Desobediência, insubmissão e radicalidade em pesquisas em educação
Resumo
Uso este texto para refletir criticamente sobre a trajetória de formação científica em diferentes itinerários formativos por universidades públicas, especialmente as sul-mato-grossenses. Orientações de iniciação científica, orientações de trabalhos de conclusão de cursos de graduação, especialização e de mestrado, grupos de pesquisas, projetos de ensino e de extensão, uma série de atividades que justificam a razão social de uma universidade. A ocupação destes espaços permitiu problematizar: a ciência dialoga assertivamente com sujeitos de lugares não moralistas? Aqueles em que os efeitos moralistas de padronização para o ser, existir e pensar não deram certo? Com este problema, tomo a ciência como um manifesto contra-hegemônico de uso objetificado de sujeitos das diversidades feitos por pesquisadores(as). Enquanto abordagem teórico-metodológica, abarco epistemes decoloniais, não normativas, que propõem o uso de práticas desobedientes e insubmissas para catalogar diferentes metodologias e práticas científicas que caminham na contramão dos efeitos de normalização, sem perder o foco da integridade científica e ética das pesquisas em educação e em diversidades. Abordo, então, perspectivas de pesquisadoras cujas identidades sociais distanciam-se do universo de referência predefinido pelos processos de normalização (branco, macho, heterossexual, elitizado, casado, católico). Proponho valorar práticas de sujeições desobedientes, insubmissas e radicalizantes, vistas como sujas sob os olhares dos efeitos do padrão de poder cisheteroterrorista, para contribuir com a tentativa de construir outros possíveis para as práticas de pesquisas em diversidades e em educação sem perder de vista a integridade acadêmica e ética.
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