Sobre ‘formação’ e trabalho pedagógico dos professores: ‘parece que o vento maneia o tempo’
Resumo
O texto tem como objetivo argumentar sobre ‘trabalho pedagógico’ e ponderar sobre a naturalização da expressão muito recorrente ‘formação de professores’. Marca-se a expressão com aspas para destacar e indicar o quanto um modo de pensar pode ser recorrentemente aplicado, naturalizando-se, e, por isso, sendo pouco questionado quanto à sua existência e aos pressupostos que lhe orientam. Não se trata de um mero substituir expressões, mas, efetivamente, propor sentidos necessários para reconstruir o modo como os professores se relacionam com o que produzem e se entendem profissionais. Os argumentos foram elaborados com base na sistematização de estudos desenvolvidos e pesquisa bibliográfica. Aqueles estudos foram o campo empírico remoto, na medida em que, deles, foram analisados as sistematizações e os registros. Do ponto de vista teórico-metodológico, aplicou-se Análise dos Movimentos de Sentidos, que incluiu o movimento dialético entre síntese-análise-síntese dos sentidos como um ‘perguntar-se sobre’, um ir e vir aos discursos. Assim, este artigo apresenta as concepções de ‘formação de professores’; segue uma abordagem sobre os professores, seu trabalho e os processos de ‘formação’; apresenta-se, ainda, o trabalho dos professores como prática e como práxis. Por fim, colocando em relevo o trabalho pedagógico, argumenta-se que é práxico, superando a prática, como elemento da ‘formação de professores’.
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