirar o reino do interdito papal, bem como inspirar confiabilidade e segurança à sociedade de seu tempo. O modo administrativo e diplomático dionisino o conduziu à criação de uma identidade que possibilitasse a unicidade entre os portugueses. Destarte, os fios das relações que se amarram e dão forma as ações governamentais de D. Dinis, abrem caminhos para evidenciarmos a existência de um processo de identificação nacional, constituído por meio da instituição do português como língua oficial dos registros da documentação régia, delimitação das fronteiras e busca efetiva da autonomia régia, nos âmbitos político e econômico.
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