O Processo civilizatório no contexto da sociedade burguesa e o corpo: desafios à educação
desafios à educação
Resumo
O texto objetiva refletir sobre o processo civilizatório na sociedade burguesa, sobre suas implicações em relação ao corpo e sobre os desafios que esse contexto apresenta à educação. O referencial teórico ampara-se na teoria crítica da sociedade, nas ideias de Theodor Adorno e Max Horkheimer. Para esses autores, o processo civilizatório promove uma razão de característica dominadora e autocrática, impassível à esfera sensível da vida, na medida em que a civilização se sobrepõe à natureza, na tentativa de proteger-se dela. O processo civilizatório exige o sacrifício e a renúncia dos sujeitos, que precisam abdicar do prazer e de sua identidade em prol dos interesses do sistema. Sendo assim, o prazer é destituído de sua forma genuína e se realiza de forma substitutiva, sob a mediação da indústria cultural. O sacrifício que o processo civilizatório exige do eu, recai sobre a relação do indivíduo com o seu corpo, sendo a indústria cultural uma referência preponderante na construção da imagem corporal, instituindo modelos de beleza, de dieta, de exercícios e de comportamentos. A dialética negativa, característica da abordagem teórica eleita, incide sobre a crítica imanente do processo civilizatório, pois este, além de implicar o sacrifício e a renúncia, também implica a exploração da heteronomia. A conscientização sobre a exploração planificada do corpo consiste no papel da educação, assim como a constituição de um imaginário corporal resistente aos modelos de corpo idealizado pela indústria cultural e a assunção da identidade corporal, própria de cada pessoa.
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