A formulação das políticas públicas para a educação inclusiva nos países periféricos sob a égide dos organismos internacionais

Palavras-chave: política educacional; inclusão em educação; neoliberalismo; banco mundial; movimento de educação para todos (EPT).

Resumo

A pesquisa objetiva demonstrar de que forma os organismos internacionais, mais especificamente o Banco Mundial, influenciam na formulação das políticas públicas inclusivas no Brasil. Trazemos uma breve contextualização histórica acerca da importância da Educação Inclusiva no Brasil e de que forma ela vem sendo atravessada pela política neoliberal no país no contexto de crise estrutural do capital. Este estudo utilizou como metodologia, as pesquisas bibliográfica e documental. Analisamos as declarações resultado das Conferências de Jomtien (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco], 1990), de Direitos Humanos (1993), de Salamanca (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco], 1994), da Guatemala (Organização das Nações Unidas [ONU], 1999), de Brasília (Brasil, 2008) e de Incheon (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco], 2015). No âmbito das políticas públicas no Brasil, trazemos a Constituição Federal (Brasil, 1988), a LDB 9394/96 (Brasil, 1996) e o Plano Nacional de Educação (PNE/2014). A materialidade tem-nos mostrado, nos resultados e discussões, que as políticas públicas para a Educação Inclusiva seguem as determinações do Movimento de Educação Para Todos (EPT). A partir de 1984, o Banco Mundial passou a liderar a pasta das políticas educacionais, que antes ficava a cargo da UNESCO, tratando a educação não mais como apenas um direito social, mas sobretudo, como interessante mercadoria de alta possibilidade de geração de lucros, portanto, os empréstimos realizados na área educacional estavam atrelados a condicionalidades que dependiam de uma série de negociações que desdobravam em cláusulas financeiras, gerenciais e fixação de diretrizes educacionais, como apontam as pesquisas de Fonseca (2000). Concluímos que apesar de existirem diversas leis que regulamentam a inclusão das pessoas com deficiência nos mais diversos espaços da sociedade, essas leis ainda não são, de fato, efetivadas em sua totalidade e que as questões socioeconômicas têm um importante papel no que diz respeito às melhores possibilidades de desenvolvimento das pessoas com deficiência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Banco Mundial. (2022a). O Banco Mundial no Brasil. Disponível em https://www.worldbank.org/pt/country/brazil

Banco Mundial. (2022b). Quem somos. Recuperado de https://www.worldbank.org/en/about/history

Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo, SP: Saraiva.

Brasil. (1996). Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF. Recuperado de https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

Brasil. (2015). Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência. Recuperado de https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

Brasil. Ministério da Educação. (2010). Conferência Nacional de Educação – CONAE/2010: Documento Final. Brasília, DF: Ministério da Educação. Recuperado em https://pne.mec.gov.br/images/pdf/CONAE2010_doc_final.pdf

Brasil. Ministério da Educação. (2020). Política nacional de educação especial: equitativa, inclusiva e com aprendizado ao longo da vida. Brasília, DF: MEC. Recuperado em https://www.gov.br/mec/pt-br/descontinuado/pnee.pdf

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial (2008). Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, DF: MEC/SEESP. Recuperado de http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

Fonseca, M. (2000). O Banco Mundial e a Educação a distância. In N. L. Pretti (Org.), Globalização & educação (2a ed., Coleção Livros de Bolsa. Série Terra Semeada, p. 116). Ijuí: Unijuí.

Freres, H. D. A. (2008). A educação e a ideologia da empregabilidade: formando para o (des)emprego. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

Hobsbawm, E. (1995). Era dos extremos: o breve século XX:1914-1991. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Lanuti, J. E. D. O. E., & Mantoan, M. T. E. (2021). Como os estudantes considerados com deficiência atrapalham “os demais”?. Revista Ensin@ UFMS, 2(6), 57-67. DOI: https://doi.org/10.55028/revens.v2i6.14708

Leher, R. (1999). Um novo senhor da educação? A política educacional do Banco Mundial para a periferia do capitalismo. Outubro, 1(3), 19-30.

Leher, R., Vittória, P., & Motta, V. C. (2017). Educação e mercantilização em meio à tormenta político-econômica do Brasil. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 9(1), 14-24. DOI: https://doi.org/10.9771/gmed.v9i1.21792

Lustosa, F. G. (2013). Circulação mundial dos discursos éticos, legais e pedagógicos da educação Especial na perspectiva inclusiva. In M. J. M. Cavalcante, P. H. C. Holanda, A. R. P. C. Leão, Z. F. Queiroz, & J. E. C. Araújo (Orgs.), História da educação comparada: missões, expedições, instituições e intercâmbios (Vol. 1, p. 19-589) Fortaleza, CE: Edições UFC.

Mantoan, M. T. E. (2002). Ensinando a turma toda: as diferenças na escola. Pátio, 5(20), 18-28.

Mantoan, M. T. E. (2003). Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer?. São Paulo, SP: Moderna.

Mendes Segundo, D. D. M. (2005). O Banco Mundial e suas Implicações na política de financiamento da educação básica do Brasil: o Fundef no centro do debate (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

Mendes Segundo, D. D. M., & Jimenez, S. (2015). O papel do banco mundial na reestruturação do capital: estratégias e inserção na política educacional brasileira. In J. Rabelo, M. D. M. Segundo, & S. Jimenez (Orgs.), O movimento de educação para todos e a crítica marxista (p. 45-58). Fortaleza, CE: Imprensa Universitária.

Mészáros, I. (2009). A crise estrutural do capital.São Paulo, SP: Boitempo Editorial.

Mészáros, I. (2011). Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo, SP: Boitempo Editorial.

Ministério da Educação. (2014). Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 - Plano Nacional de Educação. Brasília, DF: Ministério da Educação. Recuperado de http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014

Oliveira, F. Â., & Araujo, A. C. B. (2021). Inclusão escolar e neoliberalismo: a quem serve a lógica da normalização, performance e competição?. Olhar de Professor, 24(1), 1-15. DOI:http://dx.doi.org/10.5212/OlharProfr.v.24.18109.088

Organização das Nações Unidas [ONU]. (1948). Declaração universal dos direitos humanos. Recuperado de https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000139423?posInSet=1&queryId=bd00a294-e52d-466e-806d-efab6693e446

Organização das Nações Unidas [ONU]. (1999). Declaração e plano de ação de Guatemala: rumo a uma sociedade para todas as idades. Nova York, NY: ONU. Recuperado de https://iparadigma.org.br/biblioteca/gestao-publica-convencao-da-guatemala-de-1999-convencao-interamericana/

Organização das Nações Unidas [ONU]. (2006). Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. Nova York, NY: ONU. Recuperado de https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/714_1.pdf

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco]. (1990). Declaração de Jomtiem. Declaração mundial sobre educação para todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Jomtiem, Tailândia. Recuperado de https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000086291_por

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco]. (1994). Declaração de Salamanca. Sobre princípios, política e prática em educação especial. Salamanca, Espanha. Recuperado de http://perspectivasustentavel.com.br/pdf/educacao/02_DECLARACAO_DE_SALAMANCA_INCLUSAO_EM_QUESTAO_1994.pdf

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco]. (2015). Declaração de Incheon. Educação 2030: Rumo a uma educação inclusiva e equitativa de qualidade e uma aprendizagem ao longo da vida para todos. In Conferência Mundial sobre Educação 2015 (p. 1-4), Incheon, KR. Recuperado de http://www.punf.uff.br/inclusao/images/leis/declara%C3%A7%C3%A3o_de_incheon.pdf

Rabelo, J., Jimenez, S., & Segundo, M.D. D. M. (2017). As diretrizes da política de educação para todos (EPT): rastreando princípios e concepções In J. Rabelo, S. Jimenez, & M. D. Mendes Segundo (Orgs.), O movimento de educação para todos e a crítica marxista (p. 13-30). Fortaleza, CE: Imprensa Universitária.

Ribeiro, R. R. R. P. C., Bezerra, T.M. C, & Holanda ,T. R. P. (2015). História e política da educação especial: da exclusão à inclusão In G, C. S. Santos, R. R. R. P. C. Ribeiro, R. M. G. Sampaio, & S. E. L. Pinto (Orgs.), Inclusão: saberes, reflexões e possibilidades de uma prática em construção (p. 21-40). Fortaleza, CE: EdUECE.

Shiroma, E. O; Moraes, M. C. M. & Evangelista, O. (2011). Política educacional. Rio de Janeiro, RJ: Lamparina.

Triviños, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo, SP: Atlas.

Publicado
2024-12-06
Como Citar
Sousa, E. A. de, Gonçalves, R. M. de P., Oliveira, D. K. L. de, & Santana, J. S. (2024). A formulação das políticas públicas para a educação inclusiva nos países periféricos sob a égide dos organismos internacionais. Acta Scientiarum. Education, 47(1), e63494. https://doi.org/10.4025/actascieduc.v47i1.63494
Seção
Formação de Professores e Políticas Públicas