A recepção do pensamento de Deleuze, Guattari e Deleuze-Guattari na pesquisa educacional brasileira: décadas iniciais
Resumo
O artigo em questão almeja apresentar um breve panorama dos movimentos de difusão e apropriação do pensamento de Gilles Deleuze (1925-1995) no campo das pesquisas em Educação, levando em consideração tanto sua obra individual quanto aquela escrita em parceria com Félix Guattari (1930-1992), contextualizando os distintos momentos do processo de recepção do pensamento desses autores e considerando unicamente as suas décadas iniciais (1980-2000). Para tanto, procedemos com a análise de um extenso arquivo bibliográfico compilado ao longo de nossa pesquisa de mestrado e doutorado, levando em consideração o início da recepção desses autores na década de 1980, integrando o grupo de teóricos ‘pós’ – pós-crítico, pós-estruturalista ou pós-modernos –, até a autonomização das pesquisas deleuzianas e/ou deleuzo-guattarianas na década de 2000, quando do surgimento de uma preocupação com questões de cunho metodológico no interior desses estudos. Defendemos não ser possível compreender o modo como se deu a recepção do pensamento deleuziano, guattariano e deleuzo-guattariano no campo educacional sem levarmos em consideração certos contextos maiores, como aquele instaurado com a crise do paradigma crítico na década de 1980, e entendemos que as pesquisas em educação que se filiam ao diapasão teórico da ‘Filosofia da diferença’ adquirem proeminência e autonomia apenas quando se recusam a combater o paradigma crítico e passam a construir ferramentas metodológicas próprias.
Downloads
Referências
Alliez, E. (2015). Deleuze no Brasil. Cadernos de Subjetividade, 1(esp.), 197-200.
Aquino, J. G. (2018). Foucault e a pesquisa educacional brasileira, depois de duas décadas e meia. Educação & Realidade, 43(1), 45-71. DOI: https://doi.org/10.1590/2175-623661605
Aranha, L. (1992). Pedagogia histórico-crítica: o otimismo dialético em educação. São Paulo, SP: Educ.
Benedetti, S. C. G. (2007). Entre a educação e o plano de imanência de Gilles Deleuze e Félix Guattari: uma vida... (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
Borges, B. I. (1987). Os sentidos da crítica. Educação e Filosofia, 2(3), 61-79.
Carvalho, A. F., & Camargo, A. C. (2015). Guattari e a topografia da máquina escolar. ETD – Educação Temática Digital, 17(1), 107-124. DOI: https://doi.org/10.20396/etd.v17i1.8634821
Carvalho, J. C. P. (1985). A dimensão do imaginário na problemática organizacional da educacional. Revista da Faculdade de Educação da USP, 11(1), 19-42.
Carvalho, J. C. P. (1987). O imaginário e o pensamento organizacional na obra de Edgar Morin: seus fundamentos antropológicos. Revista da Faculdade de Educação da USP, 13(1), 43-89.
Castro, N. C. B. (1993). Questões discursivas: retomando algumas considerações. Educação e Filosofia, 7(13), 33-44.
Corazza, S. M. (1996) Labirintos da pesquisa, diante dos ferrolhos. In M. V. Costa(Org.), Caminhos investigativos I: novos olhares na pesquisa em educação (p. 103-128). São Paulo, SP: DP&A Editora.
Corazza, S. (2012). Método Valéry-Deleuze: um drama na comédia intelectual da educação. Educação & Realidade, 37(3), 1009-1030.
Corazza, S. M. (2002). Por um inferno em educação: Nietzsche, Deleuze e outros afins. Belo Horizonte, MG: Autêntica.
Corazza, S. M. (2017). Docência-pesquisa da diferença: poéticas do arquivo-mar. Porto Alegre, RS: Doisa, UFRGS.
Costa, M. V. (1996a). Caminhos investigativos I: novos olhares na pesquisa em educação. São Paulo, SP: DP&A Editora.
Costa, M. V. (1996b). Introdução: novos olhares na pesquisa em educação. In M. V. Costa (Org.), Caminhos investigativos I: novos olhares na pesquisa em educação (p. 13-22). São Paulo, SP: DP&A Editora.
Cusset, F. (2008). Filosofia Francesa: a influência de Foucault, Derrida, Deleuze & Cia. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.
Deleuze, G. (1988). Diferença e repetição. São Paulo, SP: Graal.
Deleuze, G. (2007). Conversações: 1972-1990. São Paulo, SP: Editora 34.
Deleuze, G. (2009). Lógica do sentido. São Paulo, SP: Perspectiva.
Deleuze, G. (2010). Proust e os signos. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.
Deleuze, G. (2012). Bergsonismo. São Paulo, SP: Editora 34.
Deleuze, G. (2015). Lettres et autres textes. Paris, FR: Les Éditions de Minuit.
Deleuze, G. (2017). Nietzsche e a filosofia. São Paulo, SP: N-1 Edições.
Deleuze, G., & Guattari, F. (1992). O que é a Filosofia?. São Paulo, SP: Editora 34.
Deleuze, G., & Guattari, F. (1998). Mille Plateaux. Paris, FR : Les Éditions de Minuit.
Deleuze, G., & Guattari, F. (2010). O Anti-Édipo. São Paulo, SP: Editora 34.
Deleuze, G., & Parnet, C. (2004). Diálogos. Lisboa, PT: Relógio D’Água.
Derrida, J. (2004). O que quer dizer ser um filósofo francês hoje?. In J. Derrida, Papel-máquina (p. 305-314). São Paulo, SP: Estação Liberdade.
Dosse, F. (2010). Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografias cruzadas. Porto Alegre, RS: Artmed.
Escobar, C. H. (1991). Apresentação. In C. H. Escobar (Org.), Dossier Deleuze (p. 7-8). Rio de Janeiro, RJ: Hólon Editorial.
Escobar, P. (1982, 5 de setembro). As mil planícies de Guattari. Folha de São Paulo, p. 5.
Fabbrini, R. N. (1993). O ensino de filosofia: uma arte da multiplicação dos signos?. Educação e Filosofia, 12(6), 125-127.
Fonseca, T. M. G. (1999). A subjetivação na perspectiva da diferença: heterogênese e devir. Educação e Realidade, 24(1), 61-72.
Favaretto, C. F. (1992). Sobre o ensino de filosofia. Revista da Faculdade de Educação, 19(1), 97-102.
Gallo, S. (1999). Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar. In N. Alves, & R. L. Garcia (Orgs.), O sentido da Escola (p. 15-36). Petrópolis, RJ: DP&A Editora.
Gauthier, J. (1999). O que é pesquisar – entre Deleuze-Guattari e o candomblé, pensando mito, ciência, arte e cultura de resistências. Educação & Sociedade, 20(69), 13-33.
Goto, R. (1989). O ceticismo de Hume. Educação e Filosofia, 4(7), 1-5.
Guattari, F. (1982). Guattari entrevista Lula. São Paulo, SP: Brasiliense.
Guattari, F., & Rolnik, S. (2010). Micropolíticas: cartografias do desejo. Petrópolis, RJ: Editora Vozes.
Marinho, C. M. (2014). Filosofia e educação no Brasil: identidade e diferença. São Paulo, SP: Edições Loyola.
Novelino, A. M. (1988). Maternidade: um perfil idealizado. Cadernos de Pesquisa, 65(1), 21-28.
Paraíso, M. A. (2004). Pesquisas pós-críticas em educação no Brasil: esboço de um mapa. Cadernos de Pesquisa, 34(1), 283-303.
Paraíso, M. A. (2005). Currículo-mapa: linhas e traçados das pesquisas pós-críticas sobre currículo no Brasil. Educação & Realidade, 30(1), 67-82.
Passos, E, Kastrup, V., & Escóssia, L. (2012a). Apresentação. In E. Passos, V. Kastrup, & L. Escóssia (Orgs.), Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade (p. 8-18). Porto Alegre, RS: Sulina.
Passos, E, Kastrup, V., & Escóssia, L. (2012b). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre, RS: Sulina.
Rocha, M. E. M. (2022). Bourdieu à Brasileira. Recife, PE: Confraria dos Ventos.
Saviani, D. (2021). Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo, SP: Editores Associados.
Silva, T. T. (1995). O projeto educacional moderno: identidade terminal. In A. Veiga-Neto (Org.), Crítica pós-estruturalista e educação (p. 245-260). Porto Alegre, RS: Sulina.
Silva, T. T. (1994). O sujeito da educação: estudos foucaultianos. São Paulo, SP: Editora Vozes.
Silva, T. T. (1993). Teoria educacional crítica em tempos pós-modernos. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.
Veiga-Neto, A. (1995). Prefácio. In Veiga-Neto, A. (Org.). Crítica pós-estruturalista e educação (p. 7-9). Porto Alegre, RS: Sulina.
Vinci, C. F. R. G. (2014). Deleuzo-guattarianas: experimentações educacionais com o pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
Vinci, C. F. R. G. (2016). O pensamento pós-estruturalista na pesquisa educacional brasileira: um possível itinerário. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação, 14(27), 42-58.
Vinci, C. F. R. G. (2019). Lenta-voragem: experimentação e prudência nas pesquisas educacionais deleuzo-guattarianas (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
Vinci, C. F. R. G., & Ribeiro, C. R. (2015). Implicações midiáticas e acadêmicas nos modos de apropriação do pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari para o debate em educação no país. ETD-Educação Temática Digital, 17(1), 125-141.
Vinci, C. F. R. G., & Ribeiro, C. R. (2022). Das missivas aos modos. Revista Portuguesa de Educação, 35(1), 189-207.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o compartilhamento (cópia e distribuição do material em qualquer suporte ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais).
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.





































