Um mergulho no silêncio: o mistério da aula de História

  • Gabriel Torelly Universidade Federal de Santa Catarina
  • Nilton Mullet Pereira Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Palavras-chave: imaginação; criação; ensino de história.

Resumo

Este artigo é uma provocação ao pensamento decorrente de duas propostas de pesquisa: uma que pensa o papel da imaginação no ensino de História e outra que se ocupa dos limites da linguagem na perspectiva teórica das filosofias da diferença. Situado nesta intersecção temática, via revisão bibliográfica, trata do silêncio e do mistério como elementos articuladores da aula de História, considerando o silêncio como conceito que permite um olhar não referencial para a sala de aula, tomando esse espaço como multiplicidade de forças criadoras. Objetiva-se acentuar o elemento criativo em contraposição ao elemento reativo, o que é demonstrado por meio de uma problematização da linha do tempo, entendida como dispositivo de controle dos corpos e da duração. A sala de aula reveste-se, assim, de uma natureza mista, constituída tanto por atualizações e individuações que delimitam as possibilidades formais de temporalização como por virtualidades que se insinuam a fim de romper os estratos formais e produzir diferença. O mistério é o que acontece em uma aula de História que tem o silêncio como elemento gerador. Por fim, o elemento gerador dessa aula de História, o silêncio, é considerado condição de possibilidade para acontecimentos.

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Publicado
2021-08-04
Como Citar
Torelly, G., & Pereira, N. M. (2021). Um mergulho no silêncio: o mistério da aula de História . Acta Scientiarum. Education, 43, e48735. https://doi.org/10.4025/actascieduc.v43i0.48735
Seção
História e Filosofia da Educação