Educação e criatividade em tempos de pandemia: possibilidades de ação em uma escola não tradicional
Resumo
O presente artigo apresenta uma análise do desenvolvimento do potencial criativo de crianças em processos de aprendizagem de uma escola que adota um modelo colaborativo de ensino. A pesquisa foi realizada num contexto de Educação Remota Emergencial, durante a pandemia da Covid-19. Compreendendo a criatividade como processo psicológico, social e cultural, foram investigados processos de geração, avaliação, aprimoramento e adoção de ideias para solução de problemas, por parte de estudantes. A investigação se baseia na observação não participante de aulas virtuais. O registro de tais observações foi abordado com base na técnica de análise temática. Foi possível identificar que a solução de problemas, a colaboração e construção coletiva do conhecimento perpassam os processos de desenvolvimento dos estudantes, assim como interagem com fatores cognitivos e ambientais que podem ser inibidores ou facilitadores da criatividade, dependendo da atuação de cada um. Concluiu-se que, mesmo durante o período de isolamento social, no qual a interação virtual foi a principal forma de comunicação e de condução das aulas, a criatividade pôde mudar a forma como os indivíduos se relacionam com o mundo, com os demais sujeitos e consigo próprios. Sendo assim, mesmo com tantas limitações, ou justamente por causa delas, as crianças puderam se tornar mais abertas ao novo, superar dificuldades do momento e se preparar para situações futuras.
Downloads
Referências
Alencar, E. S., & Fleith, D. S. (2009). Criatividade: múltiplas perspectivas. UnB. https://doi.org/10.26512/9788523007577
Baas, M., Koch, S., Nijstad, B. A., & Dreu, C. K. W. De (2015). Conceiving creativity: the nature and consequences of laypeople’s beliefs about the realization of creativity. Psychology of Aesthetics, Creativity, and the Arts, 9(3), 340-354. https://doi.org/10.1037/a0039420
Bardt, C. (2019). Material and mind. MIT Press.
Baruah, J., & Paulus, P. B. (2019). Collaborative creativity and innovation in education. In C. A. Mullen (Ed.), Creativity under duress in education? (pp. 155-77). Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-319-90272-2_9
Beghetto, R. A. (2017). Creativity in teaching. In J. C. Kaufman, V. P. Glăveanu, & J. Baer (Eds.), The cambridge handbook of creativity across domains (p. 549-564). Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/9781316274385.030
Beghetto, R. A. (2023). A new horizon for possibility thinking: a conceptual case study of Human × AI collaboration. Possibility Studies & Society, 1(3), 324-341. https://doi.org/10.1177/27538699231160136
Beghetto, R. A., & Kaufman, J. C. (2014). Classroom contexts for creativity. High Ability Studies, 25(1), 53-69. https://doi.org/10.1080/13598139.2014.905247
Beghetto, R. A., & Madison, E. (2022). Accepting the challenge: helping schools get smarter about supporting students' creative collaboration and communication in a changing world. Journal of Intelligence, 10(4), 80. https://doi.org/10.3390/jintelligence10040080
Benedek, M., Karstendiek, M., Ceh, S. M., Grabner, R. H., Krammer, G., Lebuda, I., Silvia, P. J., Cotter, K. N., Li, Y., Hu, W., Martskvishvili, K., & Kaufman, J. C. (2021). Creativity myths: prevalence and correlates of misconceptions on creativity. Personality and Invidividual Differences, 182, 1-10. https://doi.org/10.1016/j.paid.2021.111068
Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
Castro, A. L. M. B. (2006). O desenvolvimento da criatividade e da autonomia na escola: o que nos dizem Piaget e Vygotsky. Revista Psicopedagogia, 23(70), 49-61. https://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v23n70/v23n70a06.pdf
Eteläpelto, A., & Lahti, J. (2008). The resources and obstacles of creative collaboration in a long-term learning community. Thinking Skills and Creativity, 3(3), 226-240. https://doi.org/10.1016/j.tsc.2008.09.003
Faro, A., Bahiano, M. A., Nakano, T. C., Reis, C., Silva, B. F. P., & Vitti, L. S. (2020). COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos de Psicologia, 37, 1-14. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200074
Formiga Sobrinho, A. B. (2020). When the old becomes the new: how COVID-19 changed potentially creative action on Facebook. Creativity: Theories – Research – Applications, 7(2), 344-370. https://doi.org/10.2478/ctra-2020-0018
Formiga Sobrinho, A. B., & Glăveanu, V. P. (2017). Creativity, communicability and organizational culture: an introduction to the study of hierarchy as both a facilitator and constraint in organizational change. Creativity: Theories – Research – Applications, 4(2), 178-197. https://doi.org/10.1515/ctra-2017-0010
Glăveanu, P. V. (2016). The psychology of creating: a cultural-developmental approach to key dichotomies within creativity studies. In V. P. Glăveanu (Ed.). The Palgrave handbook of creativity and culture research (pp. 205-223). Palgrave Macmillan. https://doi.org/10.1057/978-1-137-46344-9
Glǎveanu, V. P. (2012). Rewriting the language of creativity: the five a's framework. Review of General Psychology, 17(1), 69-81. https://doi.org/10.1037/a0029528
Glăveanu, V. P. (2020). New mobilities and psychology: why are we still not on the move? Europe's Journal of Psychology, 16(2), 186-192. https://doi.org/10.5964/ejop.v16i2.3117
Green, A. E., Beaty, R. E., Kenett, Y. N., & Kaufman, J. C. (2023). The process definition of creativity. Creativity Research Journal, 36(3), 544-572. https://doi.org/10.1080/10400419.2023.2254573
Karwowski, M., Lebuda, I., & Beghetto, R. A. (2019). Creative self-beliefs. In J. C. Kaufman, & R. J. Sternberg (Eds.), The Cambridge handbook of creativity (pp. 396-417). Cambridge University Press. https://doid.org/10.1017/9781316979839.021
Kaufman, J. C., & Glăveanu, V. P. (2022). Positive creativity in a negative world. Education Sciences, 12(3), 193. https://doi.org/10.3390/educsci12030193
Kozbelt, A., Beghetto, R. A., & Runco, M. A. (2010). Theories of creativity. In J. C. Kaufman, & R. J. Sternberg. The Cambridge handbook of creativity (pp. 20-47). Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511763205.004
Lakatos, E. M., & Marconi, M. A. (2003). Fundamentos de metodologia científica. Atlas.
Lubart, T. (2007). Psicologia da criatividade. Artmed.
Lubart, T. (2018). Creativity across the seven Cs. In R. J. Sternberg, & J. C. Kaufman (Eds.), The nature of human creativity (pp. 134-146). Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/9781108185936.012
Lubart, T., & Thornhill-Miller, B. J. (2019). Creativity: an overview of the 7C's of creative thought. In R. J. Sternberg, & J. Funke (Eds.), The psychology of human thought: an introduction (pp. 277-305). Heidelberg University Publishing.
Ministério da Educação. (2020). Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas preseciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus – COVID-19. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376
Morais, M. F., & Miranda, L. C. (2021). Práticas criativas em sala de aula e a criatividade dos docentes: estudo exploratório no ensino básico. Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, 19(3), 61-76. https://doi.org/10.15366/reice2021.19.3.004
Moran, S., & John-Steiner, V. (2004). How collaboration in creative work impacts identity and motivation. In D. Miell, & K. Littleton (Eds.), Collaborative creativity, contemporary perspectives (pp. 11-25). Free Associate Books.
Mozzer, G. N. S., & Borges, F. T. (2008). A criatividade infantil na perspectiva de Lev Vigotski. Revista Inter-Ação, 33(2), 297-316. https://doi.org/10.5216/ia.v33i2.5269
Neves-Pereira, M. S., & Alencar, E. M. L. S. (2018). A educação no século XXI e o seu papel na promoção da criatividade, Psicologia e Educação, 1(1), 1-10. http://psicologiaeeducacao.ubi.pt/revistaOnLine.htm
Osborn, A. F. (1963). Applied imagination: principles and procedures of creative thinking. Charles Scribner’s Sons.
Patston, T. J., Kaufman, J. C., Cropley, A. J., & Marrone, R. (2021). What is creativity in education? A qualitative study of international curricula. Journal of Advanced Academics, 32(2), 207-230. https://doi.org/10.1177/1932202X20978356
Posamentier, A. S., & Krulink, S. (2014). A arte de motivar os estudantes do ensino médio para a matemática. AMGH.
Pulino, L. H. C. Z. (2001). Gestão democrática da instituição de educação infantil: a experiência da “Vivendo e Aprendendo”. Em Aberto, 18(73), 131-135. https://doi.org/10.24109/2176-6673.emaberto.18i73.2143
Runco, M. A. (2023). AI can only produce artificial creativity. Journal of Creativity, 33(72), 1-7. https://doi.org/10.1016/j.yjoc.2023.100063
Santos, M. B., Royer, M. R., & Demizu, F. S. B. (2017). Metodologia de ensino por projetos: levando a prática para o ensino de ciências. Anais do 12º Congresso Nacional de Educação - EDUCERE. Curitiba, PR.
Silva, C. C. & Borges, F. T. (2017). Análise Temática Dialógica como método de análise de dados verbais em pesquisas qualitativas. Linhas Críticas, 23(51), 245–267. https://doi.org/10.26512/lc.v23i51.8221
Van Geert, P. L. C. (2019). Dynamic systems, process and development. Human Development, 63(3-4), 153-179. https://doi.org/10.1159/000503825
Vigotski, L. S. (2012). Imaginação e criatividade na infância. Dinalivro.
Zittoun, T., & Gillespie, A. (2020). Metaphors of development and the development of metaphors. Theory & Psychology, 30(6), 827-841. https://doi.org/10.1177/0959354320939194
Copyright (c) 2025 Asdrúbal Borges Formiga Sobrinho, Leyny Márcia de Oliveira Lopes
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o compartilhamento (cópia e distribuição do material em qualquer suporte ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais).
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.
